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Jean-Léon Le Prevost
Cartas

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  • Cartas 101 - 200 (1843 - 1850)
    • 196 - ao Sr. Pavie
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196 - ao Sr. Pavie

A Adoração Noturna em Grenelle. Alegria do Sr. Le Prevost, por ocasião dessa “vigília bendita”. Felicidade por viverem na dependência de Deus e por terem sido escolhidos como seus instrumentos. Reza para que seu amigo Gavard recupere a .

 

Paris, 4 de junho de 1850

            Caríssimo Victor,

 

            Já há várias semanas, levo comigo, com a intenção de lhe responder, uma excelente carta que você me escreveu e  muito me comoveu. Reencontrei-o  todo inteiro, com suas dedicações tão generosas e tão fiéis, com seu zelo fervoroso por todo bem, seu ardor pelas obras que interessam a Deus e a todos os homens de quem você é tão sinceramente o irmão. Devia, portanto, cuidar de  responder-lhe quanto antes, mas minha limitação habitual me levou a falhar.

 

            Para você, caro amigo, sua atividade redobra com os anos. É uma grande alegria para mim vê-la orientar-se para tão nobres objetos e aprender os preciosos resultados que obteve. Não podia ser diferente, caro amigo; e para os que, como eu, viram todas as aspirações elevadas, os instintos dedicados de seus jovens anos, era fácil prever que somente a consagração de todo o seu ser poderia satisfazê-lo e seria mais cedo ou mais tarde sua vida. É certamente, com efeito, a melhor parte. Ouso dizer, caro Victor, que ela lhe pertence e que não lhe será tirada.

 

            Sinto em mim uma simpatia tão mais viva pelas obras de que você cuida, que elas são também as nossas e preenchem aqui nossos dias. Poderia acrescentar “nossas noites”, pois, seguindo seu exemplo, temos a felicidade de participar da grande obra da adoração noturna170. Mal acreditará você que é em nossa própria casa, em nosso pobre pequeno eremitério de Grenelle, que nos é dado prestar essa homenagem ao divino Senhor. Nada mais verdade, porém, e a indignidade dos locais e dos homens não constituiu obstáculo para o Deus que não desprezou o estábulo de Belém. Por um privilégio todo imerecido, a permissão de conservar o Santíssimo Sacramento em nosso pequeno oratório nos foi concedida por nosso Arcebispo e, por outro privilégio, nos foi dada também a graça de nele fazer, uma vez por mês, a adoração noturna. Assim, caríssimo amigo, ligamo-nos a você por mais esse laço, que se junta a todos os outros, mais forte, sem dúvida, ele sozinho, do que todos juntos. Amanhã, quinta-feira, vigília da festa do Sagrado Coração, alguns amigos virão reunir-se a nós e, às 9 horas, começará nossa vigília bendita. Não deixaremos de rezar, então, por você e seus associados; dê-nos a recíproca,  na sua próxima reunião. Tais intercâmbios alegram os anjos e glorificam a Deus.

 

            Nossas outras obras sustentam-se e vivem apesar das influências más dos tempos. Nosso pequeno rebanho não aumentou; somos cinco, como você nos viu, acho, na sua última viagem. Mas temos que fortalecer o interior e fundamentá-lo solidamente antes de espalhar-nos para fora. Só podemos bendizer a divina Sabedoria, que nos conduz a seu modo, e não ao nosso. Somos felizes por nos sentirmos numa inteira dependência de sua adorável conduta. Seu venerável Bispo não achou indigno de si fazer-nos uma visita em sua última viagem a Paris. Ele disse a Santa Missa para nós e nos exortou nos termos mais paternais. Como seríamos felizes, caro amigo, se, tendo-nos fortalecido um pouco, pudéssemos, algum dia, destacar alguns dos nossos para irem ajudar suas obras e colocar seu zelo sob a sua mão.

 

            Reze um pouco para que o grande Mestre, tendo-nos amaciado e modelado, digne-se assim aceitar-nos como humildes instrumentos nos desígnios de sua caridade.

 

            Agradeça bem por mim a nosso caro Gavard, assegure-o de minhas afetuosas lembranças. Oro a Deus muitas vezes para que Ele lhe saúde, coisa que lhe falta, uma firme e profunda que seria a contrapartida dos dons hoje quase superabundantes de seu coração e de seu espírito. A faria dele um homem completo e de grande peso para o bem. Peçamos para ele essa pérola preciosa, embora devesse  tudo perder para adquiri-la.

 

            Adeus, caríssimo amigo, assegure de minhas respeitosas lembranças os de seu querido círculo e creia, você mesmo, no terno apego de seu amigo e irmão em N.S.

 

                                               Le Prevost  

 





170 Um vivo sentimento de reparação, nascido após os trágicos acontecimentos da Revolução de 1848, esteve na origem desta obra da Adoração Noturna. O promotor desse movimento foi o célebre pianista Hermann Cohen, convertido do judaísmo, que se tornou em religião o Padre Augustin-Marie do Santíssimo Sacramento, Carmelita descalço. A prática tinha iniciado em N.D. des Victoires em 6 de dezembro de 1848, (no exato momento em que o Papa Pio IX se refugiava a Gaeta), com a colaboração do vigário geral, o padre de la Bouillerie, e de um jovem protegido do padre Desgenettes, o seminarista Louis Roussel, que entrará no Instituto cinco anos mais tarde, em dezembro de 1853.





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