Desenvolvimento da
Comunidade. O Sr. Maignen tem o desejo de entrar nela. O Sr. Myionnet suporta
sozinho o peso das obras. Solidez de sua vocação. O Sr. Le Prevost quer
dissipar a dúvida sobre o consentimento dado por sua mulher. Ele se abandona a
Deus, mas vive esse tempo dos começos como uma dolorosa provação.
Paris, 8 de julho de 1845
Monsenhor,
O Sr. Padre Choyer134 nos tendo, há bastante tempo já, anunciado seu
próximo retorno a Angers, tínhamos adiado até agora o envio de nossas respostas
às cartas que Sua Grandeza se dignou nos escrever, na mesma data, ao Sr.
Myionnet e a mim; mas os adiamentos se prolongando além de nossa espera, não
queremos deixar mais tempo interrompida uma correspondência tão amena e tão
preciosa para nós.
Gostaria, Monsenhor, de dar-lhe aqui algumas notícias bem decisivas sobre a
constituição de nossa cara obra, sobre seus desenvolvimentos e seu futuro, mas
apraz até agora ao Divino Senhor deixar seus desígnios na sombra e exercer-nos
na espera e na paciência. Um excelente jovem cuja piedade, bom espírito,
caráter agradam muito ao bom irmão Myionnet e a mim se apresenta para o noviciado,
mas ele ainda não está absolutamente livre e alguns laços de família o retêm
ainda para um pouco de tempo. O Sr. Padre Beaussier, que o dirige e tem para
com ele um terno interesse, julgará sua vocação e indicará o momento oportuno
de lhe responder, se é o caso.
Quanto a mim, Monsenhor, ainda nada de bem definido também; obtive por
escrito um sim que Sua Grandeza julgava, com o Sr. Beaussier, de primeira
necessidade, mas não me pareceu certo que esse consentimento foi dado sem
descontentamento; aguardo que os fatos venham tirar toda espécie de dúvida a
esse respeito; as previsões são favoráveis e as determinações o serão
igualmente segundo toda aparência. Recomendo-me portanto de novo, Monsenhor, às
suas orações a fim de que Deus se digne manifestar-me sua santa Vontade.
Quanto ao excelente Myionnet, primeira pedra posta por Monsenhor em nosso
edifício, permanece até aqui firme e sólido sobre seu alicerce. Ele ora,
medita, estuda e trabalha alternativamente, em proporções felizes, parece-me,
para cada exercício; queixa-se somente um pouco de que a obra cuja carga lhe é
imposta não seja, desde agora, assumida por um ou dois irmãos que aliviariam
seu fardo. Um bom número de membros da Sociedade de São Vicente de Paulo
prestam-lhe, é verdade, uma ajuda cheia de zelo e de benevolência, mas eles não
podem ser bastante exatos e bastante assíduos nos seus ofícios respectivos,
para que o bom irmão não guarde alguma solicitude. Isso atrapalha, diz ele, seu
recolhimento, no estudo e na oração, embora consagre a ambos o tempo que sua
sabedoria havia marcado. Espero que este inconveniente seja só passageiro e que
logo, de uma ou outra forma, a ajuda de que ele sente necessidade lhe será
dada.
Evitamos, aliás, Monsenhor, considerar nos começos felizes do patronato
um objetivo já atingido; não poderíamos parar por ali e ver nisso o término de
nossos esforços. Esta obra, como todos os demais trabalhos que poderiam nos
suceder, não passará, espero, de um meio para realizar o pensamento bem mais
alto e sério que enche nossos corações; mas experimentamos todos os dias que,
em semelhante caminho, o Deus cioso deixa pouca ação própria aos que ele se
digna de introduzir nele: andamos, passo a passo, como ele nos conduz, sem que
dependa de nós irmos mais depressa e dominar a situação. Procurando bem,
examinando escrupulosamente o passado, não achamos nada omitido, nada
descuidado voluntariamente, nada que tenhamos que lamentar como escapado por
nossa culpa e por falta de vigilância; talvez o Senhor queira nos mostrar até
aqui nossa fraqueza e nossa incapacidade, e aguarda, após ter recebido a
confissão dessa pobreza, para conceder-nos sua força e agir conosco.
Monsenhor, que há muito tempo Deus tornou poderoso em obras, que Ele colocou
entre seus pontífices e os eleitos do santuário, dando-lhe graça e missão para
aconselhar, exortar e amparar, digne-se continuar nos aconselhando, nos
encorajar por sua caridade e nos conceder sobretudo suas orações. Com um tal
apoio, não iremos esmorecer, continuaremos na santa confiança dos apóstolos no
Cenáculo e, em qualquer hora que o Espírito desça, nossas almas estarão abertas
para recebê-lo.
Tenha a bondade de aceitar, Monsenhor, a homenagem do respeito e da profunda
gratidão com os quais sou
Seu muito humilde e muito obediente servo e filho em N.S.
Le Prevost
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