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Jean-Léon Le Prevost
Cartas

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  • Cartas 101 - 200 (1843 - 1850)
    • 148 - ao Sr. Myionnet
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148 - ao Sr. Myionnet

O Sr. Le Prevost aspira à vida regular de oração e de caridade, que oferece toda comunidade religiosa. Não ceder ao desânimo apesar da lentidão dos inícios. Não levar em conta seus gostos, mas avançar juntos na noite da .

 

Duclair, 23 de agosto de 1846

 

            Meu caríssimo irmão,

 

            Eis que estou uma vez mais longe de você, pela última vez, espero; essa concessão feita à minha saúde, deverá, queiramos ou não, se organizar a partir de Paris. Estou decidido a suportar ali tudo o que aprouver ao bom Deus mandar-me, sem mais corridas e deslocamentos. Tanta movimentação e distração prejudica o recolhimento e, se o corpo  encontra alguma pequena vantagem, o espírito não saberia nada ganhar com isso. Ora, só  temos que cuidar do corpo para o serviço da alma e não podemos esquecer esta, para pensar unicamente no outro. Fiz, faz algum tempo, é verdade, a triste experiência da impotência do espírito quando os órgãos estão atingidos, mas sobra, no entanto, alguma energia à vontade, para consentir no sofrimento e resignar-se às humilhações que a impotência traz consigo. Espero que o Senhor não me abandonará e me fará encontrar forças em minha própria enfermidade. Uma coisa, aliás, me impede, meu querido irmão, de respirar em paz o ar dos campos, é o pensamento de que você mesmo teria necessidade de descanso e que minha ausência o impede de tomá-lo; penso também que você está sozinho, que nossos pequenos exercícios, fraco começo de uma ordem regular em nossa querida Comunidade, estão interrompidos e que você sofre por isso como eu. Este laço tão fraco em aparência já é poderoso para mim. Sinto aqui que me faz falta, e entristeço-me um pouco ao ver adiados tanto e tantas vezes nossos planos de vida comum, sonhos de seu coração e do meu. Veremos, enfim, sua realização, caro amigo? Será dado a nós, a ambos, contemplarmos ao nosso redor alguma imagem dessa vida de oração, de santa união, de paz e de caridade que se saboreia nas Comunidades regulares e que parece a mais alta harmonia, a execução menos imperfeita dos desígnios de Deus sobre a terra? Não ouso quase esperá-lo, vendo as dificuldades dos nossos inícios; mas creio de bom grado que nossos esforços poderão dar o sinal a outros, preparar-lhes o caminho e iluminá-los sobre sua vocação. Essa missão, se Deus dignar-se de no-la dar, é grande ainda. Desbravaremos o solo, outros nele semearão e colherão frutos. Seria mais suave para você, que gosta tanto da ordem e do recolhimento da vida monástica, procurar uma existência tranqüila e piedosa em alguma Casa bem estabelecida, firmada na disciplina e guardando as antigas tradições; seria melhor também para mim, cuja vida foi triste e perturbada, abrigar-me em algum asilo menos perto do mundo, para nele encontrar as doçuras do retiro. Mas não temos que consultar nossas conveniências e nossos gostos; podemos servir a Deus mais utilmente, creio, no caminho espinhoso e rude onde sua sabedoria nos colocou. É preciso permanecermos nele com constância, repousando-nos n’Ele para a orientação e o progresso de nossas almas.

 

            Na minha chegada aqui, avisei minha irmã de que minha estada perto dela seria mais ou menos prolongada, segundo as mensagens que receberia de Paris e que determinariam o momento de minha partida; ficaria, portanto, livre para acompanhá-lo, meu caro irmão, se o julgasse bom, na pequena viagem que se propõe fazer para descansar e que, sem dúvida, você não deverá adiar demais, para evitar a estação ruim. A zona rural ainda está muito linda aqui, mas gozei pouco dela desde minha chegada, pois a chuva tem caído todos os dias. Hoje, o tempo parece melhor, mas o sol é de queimar e me queixaria dele tanto como da chuva, se não estivéssemos de acordo que se deve aceitar o tempo como Deus o faz.

 

            Vou esperar com impaciência uma carta sua. Você estava um pouco cansado no momento de minha partida; desejo ficar bem certo de que você está melhor presentemente. Assegure todos os nossos amigos de minhas ternas afeições, o excelente Sr. Deslandes em particular, a quem queria escrever estes dias e que, talvez, tendosaído, nem poderá receber essas poucas palavras de boa lembrança. Peço-lhe, caro irmão, que escreva uma palavra ao Sr. Foulon, a fim de que apresse nosso negócio das contribuições; é o momento favorável, em minha ausência, para acabar com isso; de outra forma, encontrando-me sempre ali, os agentes das contribuições terão a vontade de me taxar de novo, na rua do Regard.

 

            Mal retomei aqui meus hábitos; são precisos alguns dias em cada deslocamento para se refazer e achar o tempo conveniente de cada exercício. Salvo o ofício que recito bem fielmente e a Santa Missa que não omito, rezo bastante mal e não me sinto suficientemente recolhido. Após minha volta perto de você, concentrarei todas as minhas forças para tornar minha vida a mais regular possível e recolocar-me mais constantemente na presença de Deus. Você me ajudará nisso, caro irmão, e do meu lado também esforçar-me-ei por edificá-lo um pouco. Assim apoiados um no outro e sustentados sobretudo pela graça de Deus, seguiremos nosso caminho e atingiremos o objetivo.

 

            Esquecia de dizer-lhe que minha saúde está mais ou menos no mesmo estado; o bom ar me faz algum bem, mas estou sempre fraco e muito abatido; é preciso ter paciência e viver assim.

            Adeus, meu querido irmão. Rezo todos os dias fielmente por você; reze também por mim e acredite no terno devotamento com o qual sou, nos Corações de J. e M.

 

            Seu irmão afeiçoado

 

                                               Le Prevost

                       

            Fale de mim ao nosso excelente Sr. Beaussier e assegure-o de meu bem respeitoso apego. Não esqueça também de dizer algumas palavras por mim ao Odulphe, nosso irmão servo. Adeus ainda.

 




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