Importância do
elemento sacerdotal no Instituto, para que as Obras atinjam sua finalidade. A
obra essencial por excelência para o Sr. Le Prevost: uma comunidade de homens
consagrados a Deus na vida religiosa e dedicados ao apostolado junto aos
operários e aos pobres.
Paris, 19
de setembro de 1850
Caríssimo amigo e irmão em N.S.,
Sua boa carta se cruzou com uma pequena epístola que acabo de escrever às
senhoritas Lesueur, para pedir-lhes que apressem sua resposta. Ela atrasou,
como o tinha um pouco presumido, unicamente por sua ausência e pelas excursões
caridosas, que você acaba de empreender.
Ficarei bem feliz por oferecer pessoalmente meu respeito ao seu venerável
Pároco, e o agradeço muito de antemão pela visita que prometeu me fazer. Estou
em Grenelle, rua do Comércio, 75, às terças-feiras e às sextas-feiras o dia
todo; nos outros dias, em Paris, rua do Regard (fora o domingo), do meio-dia a
uma hora e muitas vezes a manhã toda.
O bom jovem de quem lhe falei consentiria dificilmente em engajar-se para o
futuro, mas, para aliviar sua carga, ele poderia prover a manutenção de sua
vestimenta, por meio de algumas pequenas importâncias que sua mãe acha possível
fazer-lhe chegar.
Ofereça muitas vezes ao bom Deus, peço-lhe, pois me pareceria vir dele, o
bom pensamento que o incita às vezes a unir-se a nós. Somos bem pequenos, bem
fracos e, no entanto, o bom Deus nos ampara, abençoa nossos humildes trabalhos
e diz ao nosso coração que aceita nosso empreendimento. Em todas as nossas
obras, tendemos ao bem das almas, nosso único fim é trazê-las a Deus; mas,
quando as ganhamos, a quem conduzi-las? Os padres, todos zelosos e
benevolentes, sem dúvida, são ocupados e cheios de mil compromissos, só podem
nos dar momentos, em vez de apoiar nossas obras e de desenvolvê-las com
continuidade. Nossa pequena associação só achará seu complemento em sua união
íntima com alguns santos padres que quiserem bondosamente, na caridade e na
humildade do Senhor Jesus, aceitar-nos como irmãos e como amigos. Não é de
hoje, caríssimo amigo, você se lembra, que é questão, para nós, de associar
nossos esforços. Desde nossos inícios no exercício da caridade, tínhamos
pensado nisso seriamente. Mas, para realizar enquanto estiver vivo tão
desejável união, não se deveria afastá-la para um longínquo indefinido; estou
sempre doentio e meus dias, os tenho somente por favor, não podendo contar com
um longo futuro. Pense nisso, caro amigo e irmão em N.S. e peça ao divino Pai
suas santas inspirações.
Temos, neste momento, uma necessidade mais do que comum do socorro de suas
orações. Diversas coisas estão se movimentando ao nosso redor, que poderiam
influir sobre nossa pequena Comunidade (quanto aos seus destinos). Muitos
elementos se apresentam e parecem com boa disposição; vão fraquejar como tantos
outros que nos apareceram? É o segredo de Deus, estamos em suas mãos. Por outro
lado, dois ou três de nossos amigos do interior teriam a intenção de unir suas obras
às nossas. Eles sentem que uma fusão íntima, absoluta, seria o melhor meio, mas
encontram algumas dificuldades. Virão a nós? Então deixam por um tempo as obras
por eles iniciadas. Iremos, nós mesmos, a eles? Mas somos ainda poucos demais e
já sobrecarregados demais para nos separar ainda. Aí está o ponto a definir.
Parece-me que as obras têm uma importância acessória. Nascem às centenas todos
os anos e andam tão bem como podem no estado das coisas. Mas a obra essencial
por excelência e primeira seria formar e unir, em uma associação forte e
estável, operários dedicados, que sustentem e ativem todas essas obras
atualmente agonizantes, por lhes faltarem apoios estáveis, homens desprendidos
dos cuidados e dos interesses do mundo, que possam, não se emprestar, mas se
doar, se entregar por inteiro. Esse é nosso pensamento, o termo de nossas
aspirações. Você, caríssimo amigo, que uma tão terna caridade une a nós, peça todos os dias, conjuro-o, ao Senhor que Ele esteja conosco e
oxalá também, como marca de seu amor, Ele lhe incline totalmente o coração para
nosso humilde empreendimento.
Acredite-me, nos Corações divinos de J. e de M.,
Seu amigo e irmão
Le Prevost
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