O irmão Maignen deve
descansar. Que venha sem demorar a Duclair. Exortações à união e à caridade
fraterna.
Duclair,
sábado, 2 de setembro de 1848
Meus bem-amados irmãos,
Estou profundamente
comovido pela terna afeição que vocês três me testemunham. O pensamento
que tiveram em me escrever, cada um por sua vez, uma pequena carta é muito
amável e me causou uma verdadeira satisfação; cada um, com efeito, pôs um pouco
de si nesta breve comunicação e assim se tornou presente ao irmão que está longe
de seus amigos.
Agradeço ternamente ao irmão Paillé todas as palavras animadoras que me diz
sobre a Santa Família, e estou certo de que se deve atribuir o sucesso da
reunião aos seus cuidados caritativos e previdentes.
O que você me diz, caro irmão Myionnet, do cansaço de nosso irmão Maignen já me
havia chamado a atenção; suas observações me confirmam no pensamento de que um
pouco de descanso e de distração lhe é necessário. Por isso, após ter
refletido, decido-me a fazê-lo vir aqui para passar comigo na Normandia a
semana próxima. Se, por uma reserva louvável e pelo medo de usufruir um
descanso que vocês não partilham, ele apresentasse alguma dificuldade, diga-lhe
que assim resolvi para o interesse comum e que é preciso conformar-se com essa
decisão. Acabo de reservar-lhe um pequeno quarto perto de mim, não podendo
hospedá-lo na casa de minha irmã. Organizarei as coisas com bastante economia,
para que sua estada aqui não custe muito mais caro do que se ficasse em Paris.
O estado de seu guarda-roupa, um pouco abandonado neste momento, poderia
trazer-lhe dificuldade, mas aqui, como sempre, a Comunidade nos
tirará do embaraço. Há, na minha cômoda, em Paris, uma malha de seda preta
ainda bastante conservada; que ele a tome. O irmão Paillé pode emprestar-lhe
uma sobrecasaca ou sua casaca de verão. Arrumem-se juntos, enfim, para o
melhor: vocês são irmãos, nenhum de vocês tem algo seu. Se o irmão Maignen se
acomodasse com a casaca de verão, que cuide, porém, de pegar sua sobrecasaca;
as manhãs e as noites são muito frias aqui; ele não estaria bastante protegido
com uma vestimenta de verão. De resto, desde que esteja limpo, grosso modo, basta; ele estará na zona rural e em família. Para
sua viagem, 25f.
serão o suficiente. O irmão Myionnet lhe dará essa importância.
Peço ao Sr. Maignen para apressar-se, pois gostaria de não continuar mais de
uma semana aqui. Vocês receberão esta carta amanhã, domingo; nada impede que
nosso caro irmão parta depois de amanhã, segunda-feira; uma ausência tão breve
não requer nem preparativos nem grandes organizações; é, aliás, acostumar-se a
tudo deixar na hora, quando as circunstâncias o exigem, e adquirir um bom
hábito para o futuro.
Ele pode, como fiz, partir pelo comboio das 10 horas. Ocupará seu lugar até
Barentin. Ali, uma carruagem, tipo ônibus, tomá-lo-á logo e o conduzirá a
Duclair, onde estará antes das 4 horas. Desejo que parta segunda-feira, se não
houver obstáculo absoluto. Esperá-lo-ei na chegada da carruagem.
Quereria, caros irmãos, conversar um pouco à vontade com vocês, mas estou com
um pouco de pressa e também um pouco doente. O ar mais vivo desta região
me afeta e me causa essas inflamações de que muitas vezes falamos em Grenelle e
que durarão tanto como eu; portanto, é inútil insistir. O assunto voltará à
tona muitas outras vezes.
Responderei particularmente às suas pequenas epístolas no decorrer da semana e
lhes anunciarei ao mesmo tempo o dia preciso de nossa volta. Enquanto isso,
rezo com toda a minha alma por vocês. Todos os dias, fico das 7 até as 8h30 na
presença de Deus na igreja. Sua lembrança, caríssimos irmãos, não me deixa um
instante. Amem muito o bom Deus, nosso Pai, nosso Amigo; amem-se muito uns aos
outros, sejam irmãos em J.C., como o divino Senhor era o irmão de São João, o
apóstolo bem-amado. É isso que peço todos os dias, é isso que obteremos do
Coração tão terno de nosso Deus. Recomendo vocês todos à caridade dele e à de
Maria, nossa Mãe, ao bom São Vicente, nosso Padroeiro e protetor, e aos seus
santos anjos da guarda. Abraço-os a todos afetuosamente, em particular nosso
caro Adrien, com quem estou contente; auguro bem de seu futuro. Que
ele reze um pouco por mim. Lembrança de terno respeito ao Sr. Beaussier, boa amizade
aos nossos Féline.
Lembrança ao Sr. Pároco de Grenelle, se der, e afeição a todos os nossos
amigos. Escreverei algumas palavras ao irmão Lecoin.
[Le Prevost]
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