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Jean-Léon Le Prevost
Cartas

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  • Cartas 101 - 200 (1843 - 1850)
    • 161 - ao Sr. Maignen
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161 - ao Sr. Maignen

O Sr. Le Prevost acolhe o Sr. Maignen na Comunidade. Como ele vai ajudá-lo nos seus relacionamentos com sua família. Que o Sr. Maignen não se preocupe com o julgamento do mundo: “sem falar nada, deixemos tudo e sigamos o Senhor”. Exortação a orar especialmente à Virgem Maria. Fazer diversão pelo trabalho.

 

Duclair, quarta-feira cedo, 9 de setembro de 1846

 

            Caríssimo irmão, muito amado filho, mesmo que seu excelente coração só tivesse produzido os sentimentos tão ternos e tão devotados expressos na sua última carta, não exigiria nada mais para dar-lhe toda a minha estima, toda a minha viva e profunda afeição. Encontro-o aí de novo todo inteiro, como o tinha visto e entendido em outros dias, quando uni minha alma à sua, com um laço tão forte e ao mesmo tempo tão suave. Por que não nos é dado nos entendermos sempre assim? Como seríamos fortes para o bem, corajosos nas nossas penas, elevados nos nossos pensamentos, ardentes na nossa dedicação, se nossos corações batessem assim em uníssono, palpitantes por uma santa e pura caridade, aspirando com um mesmo impulso para Deus! Caro filho, não tenho mais dúvida alguma, considero seu sacrifício como consumado e, pelo pensamento, abro-lhe meus braços para dar-lhe o ósculo de irmão, o abraço decisivo da adoção. O bom irmão Myionnet e nosso excelente padre Beaussier estão, acredite, nos mesmos sentimentos; ambos viram na sua determinação a conduta do Senhor que o chama e o envia a nós. Como me custou, caro amigo, ficar tão reservado com você durante os poucos instantes que passou comigo e manter tudo em dúvida, enquanto teria querido tanto atraí-lo a mim e dizer-lhe que, penetrando seu coração, eu aprovava-lhe todos os movimentos! Mas devia assegurar-me do assentimento do Sr. Beaussier que tem graça para conduzi-lo, do consentimento do irmão Myionnet e, sobretudo, deixar-lhe alguns dias de reflexão, para se ter uma certeza ainda maior de que a hora do Senhor chegara. Hoje, a prova me parece suficiente; você perseverousuportou o choque que voluntariamente deixei abater-se sobre você (os pesares de sua família); creio, portanto, que, com a ajuda de Deus, você conseguirá superar os obstáculos e dificuldades da posição. Acho, todavia, com você, que será prudente você não se deixar excitar demais por correspondências necessariamente bem dolorosas para você e que só fariam exaltar a aflição de sua família. Eu não teria assumido sozinho abrir as cartas que lhe são endereçadas, mas, de acordo com seu pedido, o farei doravante. Transmitir-lhe-ei fielmente sua substância, interpondo-me somente, caro filho, para enfraquecer o golpe; acredite bem, caro amigo, que ele me ferirá antes de atingi-lo, pois aquilo que o fere não me fere também? E você pode sofrer sem que eu sofra consigo? Aprovo sua carta à sua família; aprovo também a que escreveu para o General152; se não for inteiramente entendida, satisfará ao menos o dever que você tinha de cumprir nesta parte. Não se preocupe muito, caro amigo, com a censura que o mundo pode pronunciar contra você: no meio de seus murmúrios provará a suavidade da voz divina que lhe falará no fundo do coração e o absolverá com esta autoridade suprema que domina os pontos de vista da razão, as emoções do sentimento, as lembranças do passado, os medos do futuro. Releia, no capítulo 10 de São Mateus, as instruções do Senhor a seus apóstolos e lembre-se com que energia Ele separou de tudo aqueles que escolheu para trabalharem na sua obra; esta obra é a nossa: a nós também Ele disse: “deixem aí seus barcos e suas redes e sigam-me”. Como os apóstolos, sem falar nada, deixemos tudo e sigamo-Lo. Acredite bem, aliás, que o primeiro golpe, o mais doloroso, já sendo agora um pouco amortecido, não é mais preciso senão de tempo e de prudência para curar a ferida. Você se lembra da dor de sua boa mãe quando seu irmão partiu; ora, com um pouco de paciência, a aflição se acalmou, a paz voltou; quanto melhor será assim hoje, já que o Senhor, agindo com você, amenizará, Ele mesmo, o golpe desferido pelo seu amor. Reze muito ao Senhor, caríssimo amigo, e também à sua bem-amada Mãe; esse assunto, mais do que qualquer outro, é de sua alçada: trata-se das relações de mãe com filho. Quem melhor do que ela pode interpor sua doce mão? Sim, caro amigo, reze ternamente a esta Mãe por excelência e se, na sua ardente oração, você se sentir penetrado por uma mais viva confiança para com ela, bendiga a Deus por isso, como por um favor precioso, como por um sinal infalível do progresso que você terá feito no divino amor.

 

            Estou escrevendo-lhe com muita pressa, não querendo que você espere em vão algumas palavras minhas. Nossas cartas se cruzam e não tomam o tempo de entrar em acordo. Ah! é que neste momento, caro filho, seria preciso, para responder aos movimentos de nossos corações, que estivéssemos um perto do outro; embora os correios corram, nosso ardor vai mais depressa ainda. Recoloquemo-nos, amigo, no seio de Deus, onde se acalma toda emoção, onde se purifica todo sentimento; repousemos em paz, confiantes, amando, nesse Coração que é nosso lugar, nosso refúgio. Parece-me, caro filho, que estou ali neste momento, com você, por me sentir tão seguro de você, por esperar tanto no futuro, por tanto desejar tudo segundo a santíssima vontade de Deus.

 

            Não se entregue exclusivamente demais, nestes primeiros momentos, a seus pensamentos; quando estão tristes, sacuda-os; participe um pouco, se pode, nos trabalhos do jovem irmão; considerando de perto sua obra, você colherá pela comparação úteis observações e novas luzes. Agradeça-o em nosso nome pelo terno acolhimento que lhe fez. O Sr. Beaussier um retiro, o que o impediu de lhe escrever, o irmão Myionnet vai escrever de seu lado. Você terá visto que recebi sua carta de Dreux, à qual respondi por volta do correio; não demore para me escrever, você tem necessidade de efusão e, como  disse, depois do Coração de Deus, vocêpode se expandir no coração de seu Pai.

 

                                               Le Prevost

 

            P.S. Obrigado pela nota dirigida ao Sr. Taillandier sobre a loteria; ele tem a chave do armário?                           

 





152  Cf. infra Carta 166, do 25 de setembro 1846. O General Pelet, Superior do Sr. Maignen no Ministério da Guerra





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