Parabéns por ter
fundado a Obra da Santa Família na Bretanha. Conselhos para o apostolado adaptado
a essa nova obra. Apelo a vocações da Bretanha.
Duclair, 15
de setembro de 1849
Sua pequena carta vem procurar-me na Normandia, para onde vim a fim de pegar
alguns dias de descanso em minha família. Que ela seja bem-vinda;
amplia as doces impressões que sempre se reencontram no meio dos seus e em sua
região natal. Você também é um dos meus, caríssimo amigo, pois tem a bondade de
ter alguma caridade por mim e de me conceder essa indulgência tão rara no
mundo, a qual não se encontra muito, senão na família ou entre os verdadeiros
filhos de Deus. Peço ao Senhor que o recompense por isso, conservando-lhe, por
muito tempo, o círculo de amigos tão afetuosos e tão bons que Ele lhe deu e
firmando seus passos na carreira que começa a abrir-se diante de você.
Como você é feliz, caríssimo irmão, por ter podido utilizar o tempo das férias
favorecendo a criação de uma nova obra para a glória de Deus. Tenho boa
esperança para o futuro dessa pequena associação que vai nascer no solo abençoado
da Bretanha, sob seus olhos e graças aos seus cuidados. Contribuirei também
para isso da melhor forma possível por meio de minhas fracas preces. A Santa
Família de São Sulpício inteira associou-se igualmente a seus esforços e
pediu todas as bênçãos do Senhor pela nova irmã que lhe era dada. Eu não estava
presente na reunião, quando essa recomendação foi feita, mas nosso caro irmão
Paillé, que chegou aqui há alguns dias, me assegurou que todos os nossos bons
amigos tinham respondido cordialmente ao apelo do Pe. Milleriot, rezando com
fervor pela jovem Família de Lorient.
Não acho que, em sua região, a Santa Missa seja um elemento indispensável nas
reuniões da Santa Família, porque os operários não deixam muito de
freqüentá-la. Não é, como aqui, que falta a fé, mas uma certa vida mais ardente
e mais ativa, que tire as almas de uma prática puramente rotineira das coisas
santas, para tornar a dar-lhes a inteligência e o amor por elas. As instruções
bem adaptadas às necessidades dos espíritos e tiradas dos hábitos, dos
costumes, das disposições de seus membros são o verdadeiro meio de influir
sobre eles e de fazer-lhes um grande bem. Se houver um padre dedicado que tome
a peito a edificação de seu pequeno rebanho, que tenda a unir os
associados e a fazer verdadeiramente deles uma família de irmãos; se você
obtiver, por outro lado, a ajuda de alguns leigos para reforçar a ação do
diretor espiritual por todos os meios em uso aqui e todos aqueles que sua
própria experiência dos lugares lhes sugerir, você terá êxito, tenho certeza,
conforme seus desejos. Dar aos pobres operários a verdadeira luz que lhes
falta, uni-los entre si pelos laços da caridade, para aliviar-lhes a pena e
diminuir sua fraqueza, não é isso uma necessidade em Lorient como em Paris,
como em Lille, em Tours e em todo lugar? Tenhamos confiança, portanto, caro
amigo, rezemos, façamos o melhor possível e esperemos o sucesso da bondade de
Deus. Não poderiam encerrar as reuniões com uma bênção do Santíssimo? Você sabe
o quanto essa parte do ofício da noite favorece a piedade e o quanto toca
os corações menos fervorosos. Suscite a visita aos doentes, manifeste muita
afeição e benevolência aos membros da Santa Família, faça com que uma terna
caridade seja verdadeiramente o espírito da obra; e você terá fundado
definitivamente a pequena sociedade.
Agradeça ao Divino Mestre conosco, caríssimo amigo; por um favor que nossa
indignidade não ousava esperar, Ele quer bondosamente habitar nossa
pequena casa de Grenelle. Monsenhor o Arcebispo acaba de nos conceder a licença
de ter a Santa Missa e de guardar o Santíssimo Sacramento: não podemos ainda
acreditar em tanta felicidade. Quando voltar, você a partilhará conosco,
pois se associa a tudo o que se refere à nossa pequena Comunidade. Adeus,
caríssimo amigo, você não vê a seu redor alguma alma querida por Deus e à qual
nossa obra conviria? Gostaria de ter um irmão de nossa Bretanha, e auguraria
bem disso, pois amo e venero essa querida região como se fosse minha.
Adeus mais uma vez, caríssimo amigo, abraço-o ternamente nos Corações de Jesus
e de Maria.
Seu irmão e amigo em Nosso Senhor.
Le Prevost
P.S. --- Parto dia 20 deste mês para Paris.
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