Falecimento de duas de
suas “três velhinhas”. Pede informações sobre as obras sociais lançadas em
Chartres por seu amigo. Descrição da Santa Família de S. Sulpice.
Paris, 18
de setembro de 1844
Meu querido irmão,
Queria há muito escrever-lhe para conversar um pouco, consolação que me é dada
só muito raramente; e também falar-lhe dos pequenos encaminhamentos, em relação
às pobres senhoras, cujo cuidado sobrou para mim.
A morte de Dona Dorne e a de Dona Meslin de que você ficou sabendo, só lhe
deixa a pobre Dona Delatre, como único objeto de suas disposições
caridosas. Entreguei-lhe, como de costume, o dinheiro necessário para seu
último prazo, e apronto-me a entregar-lhe também a importância do prazo que vai
vencer. Estive em casa da Senhorita Montvoisin, para dar-lhe os 9f que ela, por sua vez,
tinha a bondade de lhe levar, em seu nome, a cada trimestre, mas
ela está doente, fora de Paris, e não voltará tão cedo, se todavia sua saúde,
que dizem fortemente esgotada, se restabelecer.
Para não deixar a pobre Dona Delatre sofrer demais, vou dar-lhe eu mesmo essa
pequena importância e lha entregarei também para o trimestre que termina com o
fim do presente mês. Serão, portanto, caro irmão, 50f que você me ficará devendo,
a saber: 16f
para cada trimestre de aluguel e 9f
para cada trimestre também da retribuição mensal.
Não posso, você sabe, receber esse dinheiro como antes, na casa do Sr. seu
irmão em Rouen; deixo portanto à sua sabedoria a escolha do meio que você achar
o melhor para me devolvê-lo.
Não deixe, caro amigo, de me dar notícias desse bom irmão. Teria sido então por
causa da saúde que deixou nossa Normandia? Ele, porém, me tinha parecido com
muito boa saúde; responda-me sobre este ponto interessante e recorde-me à
lembrança desse piedoso e excelente homem que amo bem sinceramente, e por ele e
também por causa de você.
Ficarei também muito feliz se você me disser algumas palavras sobre as obras
cristãs que nosso divino Senhor lhe confiou. O regulamento tão simples e tão
bem concebido que você me enviou me deu a melhor idéia de suas reuniões de
crianças e tenho a confiança de que, com a perseverança, seus cuidados
produzirão frutos bem preciosos.
Quanto a nós, temos experimentado, em St Sulpice, uma obra que chamamos de
Santa Família e que consiste em reunir todos os nossos pobres, homens e
mulheres, cada quinze dias, aos domingos, em uma missa que é celebrada para
eles e onde recebem instruções especiais. Alguns exercícios, de moldes
atraentes, que temos juntado a este fundo essencial conseguiram plenamente
ganhar o coração de nossos pobres. Cada dia de reunião é uma festa para eles,
e, nas ocasiões solenes, o Pentecostes (que tinha sido precedido, graças aos
nossos cuidados, por um retiro particular para eles) e a Assunção, tivemos a
alegria de ver quatrocentos dentre eles, cada vez aproximarem-se conosco da
Santa Mesa. Essas reuniões realizam-se na capela baixa de S. Francisco
Xavier.119
A Missa se diz ao meio dia e trinta minutos, nossos Senhores fazem um pouco de
música na primeira parte; durante o resto do Santo Sacrifício, lêem-se em voz
alta as orações da missa no livrinho La journée du chrétien. Sobre esta obra
muito simples, fácil de ser aplicada e que, há seis meses, ultrapassa todas as
nossas esperanças, lhe darei detalhes mais amplos, para lhe oferecer
condições de também fazer esta tentativa.
Adeus, meu querido irmão, recomendo-me às suas piedosas lembranças e lhe peço
também alguns mémentos no Santo Sacrifício, sobretudo por minha mulher que,
segundo seu costume, nesta época do ano, está atualmente no campo.
Seu, com ternura em Jesus e Maria.
Le Prevost
|