O Sr. Le Prevost
censura-se por não ter encorajado bastante a comunidade de Amiens. As provações
purificam os que se confiam em Deus. Hospitalidade entre as diferentes casas da
Comunidade. Razões que podem legitimar uma viagem do Sr. Vince.
Vaugirard,
28 de junho de 1855
Caríssimo amigo e filho em N.S..,
Queria, todos os dias desta semana, escrever-lhe; parecia-me
que não tinha sido bastante bom por nossa pequena família de Amiens; que tinha
insistido demais, em nossas conversações íntimas, sobre as poucas pequenas
misérias que podem ser suscetíveis de repreensão e não tinha encorajado
bastante todo o bem que já se faz no meio de vocês, todos os seus bons
sentimentos e esse ardor tão cristão de que estão animados pela sua
santificação e pela salvação de suas crianças. Censurava-me, em uma palavra,
por ter mal cumprido a finalidade de minha viagem, que era confirmá-los em suas
boas disposições e aumentar sua confiança no futuro. Se tal fosse o caso,
caríssimo amigo, eu teria expresso muito mal os sentimentos de que meu coração
estava cheio, pois, o que sentia antes de tudo no meio de vocês era uma viva e
profunda gratidão pelo bom Mestre, que reuniu para a fundação de nossa primeira
colônia em Amiens elementos totalmente marcados por sua sabedoria e sua
bondade; de tal modo que não sobrava para mim a menor dúvida sobre a existência
e a estabilidade definitiva de seu pequeno estabelecimento. As pequenas coisas
em que ainda se encontra dificuldade sob seus passos, são apenas os exercícios
deixados à sua caridade, à sua humildade, paciência e generosidade de coração
pela divina Sabedoria que não deixa provações a seus filhos, senão para
purificá-los e aperfeiçoá-los. Estejamos, portanto, muito confiantes, caríssimo
amigo, o Senhor está conosco; sentiremos sua ajuda e assentaremos com seu
auxílio a obra de salvação e de misericórdia que o Coração de Jesus nos proporcionou.
Agradeço-lhe, meu excelente amigo, pelos sentimentos tão repletos de caridade,
de submissão e de humilde dependência de sua carta; com um tal espírito
entretido de ambas as partes, estamos bem seguros de consolidar nossa união e
de torná-la duradoura. Agradeço-lhe também pelo acolhimento bom demais que você
nos fez em Amiens; gostaria que a estada de um de nós na casa de Amiens e a dos
irmãos de sua casa em Vaugirard não trouxesse transtorno nenhum no regime e na
ordem habituais, de modo que, indo de uma a outra casa, a gente se sentisse
sempre em casa, quer dizer sem cerimônia alguma nem sobrecarga para ninguém.
Estou bem agradecido também pela generosa atenção que você teve em pagar nossa
viagem de volta, mas acho que você não deverá fazer assim no futuro; será o
bastante que nossas casas nos sejam sempre abertas de ambas as partes. A
verdadeira hospitalidade cristã será assim bem e convenientemente observada.
Sabemos bem, no fundo, que tudo é comum entre nós, já que não temos nada que
não seja de Deus e para Deus, mas é preciso manter um certo equilíbrio para que
cada obra subsista e guarde sua ação.
Deixo-o totalmente livre para a viagem que tenciona seja feita pelo irmão
Vince. Posso, todavia, assegurá-lo de que essa consolação não lhe é necessária
e que ele se comportará muito bem sem isso; creio, portanto, como ele,
que deveria se ausentar agora, somente no caso de você previr que ele não
poderá vir para o retiro do mês de outubro. É de se pensar talvez que, se nosso
bom Mainville ou o irmão Thuillier devessem vir nessa época, você dificilmente
poderia deixar partir também o irmão Vince. Então, poder-se-ia antecipar
para ele o momento da vinda, para que pudesse também fazer um pouco de retiro.
Mas, repito, tudo isso está absolutamente em sua decisão. Ele poderia fazer um
pouco de retiro em Amiens tão bem como aqui, e respondo-lhe mais uma vez
que se submeterá de bom grado ao que você desejar. As pequenas
resistências interiores que ele ressente às vezes nunca o impedirão de cumprir
seu dever: conte, portanto, com ele, e sua confiança não será enganada.
Agradeço-lhe pelo envio que quer me fazer dos tecidos; se ainda não estão a
caminho, pedir-lhe-ia para fazer uma escolha, por um valor equivalente
aos 100f
que você propõe entregar-me para completar os 1.000f.
Gostaria, meu bom amigo, de não lhe impor sacrifício para esses tecidos: eu me
sentiria mais à vontade para pedir-lhe outros em toda ocasião, se isso fosse
considerado simplesmente como negócio concernente à sua casa de comércio. Entre
esses tecidos, havia uma ou duas peças imitando o damasco, que você me dizia
especiais para as casas religiosas; teria gostado, salvo seu parecer, de
experimentar uma dezena de metros; seguirei, todavia, seus conselhos, sabendo
que você conhece as qualidades desse material melhor do que eu.
Rezaremos bem pelo Sr. Masson e por sua noiva e por todos vocês também. Somos
ternamente apegados e nos alegramos no pensamento de que esse laço durará para
o tempo e para a eternidade. Abrace nossos irmãos por mim, ofereça meus
respeitos aos Srs. Mangot e Cacheleux, assim como nossas boas lembranças aos
vossos amigos.
Seu todo afeiçoado Pai em N.S.
Le Prevost