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Jean-Léon Le Prevost
Cartas

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  • Cartas 101 - 200 (1843 - 1850)
    • 159 - ao Sr. Myionnet
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159 - ao Sr. Myionnet

Lembrete sobre os  acontecimentos que levaram o Sr. Maignen a deixar brutalmente sua família. Prudência do Sr. Le Prevost. Por que ele o enviou ao Sr. Levassor e não a Dom Angebault. Projeto de retiro dos irmãos Myionnet e Maignen na Trappe.

 

Duclair, 7 de setembro de 1846

            Meu muito querido irmão,

            Já pensava que não podíamos rejeitar nosso caro irmão Maignen, se está bem determinado a juntar-se a nós, mas desejava ver meu parecer confirmado pelo do Sr. Beaussier e pelo seu. A única coisa que tenhamos, parece-me, que examinar com nosso jovem amigo é a firmeza de sua resolução. Há muito tempo, disse-me ele, estava totalmente decidido a quebrar todos os obstáculos para dar-se inteiramente a Deus e só esperava uma ocasião favorável. Desconfiava, porém, de suas forças e temia fraquejar com sua família no momento da prova. Quarta-feira passada, depois de uma mínima contrariedade que tivera em casa, sentiu-se inspirado a aproveitar o tipo de excitação por causa dessa contrariedade, para dar o passo e, de fato, consumou seu sacrifício. Assegurou-me que, em nenhum instante, tinha exagerado o motivo de seu descontentamento, que ele mesmo chamava de criancice, mas que voluntariamente e com reflexão, tinha captado no ar esse pretexto para tomar seu impulso. Com efeito, passou o dia arrumando seus negócios, ao menos provisoriamente, partiu à noite para Rouen, onde pousou e, no dia seguinte, na quinta-feira, chegou a mim. Tive medo de que fosse atormentado pelo seu irmão, por quem se podia pensar que seria seguido. Convidei-o, então, a ir imediatamente junto ao Sr. Levassor; ficou comigo somente algumas horas. Às 5 horas da tarde, continuou para Rouen, onde deve ter pousado, para partir sexta-feira durante o dia para Chartres, onde não terá encontrado, aparentemente, o Sr. Levassor. Minha carta ao Sr. Beaussier continha em substância esses pormenores, mas você não parece, meu caro irmão, ter tido conhecimento dela, pois parece pensar que nosso amigo ainda está comigo. Esperava dele uma carta hoje, penso que não pode deixar de chegar para mim amanhã.

 

            Meu principal objetivo e, na realidade, o único, enviando nosso amigo à casa do Sr. Levassor, era deixá-lo inteiramente independente e livre para a reflexão como para a ação, durante os poucos dias que se podiam passar até o momento em que sua demissão, que ele ainda tinha o direito de retirar, se tivesse tornado irrevogável. Tinha-lhe feito todas as observações possíveis, para bem esclarecer seu espírito sobre os inconvenientes de sua resolução repentina e sobre as vantagens que teria encontrado escolhendo mais sabiamente seu tempo; persistiu em sua vontade. Parece-me que se, depois de alguns dias passados e o tempo de retirar sua demissão sendo esgotado, ele ficar firme na sua vontade, não poderemos duvidar de sua resolução nem deveremos nos recusaradmiti-lo entre nós. Então, não veria a utilidade da grande viagem que você proporia que empreendesse para Angers, viagem bastante dispendiosa e para a qual ele teria, creio, muita resistência. Já se mostrava bem triste por ir-se longe de nós, a Chartres, com estrangeiros, no momento em que nossa presença e o apoio de nossa afeição fraterna ter-lhe-iam sido tão necessários; acho que ele teria mais pesar ainda em recolocar-se na estrada para ir a uma tão grande distância. Veria, nessa viagem, um inconveniente mais grave, o de levar talvez Monsenhor a retomar para conosco as perspectivas de autoridade absoluta que ele tinha adotado em primeiro lugar e que poderiam ter criado para nós sérios embaraços, sem a restrição que interpusemos; enfim, pudemos nos convencer, em várias circunstâncias, de que esse venerável prelado, cuja experiência e alta piedade, aliás, conheço, não tinha inteiramente entendido nosso pensamento nem captado exatamente as circunstâncias de nossa posição. Duvido, portanto,  que ele tivesse graça especial para dirigir nosso caro irmão, sobretudo sem conhecer de longa data seu caráter, seus costumes e suas disposições.

 

            Eis aí, meu caro irmão, meu pensamento sobre o meio que você propõe; entrego-o ao exame do Sr. Beaussier e ao seu com toda a simplicidade e bem decidido de antemão a adotar sua opinião se a minha não lhe parecer a melhor. Se, pelo contrário, você julgasse bom adotar meu pensamento, creio que poderíamos manter por alguns dias nosso amigo em Chartres ou em outro lugar, até o momento de sua saída. Então, você o levaria consigo ao lugar para onde deve ir, a fim de tomar algum descanso, e vocês fariam juntos uma ausência de uns quinze dias; isso me pareceria suficiente para recolocar todas as coisas em seu devido lugar. Calculava partir para encontrá-lo no começo da semana que vem; se você acha que, para facilitar sua saída e a do Sr. Maignen, eu deva apressar minha volta, não deixe de me dizê-lo sem nenhuma hesitação.

 

            Adeus, meu muito querido irmão, abraço-o ternamente assim como a nosso excelente padre Beaussier e sou em N.S.

 

            Seu irmão devotado

 

                                               Le Prevost

 




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