O Sr. Le Prevost
concorda em adquirir uma casa. Disposições a tomar para o envio de dois irmãos
a Amiens. O Sr. Caille será o superior da pequena comunidade.
Vaugirard,
6 de outubro de 1854
Caríssimo amigo e filho em N.S.,
Concordo plenamente com você e acho
inteiramente satisfatórias as explicações que me dá a respeito de sua
aquisição. O que fez era o que as circunstâncias permitiam de melhor e podemos
esperar que tudo foi resolvido segundo a vontade de Deus. Continuemos a nos
abandonar a Ele, que nos inspirará o que teremos de fazer para Lhe tornar
nossas obras constantemente agradáveis.
Seguirei
seu desejo para a designação dos irmãos que deverão partilhar seus trabalhos
em Amiens e, após o retiro, manter-se-ão prontos a ir perto de você, logo
que sentir a necessidade. A esse respeito, veio-me um pensamento que acho dever
comunicar-lhe, deixando-o inteiramente livre de não adotá-lo, se não achar útil
segui-lo. Parece-me que a introdução dos irmãos em Amiens, embora preparada há
muito tempo por seus cuidados benevolentes, sempre será um tipo de
acontecimento que será julgado e acolhido de diversas maneiras. Ao meu agrado,
quanto menos se fizesse com aparato, mais despercebido passaria e mais chance teria
de êxito. Esses estranhos que chegarão aí para se instalar em suas obras, sem
missão bem estabelecida, sem hábito para se fazer respeitar, serão, para
muitos, objeto de curiosidade e de desconfiança antes do que de afeição e de
simpatia. Acho, portanto, que, para se fazerem aceitar, deveriam se tornar bem
humildes, bem pequenos e entrar, por assim dizer, incógnito. Assim, em vez de enviá-los juntos com um irmão
antigo, que iria os instalar com uma espécie de solenidade, eu proporia
lhe encaminhar em primeiro lugar somente o irmão Vince, sem acompanhante.
Iria para guardar a casa e ajudá-lo nas suas pequenas arrumações interiores.
Sua chegada não faria sensação alguma e, como ele é muito sociável e atencioso
com todos, como saberia certamente se tornar útil, se acostumariam depressa a
ele. No seu isolamento, não faria sombra a ninguém e pareceria, de verdade, o
que esperamos dele, com efeito: um agente dedicado, um guardião fiel para as
obras, não uma força, um poder que vem afirmar-se e tomar um papel de direção
em suas obras. Após um pouco de tempo, quando se tivessem acostumado a vê-lo,
lhe tivessem arranjado seu lugar, mandaria vir um secundo para ajudá-lo e
partilhar seus trabalhos, o que passaria então sem dificuldade. À primeira
vista, a coisa se apresenta a mim, desse modo, bem mais praticável e bem mais
segura. No entanto, se você, que conhece melhor as pessoas e pode julgar melhor
a situação, acha que minhas desconfianças são tímidas demais, que se pode
proceder mais corajosamente e que vale mais apresentar de uma vez nossos dois
sujeitos, como irmãos de São Vicente de Paulo, enviados pela casa de Paris para
ajudarem as obras de Amiens, confio em você e conformar-me-ei a seu parecer.
Peço-lhe, somente, para refletir nisso um pouco diante de Deus e pedir suas
luzes antes de tomar sua determinação.
Há outro ponto que parece plenamente indicado
de antemão e do qual pareceria supérfluo cuidar, mas que acho oportuno, porém,
determinar bem nitidamente. Embora suas ocupações ainda não lhe permitam fundir
inteiramente sua vida com a dos irmãos que vão se juntar a você e que lhe seja
possível, sem dúvida, assistir a suas atividades somente de modo bem irregular,
acho que será necessário que você seja o Chefe e Superior constituído da
pequena comunidade. Na sua ausência, o irmão Vince o substituirá, mas na sua
presença, ele será somente seu assistente. É absolutamente necessário que as
coisas sejam assim nitidamente colocadas. De outra forma, haveria mal-estar,
embaraço na situação, e a comunidade assim como as obras sofreriam. Você
entenderá isso facilmente, caro amigo, e acho que concordará plenamente
comigo a este respeito.
Você não tem que recear que essa arrumação lhe
seja um embaraço na posição que está obrigado a guardar ainda por um ano nos
negócios. Os detalhes de sua vida pessoal não dizem respeito a ninguém e podem
ficar ignorados de todos. Você saberá, portanto, conciliar temporariamente a
parte do Senhor e a deste mundo, até o dia bem-aventurado em que, rompidos
todos os laços terrestres, estará integralmente ao serviço do Senhor, não mais
somente de coração como hoje, mas em todos os momentos e atos de sua vida.
Adeus, caríssimo amigo e filho em N.S.,
assegure todos os nossos amigos de nossas cordiais afeições. Ainda não sei o
dia preciso em que começará nosso retiro. Farei prevenir nosso caro Sr. Giraud.
Peça-lhe para trazer a pequena calça que tinha mostrado como modelo ao irmão
Maignen e que se esqueceu de lhe deixar. Ficarei bem contente por ver se
conviria, como pensamos, para nossas crianças. Vamos aguardar, daqui a poucos
dias, nosso bom amigo, Sr. Tourniquet, que nos anunciou sua chegada do dia 12
ao dia 15 deste mês. Junto uma pequena carta aqui, em resposta à que me
escreveu.
Assegure nosso jovem amigo Crestel de minha
afeição bem verdadeira. Dou plena aprovação à arrumação que propõe, aguardando
o momento de seu serviço militar e, depois, o verei com alegria aqui para
continuar seu noviciado. Diga também algumas palavras bem amigáveis a nosso
caro Ernest Vasseur. Sua cartinha me agradou muito; que persevere, será um
verdadeiro servo de Deus, como seu irmão com quem estamos sempre contentes.
Você não me falou do jovem Mainville, que parece bem decidido a se juntar a
nós; o bem que me disseram dele me faz desejar vivamente que sua vocação se
confirme.
Eu não acabaria se quisesse mencionar todas as
almas excelentes de quem o Senhor o cercou. Encarrego-o por todos, pelo Sr.
Dupetit em particular, de minhas sinceras afeições e abraço-o, caro amigo, nos
Corações sagrados de Jesus e de Maria.
Seu amigo e Pai
Le Prevost
P.S. O irmão Vince, que se consola
de deixar seus irmãos, já que o reencontrará para acolhê-lo, lhe oferece, de
modo bem particular, seu respeitoso apego.
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