O jovem Mayer, que
ajuda o Sr. Levassor, passou pela Comunidade; sua conduta pouco gentil para com
ela. O Sr. Le Prevost obteve a casa de Grenelle, em vista de oferecer à sua
comunidade um porto de paz e de recolhimento. Verifica-se impossível para o
jovem aprendiz Dujouquoy libertar-se no domingo.
Paris, 11
de junho de 1847
Caríssimo irmão,
Não pude responder à sua boa e afetuosa carta por meio do Sr. Mayer, que vimos
só um minutinho. Escrevo-lhe, então, pela via comum e habitual.
Estivemos muito surpresos, todos os três, pelo brusco desaparecimento do Sr.
Mayer, e, ainda nesta hora, estamos a nos perguntar como pudemos atrair sobre
nós um tal procedimento. O temos acolhido cordialmente e com uma sincera
benevolência, embora lamentando a resolução que ele parecia tomar de deixar as
obras de caridade. Temos cuidado com uma atenção real de seus interesses e nos
temos oferecido para a busca dos empregos que poderiam convir-lhe. Eu
mesmo lhe falei com um interesse verdadeiro e que era fácil sentir. Como,
então, pôde ele agir conosco de um jeito tão pouco gentil? Foi numa terça-feira
que o vimos; depois do almoço, subi um instante a meu quarto para preparar
minha conferência de São Sulpício que se realiza, você sabe, nesse dia. Durante
esse momento, o Sr. Mayer sumiu sem ver-me, sem me deixar o tempo de saber dele
onde havia descido e se ele não podia tomar asilo em nossa casa; não tornamos a
vê-lo; retornou para junto de você? Ficou por aqui? Nós o ignoramos.
Caro amigo, não conservamos mágoa nenhuma contra esse jovem, mas não podemos
deixar de dizer que sua conduta para conosco se pode dificilmente explicar. Por
ele, em quem tínhamos acreditado reconhecer boas qualidades e que, aliás, se
tinha mostrado bondoso para com o nosso jovem irmão Maignen, por você,
sobretudo, caro amigo, que nos é tão próximo, tínhamos interesse em tratá-lo
fraternalmente e asseguro que isso estava em nossa intenção, na dos três. Não
deixe, caro amigo, de me escrever algumas palavras para nos explicar o
procedimento do Sr. Mayer e nos assegurar, por outro lado, que nada de
desagradável lhe aconteceu. Quaisquer que sejam seus motivos, nós o desculpamos
de antemão e conservamos, para com ele, uma plena e verdadeira caridade.
Você não ficará sabendo sem interesse, caro irmão, que, para dar à nossa
pequena Comunidade uma existência mais livre e também um local onde possa
estabelecer-se mais comodamente do que na Casa do Regard, tomamos para nós, em
Grenelle, uma pequena casa inteira, em que estamos agora instalados159.
Teremos, assim, um alojamento onde poderemos nos sentir em casa e nos recolher
um pouco. A distância de nossa Casa até a rua do Regard é somente de uns 30
minutos. Podemos, então, vir às nossas obras todos os dias sem dificuldades.
Alternativamente somente, ficamos na residência para nos recolhermos um pouco e
nos afastarmos da atividade excessiva de nossos trabalhos.
Um jovem irmão se apresenta para se juntar a nós. Parece bom e com felizes
disposições, mas ainda não tem 20 anos. Sua família lhe opõe algumas
dificuldades; não sei se ele poderá superá-las.
Não cuidei de modo contínuo de achar-lhe um ajudante para suas obras, ignorando
se o Sr. Mayer retornou ou não junto a você e se deve ou não ficar; estarei
atento, no entanto, no caso em que você tiver de substitui-lo.
O jovem Dujouquoy veio me ver domingo pela primeira vez e me prometeu
visitar-me de vez em
quando. Infelizmente, ele está retido todo o dia de domingo,
fora alguns instantes à noite e um momento demasiado breve de manhã; é
uma deplorável condição de seu estado.
Adeus, caro amigo, escreva-me logo, preciso ficar assegurado de que, no meio
dos mal-entendidos que podem ocorrer entre nós, você conserva fé em nossa velha
amizade e conta com meu terno devotamento, como eu mesmo estou certo do seu.
Seu irmão afeiçoado em N.S.
Le Prevost
Os irmãos Myionnet e Maignen o asseguram de seu respeitoso apego.
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