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Jean-Léon Le Prevost
Cartas

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  • Cartas 101 - 200 (1843 - 1850)
    • 188 - aos Srs. Myionnet, Maignen  e Paillé
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188 - aos Srs. Myionnet, Maignen  e Paillé164

A licença de conservar o Santíssimo Sacramento em Grenelle é concedida165. O Sr. Le Prevost exprime sua gratidão. Ardor de sua e de seu amor por Deus. Hino à Cruz. Recomendações práticas para preparar dignamente os locais.

 

Duclair, 4 de setembro de 1849

            Caríssimos irmãos,

            Sinto-me impulsionado a bendizer ao Senhor com vocês por sua extrema condescendência para com os seus pobres e indignos servos. Tê-lo-ia feitoontem se não estivéssemos ausentes o dia todo. Mas quantas vezes, durante o dia, este doce pensamento me veio e como o meu coração ficava feliz e reconhecido! Desde as primeiras linhas da carta do Sr. Beaussier, aberta antes das outras, compreendi e, num movimento irresistível, caí de joelhos, com lágrimas nos olhos e, batendo no peito, como o fazia desde algum tempo, exclamei: Domine, non sum dignus [Senhor, eu não sou digno]. Rezei depois, com todo o ardor de minha alma o Te Deum e também o Magnificat,  para associar nossa bem-amada Mãe a esse grande acontecimento que suas ternas instâncias terão certamente preparado. De que precisamos além disso e o que nos restará a desejar doravante? Deus tanto amou o mundo que lhe deu seu Filho único166, e quanto a nós também, Ele tanto amou nossa fraqueza e nossa miséria que Ele vai descer entre nós, em nossa pobre casa, para morar conosco sob o mesmo teto, presidir nossos pequenos exercícios, aconselhar-nos, nos dirigir em todas as coisas, trabalhar, orar, amar conosco e em nós. É sobre a terra a felicidade suprema; é o pão dos anjos, não mais dado a cada um de nós em particular, mas à pequena Comunidade inteira que o bom Mestre adota e assim consagra a si definitivamente. Oh! mais uma vez, que nos resta a desejar neste mundo? Nada, senão responder a tanta misericórdia e tanto amor. Está na hora de nos lembrar dessa palavra profunda que citávamos um dia entre nós: Não há amor sem conformidade, não há conformidade sem cruz. O Bem-Amado, ao entrar sob o nosso teto, aqui virá com sua cruz: é seu único tesouro, é tudo o que Ele possui e traz a seus hóspedes, é seu livro, é sua ciência para ensiná-los, é sua força para os aguerrir e os formar; Que Ele seja bem-vindo e sua cruz com Ele.  Sua vinda já se tinha feito pressentir por alguns leves toques e movimentos interiores que nos levavam a nos humilhar, a reconhecer nosso nada diante dEle, a desejar ou a aceitar, pelo menos, nossa pequenez e nossa abjeção. Por esses sinais, poderíamos ter adivinhado sua aproximação, se tivéssemos sido melhor esclarecidos. Agora Ele mesmo cuidará de formar-nos em sua escola. Preparemos, portanto, nossos corações e os tornemos dóceis, pois a hora de nos tornarmos humildes, pobres e mortificados, enfim, chegou. Meu Deus, vossos filhos se apressarão ao vosso redor para vos ouvir e vos contemplar, serão bem fracos e bem inábeis, mas terão a boa vontade, o ardor de aprender e uma terna confiança em Vós!

     Desejo, caríssimos amigos, que tenham o cuidado, desde já, de mandar preparar os locais para receber o Hóspede divino; a simplicidade e a pobreza não o desagradarão. É com isto que devemos nos contentar: limpeza e simples conveniência; eis as delimitações nas quais devemos ficar. Para começar, e esperando minha chegada, podem mandar executar todas as obras de reparação e saneamento nas três peças, e, para tanto, vocês deveriam, acho eu, transportar provisoriamente o oratório para o quarto que está entre o do irmão Paillé e o meu. Ali estaremos mais tranqüilos. Acho que farão bem em empregar, contra a umidade dos muros, o meio tão simples aconselhado pelo Sr. Dufflon; poderiam, como tentativa, fazê-lo executar, através de  seu operário, nos muros do locutório, que são muito úmidos do lado do jardim. Depois de terem visto direitinho como ele cola e dispõe as folhas de chumbo e terem verificado seus preços, vocês veriam se teríamos uma economia um pouco real ao usarmos, para nossos outros trabalhos, um operário da Santa Família chamado Tessier, rua Saint Placide, acho. É um homem muito bom e que arrumou muito bem meu quarto em Paris; acho que esse meio seria o melhor. Desejo também que meu irmão Maignen veja o Sr. Bion, da minha parte, para assegurar-se de que, ao fazer a Santa Ana, poderia fazer reduzir, por seu aluno, de graça ou a preço bem módico,  nossa estátua da Santa Virgem. Importa que nossos trabalhos comecem sem demora e enquanto ainda resta um pouco da bela estação. A partir do momento em que os dias são curtos e úmidos, as obras são ruins e não vão para frente. Recomendo-lhes, portanto, caros amigos, a diligência. Após as reparações, faremos o resto. Podem também perguntar sobre todas as coisas necessárias e os meios para consegui-las; acho que esses pormenores são bastante numerosos e exigirão algum cuidado.

