À procura de
benfeitores para seu Orfanato, o Sr. Le Prevost dirige uma súplica ao
Imperador. (Ela não terá o êxito pretendido, cf. Carta 257.1, março 1854).
[fim de
1853]
Senhor,
O suplicante abaixo-assinado tem a honra de expor à Sua Majestade que,
vivamente tocado pelo estado de sofrimento e de abandono em que se encontram as
crianças da classe operária ou indigente, quando ficam privadas de seu pai ou
de sua mãe, abriu há três anos, de acordo com alguns amigos consagrados
inteiramente, como ele, às obras de caridade, uma casa para a educação de
jovens meninos órfãos, rua de l’Arbalète 39 bis.
O estudo, que o expoente pôde fazer há vários anos das necessidades dos pobres,
o convenceu de que convém em geral deixar seus filhos seguir sob seus olhos as
escolas públicas e colocá-los mais tarde com uma certa direção nas oficinas,
para aprender uma profissão. Mas essa caminhada, natural e sábia nos casos
ordinários, torna-se impraticável, quando o laço da família é quebrado pela
morte do pai ou da mãe. O operário, uma vez viúvo, abandona em casa seus
filhos, que ele não pode vigiar. A mulher, privada de seu marido, é obrigada a
trabalhar fora. Em um e outro caso, é necessário que a caridade intervenha e
recolha as crianças, sob pena de vê-las cair na desordem e na vadiagem.
No entanto, Senhor, um só estabelecimento existia até esses últimos tempos no
departamento do Sena para os jovens meninos pobres; além disso, não era
reservado aos únicos órfãos e achava-se, conseqüentemente, lotado.
Foi para satisfazer uma necessidade tão urgente e, infelizmente, tão comum que
foi formada, sob o patrocínio de Monsenhor o Arcebispo de Paris, a Casa dos
Órfãos de São Vicente de Paulo.
Ela recebeu, há três anos, 120 meninos, entre os quais 75 ainda se acham no
estabelecimento, e os outros, após sua educação terminada, foram colocados em aprendizagem. Além
disso, 500 outros foram apresentados, com todas as condições necessárias para
serem admitidos, os quais deveriam ter encontrado lugar, se o estabelecimento,
fundado com recursos por demais módicos, estivesse em condições de acolhê-los.
Essa experiência, não deixando mais dúvida sobre a utilidade da instituição, e
parecendo ter chegado o momento de assegurar-lhe uma situação definitiva, que
será suficiente para as necessidades atuais e permitirá mais tarde alguns
desenvolvimentos, o abaixo-assinado acreditou dever adquirir, em Vaugirard, uma
propriedade vasta e bem situada, mas onde quase tudo está para fazer no tocante
à adaptação e à instalação.
Nesse instante tão decisivo para o futuro da obra, os que a fundaram ousaram
esperar, Senhor, que sua Majestade se dignaria assisti-los com seu
generoso apoio, para prover os encargos de uma aquisição que, acrescida às
despesas de adaptação, ultrapassa 100 000f, e dar, assim, uma consistência assegurada
a um estabelecimento verdadeiramente necessário às classes operárias e
indigentes.
Eles solicitam de Sua Munificência Imperial um socorro de 3000f, a título de
encorajamento para as despesas de instalação, e a fundação de algumas
meias-bolsas, ao preço de 3000f,
que estariam à disposição de Sua Majestade para as crianças pobres que Ela
quisesse favorecer.
Graças a esse apoio oportuno, a obra definitivamente fundada prosseguiria seus
desenvolvimentos e testemunharia com tantas outras das paternais solicitudes de
Sua Majestade, em favor das classes pobres e sofredoras. Graças a essa marca de
Sua Munificência Imperial, nossos órfãos seriam garantidos contra privações e
incômodos duros demais, e a obra seguiria sua caminhada sem obstáculos.
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