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Jean-Léon Le Prevost
Cartas

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  • Cartas 201 - 300 (1850 - 1855)
    • 229 - ao Sr. Paillé
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229 - ao Sr. Paillé

Deus quer a unidade da Comunidade nascente e a edificação mútua. Um candidato à vida religiosa se afasta da Comunidade. O Sr. Le Prevost pensa em refazer sua saúde na Normandia. O que enriquece a vida comum são “as orações e as obras de cada um, postas em comum e oferecidas por todos”, o Cristo acrescentando seus méritos infinitos.

 

Paris, 15 de agosto de [1852]

Festa da Assunção

            Caríssimo amigo e filho em N.S.,

 

            A divina Providência, cuja conduta é sempre tão terna para conosco, me poupou este ano e me tornou fácil, mais do que de costume, a preparação do retiro da Santa Família, para a qual vários elementos concorreram. No entanto, estou tão cansado, que o trabalho foi ainda muito pesado para minha fraqueza; tive, portanto, na minha caminhada, que deixar para trás a maioria de meus outros afazeres e em particular, caríssimo amigo, a resposta que teria gostado de dar, sem demora alguma, à sua boa pequena carta. Hoje, como o retiro está perto de terminar, apresso-me a escrever-lhe duas linhas para tranqüilizá-lo sobre o estado de todos os nossos queridos irmãos e sobre o conjunto das coisas que o bom Mestre nos confiou. Tudo vai bem, graças ao Senhor e à sua Santíssima Mãe. Nossos irmãos estão com saúde, nossas crianças também, nossas obras não sofrem demais e começam a se reerguer nos pontos onde se arrastavam; tenho, portanto, boa esperança para o futuro. Conto também, entre os meus motivos de consolação e de alegria, as piedosas disposições que você me exprime e  as resoluções corajosas nas quais  se entretém. Não duvidei um só instante, caríssimo filho, de seu coração e das boas inspirações que o Senhor lhe dará. Sua divina Sabedoria teve seus desígnios ao reunir-nos e, quaisquer que sejam suas intenções sobre o futuro de nossas obras, estou intimamente convencido de que sua vontade é que os primeiros elementos de nossa pequena família fiquem invariavelmente unidos, vivam e morram juntos, amparando-se, edificando-se um ao outro. Não vejo nenhum dentre nós que não esteja com esses sentimentos. Vamos conservá-los fielmente,  será nossa força e uma fonte de verdadeiras consolações para nós.

 

            Nosso bom amigo, Sr. Bonnat, não parece dever estar desse número; ele sente-se constantemente na necessidade de pertencer a uma ordem religiosa definitivamente constituída, que tenha um hábito e votos. Escreveu nesse sentido a nosso Padre Beaussier, que consente em ele buscar seu repouso numa outra via. Tinha, eu mesmo, dúvidas sérias sobre sua vocação, e só posso dar pleno assentimento ao desejo de nosso amigo. Envio-lhe, na carta anexa, um mandato de 70f que lhe será suficiente para chegar junto à sua tia ou à destinação que tiver escolhido. Rezaremos por ele e tenho a confiança de que continuaremos unidos na divina caridade.

 

            Como dizia-lhe no começo, caríssimo amigo, sinto um grande cansaço e estou um pouco esgotado. Creio que, para acompanhar utilmente nossos trabalhos neste inverno, tenho necessidade de refazer minhas forças por algum repouso; mas estou bem incerto sobre o meio a tomar; os banhos de mar são bons talvez, mesmo na estação tardia, para as pessoas mais fortes do que eu, mas recordo-me de que, nos dias frescos, os banhos me faziam  tossir e me irritavam muito o peito. Como você está no próprio local, será melhor juiz, caro amigo, do que convém  e pode ser útil: aguardarei, para me decidir, que você me tenha escrito de novo. Talvez quinze dias passados na casa de minha irmã, no bom ar da Normandia, me fizessem todo o efeito necessário e me recolocassem em boa forma. Aguardo, portanto, sua carta para tomar uma decisão sobre um ou outro meio.

 

            Nosso retiro da Santa Família foi muito bom, embora menos numeroso do que no ano passado; a festa e o fogo de artifício nos prejudicaram um pouco para a bênção do Santíssimo do dia da Assunção; mas, no conjunto, é um bom e santo empreendimento que o bom Mestre abençoou e pelo qual será grandemente glorificado, espero. Nosso caro amigo, Sr. Hello, seguiu os últimos exercícios do retiro e passou aqui dois dias conosco; esteve perfeitamente edificado com as  disposições de nossos bons operários.

 

            Estou feliz por pensar, caríssimo amigo, que a Providência tratou um pouco de dar-lhe em Saint Valery as condições melhores para descansar e se refazer. Acompanho-o pelo pensamento em suas pequenas peregrinações e tenho a confiança de que sua alma ganha tanto quanto o seu corpo com essas calmas distrações; aproveite, com  toda a paz, e faça para nós uma parte em suas orações e sacrifícios; assim é que se alimenta a vida comum: pelas orações e as obras de cada um, postas em comum e oferecidas por todos; o divino Mestre junta a isso sua entrada, quer dizer seus méritos infinitos, seu sangue e todo o seu amor. Felizes as famílias cristãs que sabem fazer para si um tal tesouro!

 

            Adeus, caríssimo filho, ficarei feliz em revê-lo; até lá abraço-o nos divinos Corações de J. e de M.

            Seu afeiçoado amigo e Pai

 

                                   Le Prevost




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