            Estou verdadeiramente comovido, caríssimos irmãos, por sua afetuosa atenção com minha saúde. O Sr. Beaussier é também muito edificado por isso, o que lhe faz conceber boas esperanças para o nosso futuro. Para comprazer-lhes, caros amigos, e sobretudo para obedecer ao nosso bom Padre, que me prescreve aquilo expressamente, estou disposto a ir aos banhos; só que, na confiança, tomo a liberdade de submeter antes ao Sr. Beaussier algumas observações que, acho, mudarão seu parecer. Se fosse diferente, apressar-me-ia em conformar-me à sua decisão. É muito tarde para os banhos. As alternâncias de frio e quente, às quais sou muito sensível, já são mais penosas do que no verão; não posso ir aos banhos em família: minha irmã tem que ficar em casa nesse momento. Eu só poderia chegar ali com minha sobrinha, mas acho que uma tão jovem pessoa dificilmente passaria, sem um grande aborrecimento, três semanas comigo, numa região que não oferece possibilidade nenhuma de distração. Enfim, preciso ao menos de 8 dias para aclimatar-me num lugar novo; começo a me sentir melhor aqui. Será que devo ir para outro lugar fazer uma nova tentativa, talvez menos feliz? Aqui, fazem de tudo para cuidar bem de mim; não terei nada igual nos banhos. O ar é excelente, os passeios estão ao meu alcance, e a tranqüilidade é perfeita: isso não vale mais que as voltas e as viagens? Acredito que, passando aqui três semanas, em vez de 15 dias anteriormente determinados, eu faria tudo o que pode ser mais favorável à minha saúde e mais praticável de todo jeito. Ao mesmo tempo, e isso é de um grande peso, faço um bem real à minha família que tinha necessidade de mim para se reconfortar e se restabelecer. Eis aí as minhas razões, caros irmãos, acho que são boas e na ótica de Deus; no entanto, submeter-me-ei sem hesitar ao parecer do Sr. Beaussier, preferindo obedecer a raciocinar.

            Peço aos meus irmãos Maignen e Paillé para fazerem com que a reunião de domingo da Santa Família ande bem; é essencial, após o retiro, sobretudo. O orador é o grande  instrumento. Se o Sr. Ratisbonne estiver alivirá de bom grado. O Sr. Cassan de Florac e muitos outros, leigos ou padres, estarão também, espero, bem dispostos.

            Escreverei logo a cada um em particular. Estou feliz por aprender que os exercícios se mantêm bem e agradeço ao irmão Myionnet os pormenores que me a esse respeito, mas não acho conveniente que a pequena direção da segunda-feira seja repartida. A Comunidade ainda é pouco numerosa demais para isso; esse exercício deve, portanto, ficar reservado até minha volta.

            Adeus, meus bem-amados irmãos, abraço-os a todos nos Corações de Jesus e de Maria, e neles fico com vocês.

                                               Le Prevost

            Acabo de escrever aos Srs. Beaussier e Gibert.

            Seria bom também que meu caro irmão Maignen projetasse, em combinação com o Sr. de Ségur167, o pequeno quadro quando estiver um pouco seguro de suas dimensões.

 

 





164 A tão linda carta do dia 4 de setembro de 1849 é a primeira do ano 1849. Quase um ano de interrupção (356 dias!) nas cartas encontradas.



165 “Havia então em Paris, na rua Cassette, (no número 32) uma Comunidade de jovens padres, tão eminentes por sua piedade e seu zelo quanto distintos pelo talento e o nascimento: os Srs. padres de Ségur, de Conny, Gay, Gibert, Le Rebours, etc. Essa pequena Comunidade entretinha com a Comunidade leiga do Sr. LP. as relações de obras e de amizade as mais íntimas. O padre de Ségur pregava os retiros de aprendizes na rua do Regard, o padre Gibert cuidava da casa de Nazareth... Foi pela mediação desses eclesiásticos que o Sr. LP. tinha feito pedir no arcebispado de Paris a autorização de uma missa por semana em seu oratório de Grenelle. Esses excelentes padres tinham acrescentado, por sua própria iniciativa, ao pedido do Sr. LP. o de conservar a santa reserva.” (VLP, 1, p.356).



166 Jo 3,16.



167 “O padre Gaston de Ségur se tinha comprometido em pintar com suas próprias mãos um quadro para o altar e o padre Gibert tinha dado um lindo paramento branco e vermelho e um grande missal muito rico.” (Cf. G. Boissinot, Um autre St Vincent de Paul, p.209).





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