Como rezar. Exercício
da presença de Deus. Devoção a São José.
8 de março
de 1855
Caríssimo filho,
Vejo daqui o rosto todo sério, poderia dizer chateado, que você tem, cada vez
que pensa ou diz: “Eles se esquecem de nós em Vaugirard, não pensam muito em nós.” Pois é, caríssimo
amigo, pensamos muito em vocês em Vaugirard, os amamos sempre, rezamos
constantemente por vocês. Só que aquele que tem a missão, na maioria das vezes,
de lhes escrever, sendo muito ocupado, não acha facilmente o momento dessa doce
satisfação. Hoje, é depois da oração da noite que ele aproveita um breve
momento de lucidez, logo perdido no sono, para traçar-lhe às pressas algumas
linhas.
Já era tarde demais, caro amigo, quando sua pequena carta chegou: nosso pobre
Edmond213 já estava diante de Deus, que o terá acolhido na sua
misericórdia, esse pobre menino tendo muito sofrido e tendo-se mostrado manso e
paciente até o último instante. Reze por ele, tenho a confiança de que ele
rezará também por nós.
Não acho sua carta à disposição, por isso não a estou respondendo bem
diretamente. Lembro-me somente de que você se queixa de pouco e mal
rezar; procure amar e a oração virá; mas você diz: é pela oração que se obtém a
caridade e como amar se não podemos rezar? Ponha ao menos aos pés de Deus seu
desejo de amar e de orar, o desejo então já é um primeiro passo em direção a
Deus e aquele que deseja muitas vezes não fica sempre como está. Una-se então a
Deus pela fé, pelo desejo, pela humilde confissão de sua incapacidade.e você
tivesse, a vida toda, apenas isso para oferecer ao Senhor, Ele mais nada
pediria e você acharia graça diante dele. Não canse de exercitar-se à presença
de Deus morando no seu coração, procure descer para junto dele muitas vezes por
dia, nunca você irá ali sem achá-lo, nem habitualmente sem ouvi-lo. Ir a Deus,
escutá-lo, responder-lhe, o que é isso então, senão esta suave união tão
desejada, tão procurada por você? Diga-me, em sua próxima carta, quantas vezes
por dia você consegue retirar-se assim algum instante no fundo de seu coração;
espero que sejam muitas vezes.
Todos os nossos irmãos vão bem, o irmãozinho Ernest parece ter nascido na
Comunidade, de tão à vontade e em livre movimentação ele está.
Amanhã cedo, sábado, estaremos em Nossa Senhora das Vitórias, levá-lo-emos conosco,
assim como nossos irmãos Caille e Thuillier, aos pés da Santa Virgem e do bom
Pai São José. Rezaremos ardentemente por vocês. Iniciamos no mesmo dia a novena
que precede a festa: una-se a nós. Procure fazer com que São José seja amado na
sua casa e ao redor de você. Há tudo a ganhar sendo-lhe bem afeiçoado: ele pode
muito e é muito bom! Seus caros Restou concordam bem com isso, eles o abraçam
como nós mesmos o fazemos, bem afetuosamente em N.S., assim como meu caro filho
Firmin.
Seu amigo e Pai em N.S.
Le Prevost
Asseguro-o de que você terá minha cartinha para sua boa mãe bem depressa; neste
momento minha vista turva-se e a pena cai de minhas mãos.
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