Importância de uma
correspondência regular. Atividades das Obras de Paris. Papel da oração cristã:
que Deus “se digne de tudo fazer Ele mesmo”, pois, somos uns servos inúteis.
Devoção ao Sagrado Coração.
Paris,
15 de junho de 1853
Já esperava há um certo tempo notícias suas, pois faz muito tempo que não
nos escreve. Desejávamos, aliás, saber como vai Jules Sausset, cuja saúde
estava ainda bem frágil quando nos deixou. Enfim, a família do jovem Marcaire
desejava vivamente saber que você estava contente com ele e que lhe
concebia alguma boa esperança. Peço-lhe, caríssimo amigo e filho, para
nos tranqüilizar sobre esses diferentes pontos e nos dizer também tudo o que
concerne a você e às suas crianças e às suas obras: tudo isso nos é
comum, não devemos perder isso de vista por um prazo demais prolongado,
para que tanto nossa atenção, como nossa afeição, sempre esteja ocupada com
isso.
O Sr. Vasseur me diz
que talvez seu inventário, que se faz anualmente nesta época, pôde impedi-lo de
nos dar sinal de lembrança. Se fosse assim, caríssimo amigo, você poderia, sem
fazer uma correspondência longa, escrever-nos somente algumas linhas, que nos
tranqüilizassem sobre você e sobre os seus.
Aqui vamos indo como de costume, bastante bem e com as boas disposições de
todos. O bom Mestre é sempre cheio de misericórdia para conosco, seus indignos
servos, e digna-se abençoar nossa pequena família e seus humildes trabalhos.
Não temos fatos novos merecendo menção. Duas novas Santas Famílias
estabelecidas, uma em Grenelle, a outra nos Gobelins, na vizinhança da rua de
l’Arbalète, funcionam bem e parecem prometer uma ação feliz. Nosso irmão
Maignen trabalha sempre com ardor no seu Patronato que cresce e anda bem.
Fadiga-se muito, está atualmente com uma sobrecarga de trabalho por
alguns dias; reúne o dia todo na rua do Regard as crianças da Paróquia que
estão em retiro para a Primeira Comunhão. Deste modo, as crianças estão menos
dissipadas, não correm pelas ruas e se preparam melhor para a grande ação que
vão fazer. Ficam ocupadas, aliás, com alguns piedosos exercícios durante o dia.
Creio que sairá algo de bom dos sacrifícios que se fazem por esta boa obra.
Seu caro filho, o Sr. Vasseur, até agora, vai muito bem entre nós, começa a
tomar o conhecimento e o gosto das coisas espirituais, sem perder, de jeito
nenhum, o amor por seu trabalho; tenho boa esperança para o seu futuro. Mas tão
pouca coisa basta nessa idade para pôr o espírito fora de seu caminho, que
precisa sem cessar vigiar e orar. Reze muito, portanto, caro amigo, por esse
querido filho que já lhe deve tanto e que lhe deverá mais ainda se você
assegurar sua perseverança e sua confirmação no bem.
Nosso irmão Maignen prepara um regulamento para seu patronato, ele o comunicará
a você. Tem também um relatório bem feito sobre a casa de patronato da rua
Saint Quentin185; ele o comunicará a você, se isso lhe agradar.
Adeus, caríssimo amigo e filho, reze sempre muito por nós e por todas as almas
que o bom Mestre nos permite sustentar um pouco; é uma tão grande tarefa e
somos tão insuficientes. Que o Senhor se digne de tudo fazer Ele mesmo, pois
não prestamos para nada de bom e de santo.
Abraço-o ternamente nos Corações de J. e de M.
Seu devotado amigo e Pai em N.S.
Le Prevost
Recomendo-lhe o livrinho do Mois
du Sacré Coeur;
esforce-se para que esse bonito mês não passe despercebido.
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