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Jean-Léon Le Prevost
Cartas

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  • Cartas 101 - 200 (1843 - 1850)
    • 199 - ao Sr. Maignen
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199 - ao Sr. Maignen

A beleza do lugar onde trata de sua cura não apaga sua saudade da Comunidade de Grenelle. Desejo de ver diversificarem-se os tipos de obras, para que almas dedicadas e generosas possam empenhar-se na mesma vida de oração e de caridade. Haurir o amor de Deus e do próximo nos Corações de Jesus e de Maria. Desejo do dom de oração contínua.

 

Saint Valéry-en-Caux, 24 de julho de 1850

            Caríssimo filho em N.S.,

 

            Não se passará, agora, um grande número de dias antes de reencontrá-lo. Contamos partir sexta-feira, dia 2 de agosto, quer dizer, daqui a oito dias. Teremos tomado, então, 22 ou 23 banhos. É o bastante para produzir bom efeito e, como a estação foi perfeita, tenho confiança de que nossas saúdes experimentarão realmente alguma melhora. Apesar dos belos campos, do ar livre sob as grandes árvores, dos magníficos aspectos do mar, não podemos impedir-nos de ficar com saudade de nossa pobre casinha de Grenelle, do nosso jardinzinho tão estreito e tão apertado. Aí está a nossa vida: aí está o divino Mestre que nos conduz e cuja terna bondade nos atrai; aí estão nossas bem amadas crianças e nossos irmãos, cuja terna caridade faz a paz de nossos dias. Chegamos a desejar que todo esse querido ambiente pudesse transportar-se para estes campos tão vastos, tão livres, tão isolados do mundo e do barulho, onde se sente somente a Deus manifestado em suas obras. Mas achamos que, para tal existência, é preciso uma plenitude de vida, uma aplicação habitual a Deus, uma potência de atração para ele que domina todo o ser e o absorve nele. De outro modo, e num estado de graça inferior, não sentiríamos nossos anseios preenchidos, sentir-se-ia um vazio e acreditar-se-ia que os dias são mal empregados. Tanto é verdade que a sabedoria divina calculou tudo em vista das necessidades diversas das almas, como fez a água para os peixes, o ar para o pássaro e a terra para as outras criaturas.

 

            Para nós, caro filho, nossa vida é Deus em si mesmo e na caridade; por isso, estamos com pressa de voltar para perto de você para aí reencontrar essa atmosfera que a bondade do Senhor preparou para nós.

 

            Não estou pensando, caríssimo amigo, em nada mudar as coisas que a Providência divina tem, visivelmente, acomodado às nossas aptidões e às nossas forças. Gosto, assim como você, das nossas queridas pequenas obras, e espero morrer dando-lhes, até o último dia, meus cuidados. Penso somente que seu círculo atual é um pouco restrito e só pode convir  a um certo número de almas; que um pouco de ampliação seria melhor, a fim de que cada um pudesse achar junto de nós seu lugar e que ninguém se afastasse de nós por falta de obra para empregar-se. Ora, evidentemente, os patronatos e as Santas Famílias, por excelentes que sejam, não saberiam ocupar muitas almas, chamadas, como nós, à vida de oração e de caridade, mas que não teriam as mesmas aptidões ou disposições de espírito. Eis todo o meu pensamento. Ele é partilhado pelo Sr. Myionnet e não se afasta, creio, do seu próprio.

 

            Amanhã, quinta-feira, realizar-se-á aqui a primeira comunhão das crianças. Será para mim uma festa participar dessa emocionante solenidade. Em tais momentos, penso que, no meio de todas estas jovens almas, há muitas puras e cândidas que se unem ao bom Jesus num coração verdadeiramente amoroso e que o Coração do terno Senhor vibra com grande alegria. Invejo seu santo ardor e uno-me a elas para glorificar melhor a meu Deus. Nesta região de , sobretudo, as crianças são boas; deve haver entre elas e o divino Pai uma festa toda amável e sem perturbação nem pesar algum.

 

            Tivemos também, domingo, como suplemento de graça, a festa do Sagrado Coração, que se celebra tardiamente nesta diocese e que tivemos assim a alegria de solenizar uma segunda vez. Considero a atração que nos impele a todos para essa devoção aos Corações tão amorosos de Jesus e de Maria, como um dos maiores testemunhos da predileção do Senhor em favor de nossa pequena família. Se você, caríssimo filho, tem um espaço para mim no Santo Sacrifício, por minha vez, coloco-o cem vezes por dia nos Corações sagrados de Jesus e de sua Santa Mãe, pedindo que, ali, você tome inteira conformidade com suas adoráveis disposições, a saber, como você tão bem indicou em sua carta, o amor de Deus, o zelo das almas, a caridade indulgente e compassiva, o amor do desprezo, da pobreza, da cruz. Não se acha outra coisa nesses dois livros divinos e, se neles lêssemos toda a nossa vida, não aprenderíamos jamais outra coisa. Como isso é curto e como essa ciência estaria logo em nossas almas se não fossem  tão insensatas e tão rebeldes. Trabalhemos, caro filho, com todas as nossas forças para adquiri-la. Nossa vida será bem empregada se, no último dia, o bom Mestre achar que seus alunos sabem bastante bem sua lição.

 

            Estou feliz, caro filho, e bendigo a Deus pelo bom espírito que você demonstra em sua carta: é confiança ingênua e desejo simples de dar-se ao Senhor todo inteiro; com isso, e perseverando na oração e na humildade, atinge-se seguramente o fim.

 

            Rezo cem vezes por dia por vocês todos, mas não é ainda o suficiente, nem em quantidade, nem em ardor. Meu dever seria, como você diz, pedir incessantemente para você as graças do Senhor, a fim de que Ele mesmo supra a minha insuficiência. Peça, então, por seu pobre Pai o dom da oração constante e habitual, e tornar-nos-emos todos ricos, pois ele não cessará de haurir nos tesouros do divino amor para derramá-los a borbotões sobre nós.

 

            Adeus, caríssimo filho, abraço-o nos Corações de Jesus e de Maria com sua própria caridade.

            Seu devotado Pai e amigo em N.S.

 

                                               Le Prevost

 

            Peço a você, caro filho, para procurar com o Sr. Lecoin, num pequeno registro azul onde inscrevo endereços, uma anotação com uma pequena carta do Sr. de Bioncourt, indicando os nomes dos oradores que prometeram falar à Santa Família em todas as reuniões até o mês de setembro. Penso agora, escrevendo isto, que o Sr. de Malartic deve ter classificado essa anotação nas peças diversas em um bilhete. Precisaria ver o orador designado e assegurar-se bem de que ele não deixará de vir domingo. Escreva-me, logo que souber, a decisão do Pe. de Ravignan.

 

            Queria escrever algumas linhas para nosso querido Gabriel, mas é tarde demais hoje; rezarei, em compensação, um pouco mais ainda por ele.

 




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