Cuidados por um jovem
relojoeiro cristão. Elogio à família, “uma das obras mais belas, mais santas do
nosso mundo”. À sua mulher falta ainda “o único necessário”.
Paris, 1o
de setembro de 1842
Caríssimo Victor,
O Sr. Padre L., que viera me ver em nome do amigo M., vai voltar. Embora seja
um pouco tarde agora para dar-lhe uma carta, como teria querido, rabisco ao
menos estas duas palavras de lembrança, a fim de interromper um silêncio que
você tem a bondade, espero, de achar longo assim como eu.
Seu jovem relojoeiro é um pouco causa disso; depositou sua carta em minha casa
durante minha ausência. Esperava-o, o espero ainda. Fiquei com saudade dele.
Tinha falado dele a dois colegas relojoeiros. Sem dúvida, ele terá achado
depressa uma colocação. Espero que isso será bem, sendo que esse excelente
jovem é cristão e sob a guarda de Deus. Gavard, que entrevejo através das
colunas da rua de Rivoli, me deu algumas vezes notícias suas e da família. Tudo
está para melhor, me assegura ele. Tenho uma alegria extrema por isto. Vocês
merecem tanto, todos, formar uma boa, numerosa e exemplar família, guardando as
tradições, sem desprezo pelo presente. Há poucas desse jeito. É, creio eu, uma
das obras mais belas, mais santas do nosso mundo. Cuide bem, caro amigo, para
que nada a estrague entre vocês, a fim de oferecê-la completa ao Senhor.
Quanto ao meu pequeno lar, está todo disperso: minha mulher está no campo,
há quinze dias e deve ficar até meados de outubro. Ela vai bem ou
quase bem agora. É mais forte do que eu, que me arrasto muitas vezes. Somos,
aliás, crianças bastante boas, meigas uma para a outra. Uma só coisa ainda
falta, infelizmente, é o único necessário e só Deus o dá cedo ou tarde. Não é
verdade, caro amigo? Ele o dará.
Quereria dizer-lhe algumas palavras sobre as conferências que prosperam e
fazem verdadeiramente um pouco de bem, mas é preciso terminar. A algum próximo
correio o resto!
Aqui ainda, porém, as mais ternas afeições para você e sua cara Louise e seus
caros filhinhos, com muita amizade devotada também para seu bom irmão Théodore
e todos os nossos amigos.
A você de todo o coração.
Le Prevost
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