Falecimento de Dona
Delatre, a última das “três velhinhas”.
Paris, 26 de junho de 1845
Meu querido irmão,
Tenho tristes notícias a dar-lhe a respeito de nossa boa Dona Delatre. Antes de
ontem à noite, vieram me avisar que ela havia sido encontrada no seu quarto,
desmaiada, embora ainda respirando. Os vizinhos, não vendo nada melhor a
fazer, para dar-lhe prontos socorros, a levaram ao asilo da Caridade, onde
foi imediatamente acolhida. Apressei-me, desde ontem, para chegar até lá a fim
de ver essa pobre senhora e assegurar-lhe todos os cuidados que podia reclamar
sua posição; mas fiquei sabendo que ela havia falecido sem ter recobrado os
sentidos. Deram-lhe a extrema-unção, sem poder fazer nada mais por causa do
estado em que se encontrava.
A retidão habitual de seu coração, seus longos sofrimentos, sua resignação e o
hábito que tinha das coisas santas nos deixam cheios da esperança de que ela
encontrará junto ao Senhor a paz e a felicidade que gozou pouco sobre a
terra.
Tomamos as medidas necessárias para que essa pobre mulher seja sepultada
cristamente. Seu enterro realizar-se-á amanhã, sexta-feira, às 8 horas e meia
da manhã. Apresso-me, meu querido irmão, em dar-lhe estes pormenores, bem certo
do terno e caridoso interesse que terá por eles. Não lhe peço oferecer o
Santíssimo Sacrifício pelo descanso de sua alma, sabendo bem que seu primeiro
pensamento se voltará para esse lado.
Sempre pensei que seu comportamento tão dedicado e tão caridoso para com essa
pobre senhora tinha sido uma das fontes das bênçãos que o Senhor derramou sobre
você e que daí, talvez também, havia provindo a vocação santa que o fez o
ministro do Senhor. Possa a pobre alma que você tantas vezes consolou intervir
por sua vez junto ao Mestre de toda consolação e lhe obter suas mais caras
bênçãos.
Recomendo-me às suas boas orações e sou na caridade de N.S.
Seu bem afeiçoado irmão
Le Prevost