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Jean-Léon Le Prevost
Cartas

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  • Cartas 201 - 300 (1850 - 1855)
    • 274 - ao Sr. Levassor
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274 - ao Sr. Levassor

Impossibilidade de mandar irmãos a Chartres. Exposição dos encargos que pesam sobre a Comunidade. Razões que determinaram o Sr. Le Prevost a mandar dois irmãos a Amiens. Qualidades exigidas para uma vocação.

 

Vaugirard, 25 de setembro de 1854

 

            Caríssimo amigo e irmão em N.S.,

 

            Demorei um pouco para responder à sua boa e afetuosa carta. Queria a todo o custo satisfazê-lo e testemunhar-lhe nossa viva simpatia por suas obras. Procurei, do fundo de meu coração, em nome de nossa velha afeição à qual você apela, dar-lhe satisfação,  mas sobretudo para o bem e para a glória de Deus que queremos de ambos os lados; acredite que, se não entro mais completamente em suas intenções, é por incapacidade, não por falta de vontade.

 

            Não podemos mandar-lhe um irmão imediatamente; a Providência, que desenvolveu tão lentamente nossa pequena Comunidadequis, para melhor nos fazer sentir nossa fraqueza, que encargos multiplicados pesassem ao mesmo tempo sobre nós. Assim, temos, neste momento, ao mesmo tempo, que completar a fundação de nosso estabelecimento de órfãos, que tem cem meninos a conduzir e a sustentar, sem contar os aborrecimentos dos prédios e construções, a criação de um asilo novo para nossos idosos de Nazareth, de quem os demolidores derrubaram a casa; temos o transporte de todas as nossas obras da rua do Regard para o antigo local destinado aos Capuchinhos, local que tem 3 células para irmãos, mas nenhuma construção, a não ser uma pequena capela inacabada. Enfim, o assento definitivo de uma pequena fundação há muito tempo esboçada na província e para onde devemos mandar dois irmãos. Se o próprio  bom Mestre não tivesse cuidado de nos proporcionar uma tal situação, ficaríamos, com razão, apavorados, mas não fizemos nada senão obedecer, parece-nos, às suas prescrições: temos confiança portanto e vamos para frente. Mas você entende, caríssimo amigo, que não é sem dificuldade e sem trabalhos que nosso pequeno rebanho terá bastante condições para arcar com sua tarefa, embora esteja um pouco crescido desde que você o viu.

 

            Parece duro responder por desculpas a um pedido tão comovedor como o seu. Parece-me que, se pudesse ir eu mesmo ajudá-lo, na falta de outro, seria minha alegria trabalhar com você, também minha consolação mais suave ver um ramo de nossa pequena família implantar-se perto de você, à sombra de Notre-Dame de Chartres, mas a impossibilidade por demais real, demasiadamente invencível está aí. Você me perguntará como encontramos, no entanto, meio de destacar juntos dois irmãos para um outro ponto da província. A coisa se explica. Há muitos anos, um homem, totalmente dedicado à caridade, e que sustentava sozinho diversas obras muito interessantes, teve o humilde pensamento de unir-se a nós, de associar-se à nossa pequena família; sucessivamente, ele decidiu alguns bons jovens a vir fazer conosco um tipo de noviciado; enfim, quando o momento pareceu-lhe ter chegado de estabelecer perto dele uma pequena colônia de nossa obracombinou conosco as medidas a serem tomadas.

 

            Sem deixar de seguir para Chartres um  caminho semelhante, importa, contudo, prover às necessidades presentes. Proponho-lhe este expediente: um moço de 33 anos, que tinha ajudado durante vários anos em Bordeaux o Sr. padre Lange, na conduta de uma obra de órfãos que não pôde alcançar bom êxito, apesar dos mais louváveis esforços e de uma admirável dedicação, tinha pedido para entrar em nosso grupo e, com efeito, ficou conosco durante 7 meses. Mas a vida um pouco sedentária demais que lhe proporcionamos causava-lhe dores de cabeça freqüentes, talvez também a regularidade um pouco estrita apresentava algumas dificuldades para ele. Teve que voltar para perto de sua irmã residente na Bretanha, para se refazer e assegurar-se bem de sua vocação. No entanto, esse jovem tem boas qualidades; tem a experiência das obras; é seguro e desinteressado; tem o desejo do bem e uma piedade satisfatória. Você poderia confiar nele e encontrar uma ajuda muito útil. Acabo de lhe escrever para falar-lhe de suas obras e da necessidade que você teria de assistência. Tenho motivo para pensar que este posto é precisamente feito para ele e, se o aceitasse, tudo me faz pensar que você seria satisfeito.  Ele é ativo, não lhe falta educação; apresenta-se bem, tem o tom conveniente e polido; somente sua primeira educação tem sido um pouco descuidada; fala com um tom e expressões provinciais e, embora redija muito facilmente, não o faz sem incorreção nem erros de ortografia. Eis os pontos positivos e os fracos. No conjunto, pode ajudá-lo muito com iniciativa, atividade, perseverança, exatidão. Aguardo sua resposta, que não o comprometerá em nada. Desde que a tiver recebido, o informarei e você julgará qual será a melhor decisão.

 

            Eis tudo o que seu velho amigo pode fazer neste momento; é muito menos do que teria querido por você, por seu venerável pároco, pelo excelente Sr. Delorme. Mas ele guarda esperança para o futuro e promete-lhe associar-se às suas boas obras desde que o bom Mestre lhe  tiver dado os meios para isso.

            Agradeça o Sr. Delorme pela sua amável lembrança, assegure-o de nossa sincera dedicação. Não esqueci da boa confraternidade que nos unia aqui, e, apesar da distância, estou feliz por continuá-la e entretê-la.

 

            Adeus, caríssimo amigo e irmão, escape por  um momento, quando vier a Paris, para fazer-nos uma pequena visita: há um só coração entre nós; mesmo depois de longas ausências, nos reencontraremos sempre, espero, amigos, irmãos em Jesus e Maria.

 

            Seu todo afeiçoado

 

                                               Le Prevost

 

 




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