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Jean-Léon Le Prevost
Cartas

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  • Cartas 101 - 200 (1843 - 1850)
    • 136 - ao Sr. Maignen
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136 - ao Sr. Maignen

Agradecimentos pela afeição que lhe testemunhou por ocasião do falecimento de sua mãe. Abandonar-se à vontade de Deus para o presente e para o futuro.

 

Duclair, 11 de dezembro de 1845

            Caro, caríssimo filho, sua voz suave e terna chega até mim com cada uma de suas palavras e vai diretamente ao fundo do coração de seu velho pai, para consolá-lo e devolver a serenidade à sua alma. Agradeço-lhe mais uma vez, caro amigo, tudo o que seu bom coraçãozinho de filho achou de criativo e de amável durante esse longo mês de sofrimento para suavizar sua amargura; agradeço sobretudo a Deus por isso, ele que, tendo formado esse coração com tanta bondade, dignou-se de me dá-lo como compensação de tantos outros afagos de que minha vida está desprovida. Estimo tanto esse doce tesouro, caro filho, para não me queixar da parte que me é feita e sinto em mim nesta hora unicamente sentimentos de amor e de gratidão. Você tem razão, caro filho, suas cartas são bem melhores que as minhas, mas o que podia eu tirar de um pobre coração, em que  o Senhorderramava dia e noite  aflições e dor. Tudo o que teria sabido fazer teria sido associá-lo mais intimamente às minhas tristezas, mas, não sei se esta disposição me é particular ou se a partilho com todos, é-me impossível encontrar expansão numa tristeza viva e profunda, parece-me que isso é uma coisa grave e sagrada que não suporta o emprego das palavras. Pouco a pouco as tristes imagens enfraquecerão, as impressões e lembranças serão menos vivas e a calma habitual voltará; mas deve-se deixar esta obra ao tempo e não tocar muito nela até lá. Segunda-feira foi-me preciso levar sozinho, com alguns amigos de minha irmã, bem pouco conhecidos por mim, minha bem-amada mãe à sua última morada; depois, empenhei-me em fazer observar com precisão sua localização, em cercá-la e orná-la um pouco; amanhã, cuidarei de terminar alguns negócios que interessam minha irmã e seus filhos, e depois de amanhã, sábado, livre desses grandes deveres, partirei para me reunir a você, caro filho, ao irmão e aos nossos amigos. Este mês que acabo de passar esteve cheio de penas e de cuidados dolorosos, mas impregnado também constantemente de paz e de consolação interior, porque sentia claramente que eu estava onde me queria a vontade do Senhor, que eu andava em sua presença, cumprindo as coisas para as quais ele me chamara. Meu único desejo seria que o resto da minha vida fosse assim, e, se tenho certa inquietação sobre o futuro, provém unicamente do medo de não enxergar bastante nitidamente o que o Senhor pede a seu pobre servo. Mas esse medo é mau e anuncia um coração por demais desconfiado das misericórdias e do terno amor de Deus. Não apraz ao divino Pai dizer, com tanto tempo de antecedência, a seus filhos o que ele entende prescrever-lhes, mas, se eles querem se abandonar à sua conduta, dia a dia, ele lhes distribui, com o pão que os nutre, a luz que os esclarece e os conduz; eu me entrego em suas mãos, sem nada querer, sem pensar, sem prever; o sopro de meu Deus me levará ao lugar que será melhor para mim. Não tenho intenção nenhuma, caro filho, de começar um retiro na minha chegada, nem, sobretudo, de afastar meu filho querido de quem sinto, ao contrário, uma grande necessidade; utilizarei, para rezar e para procurar com o Sr. Beaussier a vontade de Deus, alguns dias após minha chegada, e vou abster-me de retomar parte até o fim do mês em nossos trabalhos caridosos, mas adiarei o retiro propriamente dito para um outro tempo que seria determinado em conjunto com o irmão Myionnet, se a Deus aprouver.

     Sábado, caro filho, farei uma parada em Rouen, para ver meu sobrinho em sua pensão e só chegarei em Paris, pela estrada de ferro, por volta  das 6 horas da noite. Tinha bem pensado em dizer-lhe que precisava vir ali para me encontrar; mas, por reflexão e por diversas razões que lhe explicarei, prefiro que você venha me encontrar pelas 8 horas em casa para passar comigo o resto da noite. Tenha a bondade, caro filho, de livrar-se de seus negócios da loteria, a fim de estar inteiramente disponível. Você fará bem, talvez, em falar de minha chegada somente ao irmão; pelas 9 horas e trinta iremos vê-lo e dizer com ele a oração; será o modo de recomeçar bem nossa vida. Gostaria também que pedisse ao meu porteiro para avisar Dona Malenie de minha volta, a fim de que me prepare o jantar para as 7 horas.

 

            Adeus, caro filho, continue a rezar por minha boa mãe. Agradeço a você, assim como ao irmão e aos nossos amigos sua diligência em mandar dizer uma missa. Ponhamos assim sempre em comum nossas afeições, caro filho, tristes ou felizes: elas são pesadas demais para um só coração; Deus o previu, quando ele manda às pobres almas cargas tão pesadas, ele as mede, não para uma sozinha, mas para várias ligadas juntas e ternamente unidas; meu doce filho, que a sua e a minha resultem em uma só e que outras ainda conosco se fundam em uma santa e pura união com Deus, por Deus e para Deus.

 

            Seu com ternura em J. e M.

 

                                               Le Prevost

 




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