Falecimento do pai de
Victor Pavie. O Sr. Le Prevost deixa falar um coração de cristão e de amigo.
Conselhos para a difusão de bons livros.
Paris, 21
de setembro de 1851
Meu caríssimo Victor,
Agradeço-lhe por me
dar minha parte na dolorosa provação que aprouve ao Senhor mandar-lhe; você não
se esquece de nós e, apesar de nossos longos silêncios, nosso coração lhe fica
também muito fiel.
Rezamos, meus amigos e eu, e nosso querido Clément em particular, por seu bom
pai, por sua filha, por todos vocês, que estão golpeados como na mesma
intensidade, de tão plena e comum era sua afeição. Se o cristão se pudesse
separar do filho, do amigo, lhe diria: morrer cheio de nobres trabalhos, de
afeições fiéis, de serviços prestados; morrer após uma carreira tão dignamente
cumprida, coroando-a por uma morte cristã, que fim lindo! Honras, pesares,
ternas rodas, santas esperanças, que lindo comboio para a morte! A esse preço,
quem não a amaria e não a desejaria? Console-se por esse pensamento, caro
amigo, e que sua amizade, sempre tão desinteressada, seja suficientemente
generosa agora para aceitar todo o bem que aconteceu a essa querida alma, ao
preço das dores que lhe deixa uma separação. Aí está o termo de todas as
grandes afeições: alimentadas pelo sacrifício, consomem-se no último, o mais
completo de todos, a morte. Amemos até lá os seres mais queridos, até cedê-los
a Deus, com a condição de que sejam felizes. Você, aliás, caro amigo, tão
poderoso pela tenacidade de suas afeições, pode melhor do que um outro
sustentar-se pelas recordações, tornar presentes a si mesmo os que não existem
mais, pelas vivas impressões de seu coração. Todos os seus amigos passados
estão aí, reunidos ou sobreviventes, e formam como um mundo seu, onde você
perpetua a vida continuando a amar.
Assegure a sua querida mulher de que a recomendo e ao caro filho que ela
deve lhe dar, às ternas solicitudes da Santíssima Virgem, nossa Mãe. Espero que
ela os cobrirá a ambos com sua poderosa proteção.
Não sei nada sobre a propaganda dos bons livros, não tendo cuidado
particularmente dessa obra tão útil. Creio somente que você deve saber excluir
e somente espalhar o que é verdadeiro; somente o puro pode ser benéfico.
Empresta-se com pesar e discrição e sabendo a quem, alguns livros de valor
médio como alguns dos que contêm nossas bibliotecas. Mas editá-los, distribuí-los,
abandoná-los, até extinção, a uma circulação ilimitada e sem freio, é uma
responsabilidade de consciência que não o aconselho a assumir.
Adeus, caríssimo, rezemos muito uns pelos outros, e, como quer São Francisco de
Sales, amemo-nos já na terra como nos amaremos no Céu.
Seu devoto amigo e irmão
Le Prevost
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