Gratidão pela sua
generosidade em deixar-lhe mobília.
3 de novembro de 1845
Muito lhe agradeço, querida amiga, por ter deixado para o meu uso muitos de
seus móveis; isso me prova que você vela sempre com interesse sobre o que pode
me ser útil e fico-lhe muito grato por isso. Eu não gostaria, no entanto, que
você sofresse nenhuma privação com isso, pois os armários que estão no apartamento
bastariam plenamente para todas as minhas necessidades, sem precisar dos outros
móveis.
A
biblioteca, em particular, poderia lhe ser útil, muito mais do que a mim.
Ficaria muito contente se você a tomasse. Os meus livros, que eu tinha colocado
fora, podem ser colocados nos armários. Eu tinha deixado sobre as prateleiras
as obras que me pareciam poder lhe convir, o Chateaubriand em particular, que você
aprecia mais do que os outros. Lamento muito você não as ter levado consigo e
lhe peço que me diga se você quer que eu os mande para você.
Mando-lhe desde agora o açucareiro e alguns pequenos objetos de prata que não
me serviriam de maneira alguma. Espero que você não se recusará a servir-se
deles, pois eu mesmo usarei, pelo menos até minha mudança, muitos objetos que
lhe pertencem.
Terei de lhe entregar por estes dias os 2000f do Sr. de Flers. Seu advogado me escreveu
que ele estaria em condições de reembolsar essa quantia.
Adeus, querida amiga, conserve-me sua benevolência, muito desejei esta
consolação, espero que não me seja recusada. A você muito cordialmente.
L.P.
P.S. Acabo de receber a notícia de que minha
pobre mãe foi atingida estes dias de paralisia em todo um lado do corpo; um tal
acidente na idade dela me atormenta muito. Se seu estado piorar, partiria
imediatamente. Ela se oferece à sua lembrança.
L.P.
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