Notícias da saúde
declinante de sua mãe. Como testar a vocação e as aptidões intelectuais dos
futuros membros de seu Instituto.
Duclair,
13 de novembro de 1845
Meu querido irmão,
Não pude responder eu mesmo à sua carta; tristes notícias que recebi da
Normandia me obrigaram a partir precipitadamente para cuidar de minha pobre mãe
que acaba de ser golpeada de paralisia em todo um lado do corpo; avisavam-me
que o médico, após ter declarado em primeiro lugar que não havia perigo
imediato, tinha recentemente reconhecido que os acidentes se tornavam mais
graves e que não havia tempo a perder para me chamar. Você julga, caro amigo,
com que pressa parti: duas horas após a recepção da carta, estava na estrada e
à noite, às 6 horas e trinta, chegava perto de nossa querida doente.
Encontrei-a um pouco aliviada, ou pelo menos com uma febre menos violenta, mas
sempre no mesmo estado de paralisia, e sem esforço nenhum da natureza: uma
energia interior que poderia nos tranqüilizar. Há 20 dias, minha pobre mãe que
está, você sabe, com 83 anos de idade, não tomou absolutamente nada senão
algumas colheradas de refrigerante que passam bem dificilmente e sem nenhum
gosto. O médico não me esconde que esse estado não poderia se prolongar sem
esgotar as poucas forças que sobram à doente, e vejo bem, eu mesmo, que a
situação é grave, mas entrego tudo nas mãos do Senhor que nos envia e nos chama
de volta segundo seu bel-prazer para sua glória e nossa felicidade. Minha boa
mãe, de resto, guardou toda sua presença de espírito; de manhã ela me faz
ajoelhar perto de sua cama para dizer-lhe em alta voz uma pequena oração que
ela acompanha e que até repete comigo; à noite, desempenho o mesmo ofício com
uma grande consolação para ela, e durante o dia faço-lhe uma leitura piedosa
que ela aprecia também muito. Essas disposições e a vida laboriosa e cristã de
minha excelente mãe me enchem de esperança, senão para o tempo, pelo menos para
a eternidade. Recomendo, caro amigo, bem particularmente esta querida doente às
suas orações, e tenho toda a certeza que elas não poderiam lhe faltar.
O Sr. de Messey, caro amigo, deve ter escrito a você de novo para dar-lhe todos
os pormenores que você pode desejar sobre a pessoa que ele lhe propôs. Pedi-lhe
para fazer isso, ao menos por uma palavra que lhe escrevi às pressas antes de
minha saída. O Pe. Milleriot, jesuíta139, que conhece esse jovem, pensa
que há nele indícios de uma vocação ainda não bem definida e que ele poderia
passar utilmente perto de você um ano ou dois para se esclarecer mais
completamente. Um jovem eclesiástico, que sua saúde impede de ficar no
Seminário do Santo Espírito onde havia entrado, me escreveu também na véspera
de minha saída que ele se decidiria a chegar perto de você, se você quisesse
aceitá-lo. Não o conheço, mas ele me foi apresentado por um padre respeitável;
respondi que você tinha outras proposições, das quais era preciso esperar o
desfecho; enfim, dei a mesma resposta a um jovem leigo que me mandou o Sr.
padre Ledreuille. Estou com falta total de informações sobre ele e isso seria
um assunto a esclarecer atentamente nos próprios locais; seu exterior parece
mais ou menos satisfatório. Seu rosto é cansado, não sei se é devido à doença,
às privações ou a alguma outra causa; não pude interrogá-lo o bastante para
julgar. Durante minha ausência, não pareço muito em condições, com meu grande
pesar, caro amigo, de acompanhar esse assunto; no entanto, estaria disposto a
fazer, por correspondência, tudo o que você achasse útil.
O Sr. de Messey (o conde Henri de Messey, 82 rua de Grenelle) fará o que você
lhe disser, caro amigo, com o pequeno noviço que a Providência lhe enviou para
nossa casa; agradeço-lhe a terna solicitude que demonstra por ele e auguro bem
de um irmão que nos chegará por suas mãos. Creio, caro amigo, que é desejável
que este bom menino, cultivado um ano ou dois por você, acabe de testar sua
vocação. Acho, aliás, que é um bom pensamento, o de fazer-lhe continuar seus
estudos, se tiver alguma aptidão. A ciência é um instrumento precioso que serve
grandemente para fazer o bem; jamais os nossos saberão demais, se eles se
mantiverem humildes ao mesmo tempo que esclarecidos; procure fazer com que,
caro amigo, seu pequeno noviço seja um e outro ao mesmo tempo e o acolheremos
mais tarde de braços abertos.
Não temos novidade alguma para esta obra, caro amigo, senão que ela tem sua
vida em nossos corações e, acredito também, em várias outras almas; mas isso
caminhará devagar com provação e pena, nós o estamos prevendo, e teremos,
espero, graças em proporção das dificuldades. Peça-o a Deus, caro irmão, no
seio de quem temos entregue este pensamento com um ardente desejo da vê-lo
contribuir à sua glória.
Seu bem ternamente em N.S.
Le Prevost
|