Condições para
propagar a estátua da Santa Família. Evocação dos favores espirituais de seus
colóquios em
Saint Valéry-em-Caux.
Duclair,
28 de agosto de 1846
Caríssimo Confrade e amigo,
Sua cartinha datada de 21 de agosto, remetida por você ao Sr. Laurençot, foi
sem dúvida esquecida no Ministério, pois me chega somente hoje, dia 28.
Apresso-me em dar-lhe a informação que você me pede.
Temos a propriedade da estátua da Santa Virgem; foi feita expressamente para a
Santa Família, pelo Pe. Jehan e dada por ele à obra. Portanto, podemos vender
seus exemplares à vontade. Não capto bem a natureza do pedido feito ao Micheli.
Os comerciantes que querem exemplares de nossa estátua desejam pura e
simplesmente comprá-los? Nesse caso, não vejo inconveniente nenhum em
vender-lhes pelo preço que Micheli e o Sr. Froget aconselhariam determinar, mas
que não pensaria dever ser menos do que 5f, sendo que o Sr. Micheli, da Rua Guenégaud,
os vendia a 10f
e que os comerciantes teriam assim um lucro notável. Se pedem somente para
pegar esta estátua em depósito, não sei se haveria grande vantagem, sobretudo
se não tomam a responsabilidade dos acidentes, em suas entregas para o
interior. De resto, o Sr. Maignen, que muito cuidou dessa estátua e que entende
de acordos desse tipo, poderia decidir com você sobre o que convém fazer.
Você deve ter recebido, terça ou quarta-feira, uma cartinha minha e terá tido a
surpresa de nada encontrar nela sobre este assunto. Você vê agora a
razão, é que sua própria epístola atrasou no caminho. Você me escreverá
logo de novo, espero, para falar-me com mais pormenores dos nossos amigos, de
nossos pequenos trabalhos, de você sobretudo, caro Confrade, de quem estou
feliz por penetrar intimamente, você sabe, o pensamento e o coração. Não é
somente uma doce consolação para os amigos cristãos o expandir-se afetuoso de
um com o outro, é também um precioso meio de se iluminarem reciprocamente e de
se animarem para o bem. Muitas vezes senti-me com melhor disposição depois de
meus colóquios com você, e guardarei uma perpétua recordação das amáveis
conversas de nossa viagem em Saint Valéry. Revejo muitas vezes em espírito os
lugares a que íamos diariamente juntos; refaço pela memória nossas conversações,
nossos diálogos espirituais, ainda ouço sua voz, e a impressão que me fica de
tudo é cheia de encanto e de doce paz; é verdadeiramente um amável
descanso que o bom Deus nos proporcionou durante essas poucas semanas; ele,
mais do que todo o resto, contribuiu para a melhora concreta de minha pobre
saúde. É que a calma do espírito e do coração, quando se mantêm sem esforço
unidos em Deus e numa santa caridade, é um bálsamo poderoso para todas as
dores.
Adeus, caríssimo Confrade, abraço-o com ternura e sou em N.S.
Seu todo devotado irmão e amigo
Le Prevost
Ofereça meus sentimentos respeitosos a seus queridos pais, minhas boas e
devotadas lembranças a nossos amigos.
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