O Sr. Le Prevost se
encontra em estágio de cura em Saint-Valéry-en-Caux com o irmão Paillé. Pobreza
de seu alojamento. União das almas pela oração: “mútua caridade que alegra o
coração de nosso Deus.”
Saint-Valéry-en-Caux,
13 de julho de 1850
(Em casa do
Sr. Bonâtre, estalajadeiro
Grande
estrada de Amont)
Caríssimos irmãos em N.S.,
Demoramos um pouco para dar-lhes notícias nossas, a fim de dizer-lhes
precisamente onde tínhamos escolhido nosso domicílio e como nos encontrávamos
após nossas primeiras imersões no mar. Tudo está bem até agora e só temos que
agradecer ao Senhor, que parece tudo ter disposto para nossa maior vantagem.
Escolhemos nossa morada fora do bairro, perto da campina, a pouca distância,
porém, dos banhos, e a distância igual das duas igrejas da região, que podemos
assim visitar alternativamente. Não podíamos encontrar uma situação mais feliz
e, para cúmulo de satisfação, nossa presença na casa onde estamos é um
verdadeiro benefício. É uma pequena estalagem iniciante, dirigida por pobres
jovens, bastante desprevenidos, acho, que não têm absolutamente ninguém senão
nós neste momento e que vamos sustentar enquanto durar nossa estadia aqui. Cai
muito bem para pessoas que procuram em todo lugar a caridade. Enfim, poderíamos
ter percorrido toda a região inutilmente para achar condições tão pouco
dispendiosas como aquelas que combinamos. É verdade, e reconhecemos ainda aqui
as atenções vigilantes da Providência, que nossa pobreza não poderia ser maior
do que a atual. Nosso quarto (o irmão Paillé e eu partilhamos o mesmo quarto)
só tem, além de duas camas ruins muito duras e quase sem fundos, uma mesinha e
três tamboretes. Tudo isso não é feito sob medida para nós? Mas o mais
maravilhoso da coisa é que nosso amigo, o Sr. Darode, que se encontrou
fielmente na saída e que motivos sérios tinham segurado longe de nós nos dias
precedentes, se acomoda perfeitamente com uma tal situação e a declara tal como
ele a teria querido escolher. Agradeçam então conosco, caros irmãos, o bom
Mestre que se dignou tratar tão suavemente seus servos.
O mar nos satisfaz muito bem até o momento; o tempo é muito lindo, o vento
calmo. Tomamos banhos todos os dias, fora do primeiro, quando as condições não
estavam boas para mim.
Até agora não pudemos dar nenhum passo em vista da fundação de uma Conferência.
O irmão Paillé pretende, no entanto, que uma visita que fez, por uma feliz
circunstância, numa família pobre e a esmola que lhe deu de uma moeda de vinte
centavos são os primeiros indícios de uma Conferência ainda para nascer; desejo
de todo o meu coração que ele tenha profetizado. Ele dormia, esse bom irmão, no
canto da mesa onde estou lhe escrevendo; acaba de acordar e, entre dois sonos,encarrega-me
de assegurá-lo de suas ternas lembranças. O Sr. Darode quer também que eu diga
algumas palavras em seu nome. Só temos de louvar-nos pelo amável caráter e
pelos costumes eminentemente sociáveis desse excelente jovem. Ele ama
sinceramente o bom Deus e é muito apegado à sua fé; tenho confiança que ficará
no bom caminho, qualquer que seja a direção que tome. Reze bem por ele;
está muito preocupado com seu futuro.
Acompanhamos da melhor forma possível todos os exercícios de nosso regulamento;
os da manhã, sobretudo, são invariavelmente observados; vamos três vezes por
dia pelo menos à igreja, e ficamos muitas vezes na presença do divino Senhor.
Preciso dizer, caríssimos amigos e irmãos, que os integramos em todos esses
atos e que nossa alma está sempre unida à sua? É suave para nós sonhar que, de
seu lado, vocês rezam também por nós e que essa mútua caridade alegra o coração
de nosso Deus.
Escrevam-nos, caros irmãos, sem demora alguma. Temos pressa de receber notícias
suas. Ficar-lhes-ei grato por nos responderem quanto antes. Assegurem nosso bom
padre Beaussier dos respeitosos sentimentos de seus dois filhos ausentes.
Deploramos muito não tê-lo conosco: o mar lhe teria sido muito suave, estou
muito persuadido disso.
Abraço meus excelentes amigos, os Srs. De Malartic e Hello, sem esquecer nossos
amigos tão dedicados, os Srs. Lecoin, Boutron, etc.
Peço ao irmão Myionnet que me diga algumas palavras a respeito do pequeno
soldado e do meu pobre penitente de Necker.
Adeus, caríssimos amigos; coloco-os todos juntos, e separadamente também, nos
Corações divinos do Salvador e da Santíssima Virgem Maria, nossa Mãe, e uno-me
a vocês num santo abraço.
Seu afeiçoado Pai e irmão em N.S.
Le Prevost
P.S. --- Se o Sr. Beaussier estiver ausente, poderiam mandar-nos, após tê-los
lido, os números de l`Ami
de la Religion?
O correio da pequena rua do
Bac faz essas entregas por 3 ou 5 centavos.
Recomendo ao nosso caro menino Gabriel ser bem fiel a todos os seus exercícios
e deixar-se corrigir, como lhe disse, por meu outro filho Maignen; abraço-os
ternamente a ambos.
Ainda não terminei meu
relatório e encontro sempre dificuldade em trabalhar.
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