Atividades da
Conferência Saint Sulpice. Cooperação com o patronato São João, no bairro do
Gros-Caillou, em Paris no 7o. O Sr. Le Prevost cuida do ensino do
catecismo a dar às crianças.
Duclair, 4
de setembro de 1846
Meu caríssimo Confrade,
Eis mais uma carta de Duclair; você vai pensar que, estando acostumado a
escrever cada manhã em Paris um certo número de epístolas, resolvi conservar
este costume aqui, para não estragar demais minha mão. Esse motivo não bastaria
para vencer minha indolência e tenho, caro Confrade, melhores causas de
inspiração ao entreter-me com você. Queria, antes de tudo, agradecê-lo por ter
superado suas resistências e ter assumido, na falta do Sr. Deslandes, a
presidência de nossa Conferência. Ninguém mais do que você podia fazê-lo
com zelo e inteligência; por isso, não foi uma surpresa para mim ficar sabendo
que você tinha tido pleno sucesso. Um de nossos amigos, que teve a bondade de
me relatar esse primeiro ensaio de sua administração, me pareceu muito
satisfeito com ele e me assegurou que só estava exprimindo o sentimento geral
da Conferência. Prossiga, portanto, caro amigo, tomando, com sua parte habitual
em nossos trabalhos, esse acréscimo de fadiga e tenha certeza absoluta de que
você já adquiriu totalmente a viva simpatia dos nossos amigos.
Se não temesse acabrunhá-lo, lembrar-lhe-ia a promessa que me fez de uma
visitinha, domingo de manhã, às crianças de São João, obra tão interessante,
dirigida por nosso excelente confrade, o Sr. de Lambel151. Nunca
deixamos, cada ano, de substituí-lo no domingo, durante sua ausência, indo
fazer uma pequena visita aos seus meninos às 10h. da manhã. Eles estão reunidos
nessa hora nos Irmãos do Gros-Caillou, cuja casa fica junto à igreja de São
Pedro. Dirige-se aos pequenos de São João uma curta exortação de vinte minutos
sobre o assunto que se pensa dever escolher: vida de santo, festa, missa,
moral, oração, evangelho, tudo é bom, fica-se inteiramente livre. Você julgará
logo que esta obra seria muito conforme às suas disposições particulares, já
que, fazendo o bem a esses meninos, você teria assim um exercício muito
proveitoso para si próprio. Faz-se também algumas perguntas aos meninos, como
se julga conveniente; querendo, canta-se um cântico com eles e com um bom e
muito bom irmão que toma conta deles, e assim se chega ao final.
Esse pequeno passeio ao Gros-Caillou parecia a mim um amável emprego da
manhã do domingo e eu voltava de lá sempre contente. Se você não puder ir lá
cada domingo, e isso parece, com efeito, impossível por causa da Santa Família,
procure achar algum confrade que o substitua e visite estes meninos, alternando
com você. Devemos, por mil razões, prestar um vivo interesse à obra de São
João, particularmente por causa de nosso querido Confrade, o Sr. de Lambel, que
mostra para nós e para nossas obras uma dedicação e uma caridade que não
saberíamos nunca reconhecer o bastante. Recomendo portanto, caro amigo, esta
lembrança a sua inteira atenção.
Evito a todo o custo ocupar-me à distância com a próxima reunião da Santa
Família; você tem, melhor do que eu, o hábito de cuidar de tudo: a Santa Missa,
o orador, o leitor, a música, etc... Você terá também de cuidar com
antecedência da loteria; creio que o Sr. Maignen, que está ausente de Paris
neste momento, fazendo um retiro de alguns dias, não estará de volta para
desempenhar, segundo o costume, esse pequeno papel; vai precisar pensar nisso;
escrever-lhe-ei para pedir-lhe informações a esse respeito.
O Sr. padre Vernois tinha manifestado o desejo de fazer uma visita à nossa boa
gente e de lhes dirigir algumas palavras, numa de nossas próximas reuniões. Seria
talvez o momento de pensar nisso; você falaria com o Pe. Milleriot que,
provavelmente, renunciaria a fazer a instrução religiosa; se quisesse
prestar-se a contar a vida de algum santo ou alguns fatos edificantes, seria
perfeito.
Penso com tristeza que o desenho que estávamos preparando para o título de
honra de nossa Santa Família não vai para frente. Antes de minha saída, tinha
tirado toda dificuldade; o Sr. Lafon consentia que a Santa Família de seu
quadro servisse para encher o medalhão do meio; desejava somente entender-se
com o Sr. Belliard (rua de Sèvres, 2), que deve litografar de graça esse
exemplar, sendo que o Sr. Belliard se tinha comprometido a pôr mãos à obra no
dia 1o de setembro e a trabalhar sem interrupção durante oito dias,
tempo que consente dar a essa boa obra. Mais tarde, outras ocupações virão pôr
obstáculo à sua boa vontade; portanto, é essencial não descuidar desse pequeno
negócio; precisaria rever o Sr. Lafon e determiná-lo a entregar ao Sr. Belliard
o desenho em daguerreótipo que fez admiravelmente o Sr. Choisetat; só que ele
prometerá ver o Sr. Belliard e não fará nada disso, e as coisas irão se
arrastando; aí está a única dificuldade, supere-a, caro amigo, forçando um
pouco a vontade do Sr. Lafon que, segundo seu próprio testemunho, tem
necessidade, em geral, de ser um pouco empurrado. A pedra está com o Sr. Bion
júnior. Suponho que você recebeu uma dúzia de estátuas; procure vender bastante
para que, na minha volta, possamos pagar o modelador.
As cartas que você me manda pelo Ministério demoram sempre um pouco para chegar
aqui; peça ao Sr. Laurençot para recomendá-las nesse aspecto ao Sr. Carré, ao
levá-las para ele.
Minha saúde está sempre débil, um pouco menos em certos dias, mas com recaídas
incessantes que não deixam ver em mim nada de estável.
Adeus, meu caríssimo Confrade, faça sempre por mim, eu o suplico, algumas
dessas boas e suaves preces que você sabe fazer e que o bom Deus acolhe, tenho
certeza, bem paternalmente. Abrace por mim todos esses queridos Confrades que
abraçarei eu mesmo tão fortemente na minha volta e assegure-os de minha terna
lembrança. Ofereço também por seu intermédio meus respeitosos sentimentos à sua
cara família.
Seu afeiçoado irmão e amigo
Le Prevost
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