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Jean-Léon Le Prevost
Cartas

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  • Cartas 201 - 300 (1850 - 1855)
    • 230 - ao Sr. Myionnet
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230 - ao Sr. Myionnet178

Lástima do Sr. Le Prevost por estar longe de seus irmãos. A hora parece ter chegado de se consagrar a Deus pelos três votos: “nunca tivemos outro pensamento”. Apesar das provações, felicidade de ser chamado à vida religiosa.

 

St Valéry-en-Caux, 23 de agosto de 1852

 

     Caríssimo amigo e filho em N.S.,

 

            Se tivesse ligado para meu desejo, ter-lhe-ia escrito desde o dia após minha chegada, pois já me  parecia que o tinha deixado há muito, assim como nossos caros irmãos e nossas pequenas crianças. Aliás, não estou muito longe de vocês pelo pensamento, pois o irmão Paillé e eu falamos de vocês ou rezamos por vocês: dupla maneira de tornar presentes os amigos ausentes. As poucas linhas que estou-lhe escrevendo aqui serão mal legíveis, pois escrevo ao ar livre, com uma simples pedra como apoio dos pés.

 

            Ainda não adiantei muito minha estação de banhos, pois tomei somente dois até agora, o mar tendo sido encrespadodois dias. Hoje mesmo, as ondas estavam tão fortes que me derrubaram duas vezes com meu irmão Paillé, que queria me servir de apoio e que simplesmente caia comigo. Felizmente, não havia perigo. Qualquer que seja o tempo, favorável ou não, não pretendo prolongar muito minha estada aqui; na segunda-feira, acho, partirei para pagar à minha irmã a visita com a qual ela conta e que não saberia lhe recusar; após um curto descanso perto dela, retornarei para junto de vocês um pouco mais forte, espero, bem decidido, em todo o caso, a trabalhar da melhor forma possível com vocês pela glória de Deus e pelo sustentáculo de nossas obras que não têm outra finalidade. Procuro aqui mesmo não ficar inteiramente inútil; acabo de escrever longamente ao nosso Padre Beaussier, para que reze ardentemente por nós com as santas almas que o cercam; comunico-lhe ao mesmo tempo os poucos pensamentos que vieram em nossa mente e peço-lhe seu parecer sobre diversos pontos que nos interessam. A reflexãofez confirmar-me no sentimento de que o divino Mestre nos pede para dar mais um passo a seu serviço, para apegar-nos a Ele por um laço mais forte e unir-nos ao mesmo tempo uns aos outros mais firmemente do que no passado. As disposições de cada membro da Comunidade tomado separadamente são perfeitas: espírito, coração, forças, tudo pertence a Deus e é para Deus; é preciso unir e fundir  esses elementos preciosos, fazer deles uma força comum, um amor comum e empregar esse poderoso meio para glorificar o Senhor, nos santificar a nós mesmos e ajudar na salvação de nossos irmãos.

 

            Será que já tivemos um outro pensamento e não esperamos tudo de Deus? Como, portanto, ele nos rejeitaria, Ele que procura os que fogem dele e que bate à porta que se fechou diante dEle? Sinto-me cheio de esperança; veniens veniet [ele virá chegando], nos repete muitas vezes nosso bom Pe. Beaussier; o Senhor vem, seu dia chegará; tenhamos paciência e perseveremos, já assim mereceremos bem do nosso Deus. Pois a paciência nos une ao Coração de Jesus, a perseverança é um sinal da confiança e do amor.

 

            Gostaria de poder escrever aqui algumas linhas particulares para cada um; mas, ao tornar-se tão geral, minha carta não atingiria mais a ninguém. Limito-me a recomendar aos nossos queridos irmãos que esqueçam as poucas dificuldades e penas de cada dia para pensar na graça imensa que Deus lhes tem feito ao confirmá-los na , ao dar-lhes tantos meios de preservação e de salvação; mal tenho posto um fora da nossa Comunidade e percebo somente por um curto instante algumas cenas do mundo. Oh! como elas me fazem apreciar o estado santo em  que estamos colocados, como  me mostram as dificuldades da salvação numa tal atmosfera; como são felizes aqueles que Deus pôs ao abrigo num ar mais puro e que Ele faz andar sob seu olhar, ao som de sua voz paterna! Digne-se o Senhor guardar-nos a todos assim, até o nosso último dia.

 

            Ficarei encantado se receber uma pequena palavra particular de cada um dos irmãos que tiverem um momento de folga a me consagrar. Responder-lhes-ei também e isso tomará o lugar do pequeno colóquio que temos cada semana juntos. Não recomendo ao nosso caro padre Lantiez seu pequeno noviciado e a alma de suas pequenas crianças; ele as tem todas em seu coração e as choca como uma galinha que tem seus filhotes debaixo das asas. Imita assim nosso bem-amado Jesus, que se ofereceu a nós sob essa doce imagem. Meu filho Maignen pode comprar definitivamente o Cristo de Fiesole; decidimos, meu irmão Paillé e eu, que venderíamos a Santa Barba que está na rua do Regard, para cobrir uma parte da despesa. Peço-lhe para ver o Pe. Bourard e dizer-lhe que irei visitá-lo na minha chegada; de outro jeito, eu pareceria sem civilidade com ele. Abraço-os a todos bem ternamente, caríssimos filhos, meu afastamento me faz sentir mais vivamente ainda o quanto vocês me são caros; unamo-nos nos Corações divinos de J. e de M. para atravessar esse mundo e atingir a eterna união que nos espera em Deus.

 

            Seu amigo e Pai em N.S.

 

                                               Le Prevost

 





178 A carta é endereçada ao Sr. Myionnet, rua de lArbalète. Após a de 1832, uma nova e grave epidemia de cólera se tinha abatido sobre Paris em 1849, fazendo um grande número de órfãos. O Sr. LP. tivera a idéia de acolher uns cinqüenta deles, no quadro das Conferências. Desejoso de alargar o círculo de suas obras, acha para alugar uma casa para seu próprio Orfanato. No dia 2 de fevereiro de 1851, instala-se no no 39 da rua de lArbalète (39bis nos endereços das cartas), no bairro da rua Mouffetard. O irmão Myionnet é seu primeiro diretor e o Sr. Lantiez o primeiro capelão. No dia 8 de fevereiro de 1854, o Orfanato, e seus 90 meninos, deixará a rua de lArbalète para se instalar em Vaugirard, na rua du Moulin, (que se tornou, em 1877, rua de Dantzig).





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