O Sr. Le Prevost
procura tranqüilizar o Sr. Maignen: se ele estiver bem decidido a se doar, será
recebido na comunidade. O Sr. Le Prevost resolve algumas disposições práticas
relativas à família Maignen. Projeto de retiro com o irmão Myionnet.
Duclair, 7
de setembro de 1846
Caríssimo amigo,
Respondo sem tardar à sua carta datada de Dreux, que acaba de me ser entregue.
Recebi outra hoje mesmo do Sr. Myionnet, que me anuncia que o Sr. padre
Levassor, nosso amigo, passou por Paris indo para o Sul: assim, você não o terá
encontrado em Chartres.
Espero ao menos que você terá encontrado o jovem irmão que o
assiste na sua obra do patronato das crianças e que isso lhe terá sido uma
consolação. Creio, caro amigo, que nesse estado de coisas, o que há de melhor
para fazer é esperar alguns dias em Chartres até que o Sr. Myionnet e eu
tenhamos podido nos entender sobre a decisão a tomar. Escrevi-lhe hoje a esse
respeito, não posso demorar a receber sua resposta. Quanto à questão principal,
o Sr. Beaussier e ele desejam, como eu, que você reflita, enquanto ainda é
tempo, sobre as conseqüências de sua determinação, mas eles pensam também que
se, definitivamente, se oferece, você deverá ser recebido por seus
amigos.
Remeti-lhe, endereçadas ao Sr. Levassor, duas cartas destinadas a você, que
tinham sido enviadas à casa de minha irmã em Duclair, e juntei a cada uma delas
uma palavrinha minha. A primeira remessa tinha sido posta por mim numa carta ao
Sr. Levassor, carta insignificante e de pura transmissão. Precisaria
solicitá-la na casa dele, abri-la e pegar dentro o que é para você. O jovem
irmão não se recusaria, se precisar, a abrir a carta após essa explicação. Você
verá, numa palavrinha minha anexada ao segundo pacote (que está com seu
endereço na casa do Sr. Levassor), que sua família, preparada há muito para o
que aconteceu, acolheu as coisas com bastante tranqüilidade. A Senhora sua mãe
e seu irmão, como lhe disse, foram ver o Sr. Myionnet, cujas explicações
pareceram quase satisfazê-los, ao menos quanto a seu irmão; a Senhora sua mãe o
acusava somente de ter saído sem preveni-la e de lhe ter faltado
confiança nela. Não veria inconveniente nenhum, caro amigo, que, conforme o
voto de seu coração, você lhes escrevesse, como bem entender; penso somente que
poderia ser conveniente mandar sua carta ao Sr. Myionnet, para que a fizesse
chegar. Vendo-o mudar sucessivamente de lugares sem razões aparentes, os seus
achariam aparências de mistério nessas idas e voltas e se inquietariam sem
motivo. Veja, todavia, tudo parecendo bastante tranqüilo, como o deixa entrever
o Sr. Myionnet, se você não deve desconfiar das efusões excessivas de uma
correspondência por demais terna; acho que você deve limitar-se ao que exigir o
bem dos seus.
Examine, caro amigo, se você tem bastante dinheiro para aguardar que o Sr.
Myionnet lhe tenha mandado algum. Neste caso, escreva-lhe para lhe fazer chegar
a importância de que acha ter necessidade para esperar alguns dias em Chartres. De outro
jeito, se você estivesse totalmente desprevenido e o jovem assistente do Sr.
Levassor não pudesse adiantar-lhe o que lhe seria necessário, você poderia ver
o irmão do Sr. padre Levassor, que mora no campo, bem perto de Chartres.
Conheço-o particularmente e, durante o tempo de sua estada em Rouen,
muitas vezes recorri à sua bondade; seria um prazer para ele, tenho certeza,
após a apresentação desta carta, remeter-lhe 25f que lhe devolveríamos
poucos dias depois, e que lhe seriam suficientes, acho, para aguardar a remessa
do Sr. Myionnet.
Suponho que você poderá ir, dentro em breve, com esse bom irmão, fazer um
pequeno retiro e descansar um pouco. Estes dias, ele ainda não tinha escolhido
o lugar para onde devia ir e esperava minha volta para tomar a decisão; não
prolongarei minha estada aqui além da presente semana, partirei até mais cedo,
se a resposta que aguardo do Sr. Myionnet corresponder, a esse respeito, a meu
modo de ver.
Não acrescento nada a esta carta, senão, caro amigo, o novo protesto das ternas
preocupações de meu coração e de meu espírito a seu respeito. Rezo a Deus tanto
quanto posso por você; amanhã sobretudo, colocá-lo-ei bem intimamente no
coração de Maria; suplique-a também por aqueles que lhe são tão sinceramente
apegados.
Escreva-me pela volta do correio, para me dizer se recebeu esta carta assim como
as duas primeiras, como você se encontra e se você espera achar em Chartres,
como em Rouen, algumas doces consolações. Há em Chartres uma Sociedade de São
Vicente de Paulo. O padre Levassor me falou muitas vezes de um santo padre,
pároco da catedral, o Sr. padre Lecomte; você poderia vê-lo, ele sabia outrora
meu nome, o Sr. Levassor lhe falava de mim. Mas ele o terá esquecido.
Seu irmão e amigo em N.S.
Le Prevost
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