Observações sobre o
regulamento de comunidade: tempo de repouso; necessidade do recreio. Controle
das despesas. Notícias dos doentes. Negócios temporais.
Vaugirard,
29 de março de 1855
Caríssimo amigo e filho em N.S.,
Examinei seus pequenos regulamentos provisórios; eles me parecem tais como o
estado presente das coisas permite fazê-los e poderão sustentá-los
suficientemente, se os observarem tão bem como lhes for possível. Noto somente
que, no seu, há somente quinze minutos para almoçar, creio que precisaria de um
pouco mais. De outro lado, sua leitura espiritual em comum, às 2 horas e meia,
estando colocada imediatamente após o acolhimento dos pobres e aprendizes, não
é de recear que, o acolhimento prolongando-se muitas vezes, a leitura só seja
raramente possível? Enfim, não vejo o mínimo sinal de recreio em comum. Talvez lhe
seja difícil organizar as coisas de modo diferente, o reconheço. No entanto, é
algo lamentável, esse exercício é bem útil em comunidade. Contudo,
não será isso motivo de inquietação se, após exame, você não achar espaço para
esse momento de relaxamento. Deus suprirá a tudo e Ele mesmo preencherá todos
os vazios em nossas obras e em nossa pequena comunidade. Tenhamos, então,
confiança e descansemos sobre Ele.
Ficarei bem satisfeito se você me disser algumas palavras, de vez em quando,
sobre suas despesas; ainda não pode avaliar muito, mesmo aproximadamente, o que
a casa da rua Saint-Jacques lhe custará anualmente e quais recursos a
Providência dará em aparência para lhes prover. Quando tiver alguma experiência
um pouco clara dessas disposições, peço-lhe, caro amigo, para me dar a conhecer
seu resultado. Terei o coração mais contente, acompanhando assim seus
movimentos no temporal como no espiritual, pois não devemos, em nenhum ponto,
ficar alheios uns aos outros, e ganharemos muito ao tornarmos nossa união tão
verdadeira e tão íntima quanto for possível.
Vamos bem aqui, fora algumas indisposições: nosso querido padre Lantiez
tem uma pequena varíola volante pouco marcada, mas que o mantém, no entanto,
acamado. Essa doença parece fixar-se fortemente entre nós há vários meses, e,
um depois do outro pega seja um irmão, seja uma criança. Nosso pobre Sr.
Viollat enfraquece sempre e nos parece atingido sem remédio; definha e se reduz
a nada. Não esqueça de rezar muitas vezes por ele; é uma bela e piedosa alma
que teria podido fazer o bem na terra, se o Senhor não parecesse querer
chamá-la logo para o Céu.
Nossos negócios temporais não vão mal também. O inverno foi rude em nossa casa
de órfãos, por causa da carestia dos gêneros, mas nos saímos sem novidade,
graças a Deus. Nosso sermão, que realizou-se recentemente, produziu 5.000f,
será um socorro útil e pelo qual devemos agradecer ao Senhor.
Nosso negócio do Montparnasse anda, um pouco pesado sempre, mas, ainda ali, a
ajuda do divino Senhor não nos faltará.
Adeus, caríssimo amigo e filho, todos os nossos irmãos o amam e lhe são
ternamente apegados; formemos, todos juntos, uma família bem firmemente unida e
o Senhor irá se comprazer no meio de nós.
Seu amigo e Pai afeiçoado em N.S.
Le Prevost
|