O Sr. Le Prevost apóia
o projeto de compra de uma nova casa em Amiens. Mas faz questão de saber quais serão as
suas finalidades. Querer somente o que Deus quer.
Saint
Valéry-en-Caux, 5 de setembro de 1854
Caríssimo amigo e filho em N.S.,
Nosso irmão Myionnet me manda sua última carta a Saint Valéry, onde vim
passar três ou quatro dias, para ver o irmão Paillé, indo à casa de minha
irmã, onde devo ficar até terça-feira. Essa ausência, por breve que seja, é
ainda longa demais, pois não podemos muito nos afastar da casa sem
inconveniente. Acho em particular hoje o de ter perdido a visita do Sr. Decaix,
que desejava muito conhecer; mas espero que ele não terá deixado Paris quando
eu retornar para lá, na terça-feira próxima, 12. Sei qual é seu zelo pelas
obras e todo o bem que ele pode fazer nelas.
Aprovo seu projeto para a compra da casa contígua à que você adquiriu; receio
somente que suas buscas de subscritores chamem a atenção, atraiam concorrentes
e façam, pelos lances, encarecer a casa, além de seu valor. Procure agir sem
muito barulho, assim como você faz habitualmente. O caso parece pedir essa
atitude.
Não duvido de que o irmão Myionnet, que leu sua carta antes de mim, tenha
pedido as orações da Comunidade na intenção deste projeto; o irmão Paillé e eu
uniremos as nossas às dele e faremos a Santa Comunhão no mesmo pensamento.
Todos queremos somente a glória de Deus e sua santa vontade; tenho plena
certeza de que você renunciará a esse projeto sem nenhuma dificuldade, se não
for evidente que Deus o quer; estamos convencidos demais de nossa ignorância em
todas as coisas e de nossa incapacidade, para não nos deixar guiar passo a
passo por sua divina Sabedoria; é o abc dos servos do Senhor: renunciarem à sua
vontade, desconfiarem de si mesmos e abandonarem-se totalmente a Ele.
Tinha-lhe pedido em uma de minhas precedentes cartas, caríssimo amigo, para me
dizer que idéias você tinha precisamente, sobre a casa que você adquiria; deve
fazer dela um centro de diversas obras, como a casa da rua do Regard que contém
o patronato, a biblioteca da Santa Família, os fornos para os pobres, etc., ou
você pensa somente em alojar ali jovens operários e em abrigar ali dois ou três
de nossos irmãos, que sairiam para as diversas obras nas quais se acharia dever
empregá-los? Desejaria conhecer mais precisamente suas intenções a esse
respeito, se, todavia, elas são bem fixas para você mesmo. Conceberia, com
efeito, que você ainda não tivesse nada bem determinado, e que a compra da
segunda casa, se acontecesse, traria alguma modificação a seus planos
primitivos. Diga-me algumas palavras sobre esse ponto na próxima ocasião: elas
colocarão mais nitidez em minha mente. Até o fim desta semana, se você me
escrever, deveria me escrever aqui; é incerto se minha irmã, que eu devia ir
visitar, não virá ela própria passar alguns dias aqui para firmar sua saúde,
que foi muito abalada durante a última estação. De qualquer jeito, o irmão
Paillé, que ficará aqui até o fim da semana, me traria sua carta. Retornarei
terça-feira, 12, para Paris. Espero que encontrarei ali ainda o Sr. padre
Decaix.
Assegure todos os nossos bons amigos de Amiens de minhas bem afetuosas
lembranças; não saberia dizer-lhe quanto nos são preciosos os laços que nos
ligam a eles; se, como devemos pensar, a Providência chama nossa pequena
família a crescer e a se espalhar em outras províncias, não esqueceremos que é
de Amiens que nos veio a primeira marca de simpatia e que alguns irmãos nos
foram suscitados. Contamos essa graça entre as mais preciosas que o Senhor nos
tenha feito e agradecemos a ele por isso todos os dias do mais profundo de
nosso coração.
Apresente meu respeito ao Sr. Padre Cacheleux, cuja benevolência e cujos
conselhos são bem felizes para nós; parece-me que a Providência o destinaria a
fazer para a Casa de Amiens o que nosso Padre Beaussier está fazendo aqui por
nós.
Adeus, caríssimo filho e amigo, abraço-o em nome de todos e o asseguro
como sempre de meus ternos sentimentos em Jesus e Maria.
Le Prevost
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