O Sr. Le Prevost
informa-o de várias diligências pedidas. O mal-entendido com o Sr. Mayer está
esquecido. “As verdadeiras dedicações às Obras de Deus são raras.”
Paris, 11 de
outubro de 1847
Caríssimo amigo,
Vi o jovem operário que você me mandou. Dei-lhe todas as indicações que me
pareceram possivelmente úteis a ele, e entreguei-lhe uma carta ao
Sr. Ledreuille, a fim de que obtenha, se possível, trabalhos. Ficou
combinado que ele virá me ver logo que tiver encontrado alguns, para que eu
possa fazê-lo admitir na Sociedade de São Francisco Xavier, no bairro onde
tiver conseguido sua residência.
Quanto ao bilhete de 50f
contido em sua primeira carta, não tinha sido possível, em primeiro lugar,
descobrir a pessoa designada para o pagamento, mas, numa segunda visita, fomos
mais felizes, sem, todavia, estarmos mais avançados. O Sr. Sellière respondeu,
com efeito, que já tinha recebido dois bilhetes semelhantes a esse com que você
foi presenteado, além de uma carta que o avisava para não pagar na apresentação
de nenhum dos três, que, por conseguinte, ele não daria os fundos antes
que uma carta especial o tivesse autorizado a fazê-lo em favor de um dos três
pretendentes.
Essa resposta me pareceu tornar bem suspeito o valor de seu título; mesmo
assim, mando-o de volta a você, caro amigo, para que pense em aproveitá-lo o
melhor possível.
Procurei por todos os lados um jovem que lhe conviesse para suas obras de
Chartres. Não vejo ninguém até agora; as verdadeiras dedicações são bem raras e
as obras de Deus não podem andar sem essa mola. Tenho, é verdade, um antigo
professor que não leciona (sem diploma, com uns cinqüenta anos, um pouco menos,
acho), do qual você poderia tirar proveito, se tivesse alguma outra pessoa com
ele. Ele é bom cristão, de bom comportamento, bem sucedido com as crianças e
ensina bem. O Sr. Pároco de São Sulpício o conhece e se interessa por ele.
Veja, caro amigo, o que pensa disso. Quanto ao jovem da Escola Normal, não pode
doar-se nem a você nem a nós, pois tem com a Universidade um compromisso
de 10 anos, que deve necessariamente respeitar.
Confirme ao Sr. Mayer nossa boa e sincera afeição. Nossos pequenos
mal-entendidos são tão pouco consistentes e são, aliás, já tão velhos que, na
verdade, não há nada para fazer com eles, a não ser apagá-los por um bom e
cordial aperto de mão; é o que fazemos, contando bem que, na sua próxima viagem
a Paris, nosso jovem Confrade virá nos assegurar de que nos conserva sempre
benevolência e afeição.
Adeus, caríssimo amigo, reze sempre por nós; nosso eremitério de Grenelle nos
proporciona um pouco de recolhimento e de paz, mas nossa vida ainda está tão
movimentada, que a oração de nossos bons amigos nos é bem necessária; rezamos,
de nosso lado, por você e pelo sucesso de seus empreendimentos caritativos. O
mundo tem necessidade de tal socorro.
Le Prevost
N.B. --- Não obstante a falta dos fundos a conseguir do bilhete que lhe mando
de volta, pagarei os Annales e sua Revista, se o desejar, claro. Uma palavra em sua
resposta sobre esse assunto.
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