282 - ao Sr. Caille

A Comunidade tem necessidade de rostos alegres e abertos. As obras da capela de Nazareth. Doença do padre Viollat. Entrada do padre Roussel.

Vaugirard, 18 de novembro de 1854

            Caríssimo amigo e filho em N.S.,

            A saudade de seu jovem Crestel não tendo desaparecido, pensei que mais valia deixá-lo partir sem mais tardar, como o desejava. Somos tão acostumados em Comunidade a ver rostos abertos, corações expansivos, que um ar triste e constrangido faz todo o mundo sofrer. Temos dó desse pobre menino que, tendo mal sondado seu coração e mal estudado também os verdadeiros motivos que o atraíam para a vida comum, só encontrou decepção e aflição de espírito.

            Não tenho, por outro lado, nada particular a lhe assinalar, não quis somente que essa ocasião fosse perdida para nossas comunicações e, na falta de outra matéria, renovo-lhe ao menos o protesto do terno apego de todos os seus irmãos.

            Nossas obras da casa de Nazareth avançam ativamente, a capela que está na fase final, você sabe, estará pronta para o Natal. Será quase uma igreja, pois conterá facilmente 500 pessoas; será um grande recurso para as reuniões de piedade e retiros dos patronatos. Situada no meio do bairro tão pobre de Montparnasse, servirá também perfeitamente como um centro para uma Santa Família. Reze conosco ao Senhor, para que esse novo meio que Ele põe em nossas mãos não seja mal utilizado e que respondamos bem aos desígnios da divina Misericórdia.

            Recomendo às suas orações o último admitido de nossos irmãos eclesiásticos, nosso bom padre Viollat²⁰³; uma constipação, que ele tinha negligenciado no Seminário, voltou desde o inverno e o põe na impossibilidade de falar e até de confessar; fica quase constantemente no quarto e seu peito, auscultado pelo médico, não o deixou sem inquietação. Não desesperamos, todavia, mas é preciso rezar muito. Agrada-nos pensar que essa inação e incapacidade temporária de nosso amigo está providencialmente combinada para possibilitar a entrada de outro irmão eclesiástico, o padre Roussel²⁰⁴, que vai ser ordenado no Natal e que nos é reivindicado por diversos lados bastante vivamente. O mal-estar em que a doença do Sr. Viollat põe nossas obras pleiteará em nosso favor e nos ajudará, esperamos, a obter de Monsenhor o Arcebispo um novo testemunho de benevolência e de proteção.

            Adeus, caríssimo amigo, não nos mantemos senão pela oração; todas as nossas obras são tanto acima de nossas forças ou, antes, de nossa fraqueza, que a intervenção constante do socorro divino é evidente para nós; é o que nos torna fortes e confiantes, pois, quanto menor é a parte humana nas obras, tanto mais Deus se manifesta e  mostra seu poder e sua bondade.

            Seu amigo e Pai em N.S.

                                                           Le Prevost

            Aguardo sua resposta para o São José e o São Vicente de Paulo.