Notícias das
Conferências de Paris e de Chartres. Indulgências pontificais. A Santa-Família
se desenvolve na província.
Paris,
12 de março de 1845
Meu querido irmão,
Há sete anos o Sr. Michelet deixou de ser mestre de conferências na Escola
Normal e os alunos desse estabelecimento não assistem ordinariamente às suas
aulas no Colégio de França. Durante os dois primeiros anos de seus estudos na
Escola, não podem, sob pretexto nenhum, freqüentar cursos exteriores e, durante
o terceiro ano, têm somente licenças raras e excepcionais para esses cursos.
Estas informações, que só pude obter ontem à noite, me vêm de fontes seguras e
você pode ter certeza de sua exatidão.
Agradeço-lhe, em nome de nossa pobre Dona Delatre, as medidas que quer tomar
relativamente aos auxílios que você lhe concede tão fielmente. Se precisar dos 50f em breve, pedirei para
recebê-los da Sra. sua tia, como você me autoriza. Senão, aguardarei a boa
visita que você me promete, que me será bem preciosa, assim como pode pensar.
Dona Delatre tem mais do que nunca necessidade da ajuda de seus antigos amigos:
quase todos os que se interessavam por ela morreram ou se dispersaram.
Sua saúde, aliás, é cada dia pior. Teve ultimamente uma abundante hemorragia de
peito, que deu inquietações, mas ela se restabeleceu bastante depois.
Conserve-lhe, meu querido irmão, seu caridoso apoio e leve até o fim esta boa
obra, uma das melhores e das mais constantes de sua vida cristã.
Fico sabendo com pesar que nossa conferência de Chartres tenha mudado de
direção. Ela estava em mãos perfeitas e não capto daqui as razões de uma tal
revolução. Penso, todavia, que se trata somente de uma modificação realizada
amigavelmente, já que você mantém sempre para nossos amigos sua preciosa e tão
útil cooperação. Quanto a nós, continuamos aqui a caminhar bastante bem. Nosso
venerável Presidente geral cuida de tudo em nossas obras com um ardor de jovem,
mas juntando a isso toda a prudência própria à sua idade e à sua longa
experiência.
Tenho a confiança de que sua passagem entre nós será assinalada por uma
consolidação do bem iniciado e pelo desenvolvimento de todas as nossas obras.
Você já sabe a profusão generosa do Santo Padre para conosco nas indulgências
múltiplas que acaba de nos conceder. Dignou-se de reconhecer a Sociedade de São
Vicente de Paulo, tal como instituída, e a cumulou de graças espirituais extraordinárias.
Você já recebeu, sem dúvida, cópia do Breve de Sua Santidade e terá devidamente
louvado a Deus conosco.
Fico-lhe muito agradecido pela boa lembrança que você dá à nossa Santa Família,
que se sustenta sempre e se torna cada vez mais numerosa. Acabam de estabelecer
uma em Tours; prepara-se uma em Orléans. Talvez, após sua viagem a Paris, você
julgará possível ter uma na sua cidade. Esta obra é simples e pouco dispendiosa
e, consequentemente, de fácil acesso. Se você pensar em juntar-se a nós,
em uma de nossas reuniões, elas realizam-se nos segundos e quartos domingos de
cada mês, eu ficaria particularmente consolado.
Teria mais outros pormenores a lhe dar sobre a obra das crianças que se
organiza sobre novas bases ou, antes, que se desenvolve somente com alguns
melhoramentos, mas o capítulo seria longo; adio as explicações para alguma
próxima ocasião.
Adeus, meu querido irmão, neste momento estou precisando bem particularmente de
suas orações por mim e por minha pobre casa; pense em nós no Santíssimo
Sacrifício e peça que o Senhor se digne de manejar nossos corações como lhe
aprouver.
Seu nos corações de Jesus e Maria
Le Prevost
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