Testemunho de amizade
e de comunhão na caridade. Gratidão por tê-lo substituído durante sua ausência.
Saint
Valéry-en-Caux, 27 de julho [1850]
Caríssimo Confrade e excelente amigo,
Aguardava dia após dia, para escrever-lhe algumas linhas, que tivesse recebido
algumas informações, que esperava, sobre o retiro da Santa Família,
para conversar sobre o assunto com você, ao mesmo tempo em que me
apresentaria à sua boa lembrança. Mas diversos embaraços atrasaram a chegada
das soluções que desejava. Não quero, portanto, adiar mais o envio destas
poucas linhas de boa e fraterna afeição. As ausências momentâneas não são sem
proveito para as verdadeiras e sólidas amizades: sente-se melhor então o valor
dessas almas fiéis e devotadas que o Senhor uniu a nós, para nos tornar menos
duro e menos cansativo o caminho da vida. Revê-se com mais folga todos os
testemunhos que foram recebidos de sua benevolente e generosa bondade e
sente-se aumentar para com elas sua gratidão e seu apego. É precisamente o que
sinto aqui, caríssimo amigo, para com os bons e afeiçoados Confrades que me
concedem uma indulgente amizade, e, de modo todo particular, para com você, que
não é nem o menos fiel, nem o menos devotado. Os anos já passaram sobre nossa
afeição e a consagraram; ouso dizer também que a firmaram e a fizeram crescer:
as velhas amizades são como os vinhos velhos, sempre mais generosos à medida em
que envelhecem. Tenho, portanto, a boa confiança, caríssimo Confrade e amigo,
de que o último dia nos surpreenderá ainda trabalhando em nossas pequenas obras
e por todas essas pobres pessoas a quem nos religam a caridade e o desejo de
lhes fazer algum bem.
Agradeço-o mil vezes, caríssimo amigo, pelos cuidados tão assíduos que concede
aos nossos pequenos negócios e pelo zelo tão cristão que o fez, em minha ausência,
assumir uma grande parte de meus encargos, junto com os seus. Espero que o bom
Mestre o recompensará como um verdadeiro e fiel servo; rezo a ele todos os dias
por você, a fim de que o abençoe, a você mesmo e a todos aqueles que lhe são
caros.
Não vou tardar, de resto, a me reunir com você, e farei todos os meus esforços
para, por minha vez, aliviar seu fardo, tomando toda a parte possível em nossos
pequenos trabalhos.
Escrevi ontem ao Sr.
Maignen e dei-lhe algumas informações que ele lhe comunicará, a respeito do
retiro. Estarei sábado, dia 3 de agosto, no meu posto, rua do Regard, se Deus
me quiser emprestar vida e força.
Até lá, tenha, caro amigo, algumas boas recordações de mim e creia em todos os
meus sentimentos de terna afeição.
Seu devotado amigo e irmão em N.S.
Le Prevost
P.S. --- Lembranças afetuosas a todos os nossos amigos.
O Sr. Paillé o agradece e o cumprimenta cordialmente.
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