A consolação que seria
uma viagem a Paris pode ser adiada. A saúde do Sr. Le Prevost dá sinais de
inquietude. Mortificação da vontade na obediência ao Superior. Dom Sibour em
visita em Vaugirard.
Vaugirard, 29 de junho de 1855
Caro bom amigo e filho em N.S.,
Sua boa pequena carta me alegrou plenamente o coração; queria escrever-lhe
todos os dias, temia não tê-lo deixado plenamente em paz, após minha saída e
não tê-lo tranqüilizado bastante no tocante às poucas e pequenas aflições que
se encontram em sua vida de cada dia. Estava chateado comigo, por não ter
sabido encontrar palavras bastante ternas, para banir toda inquietação de sua
alma e fazer-lhe entender como eu mesmo estava tranqüilo. Vejo com alegria que
você tomou as coisas como eu as apresentava e que, graças ao Senhor, você está
nas melhores disposições.
Estou sofrendo um pouco, há alguns dias, e uma dor de ouvido bastante forte me
faz subir de tal modo o sangue à cabeça, que escrevo-lhe quase sem enxergar.
Todavia, prefiro enviar-lhe estas linhas hoje, embora curtas, a adiar ainda,
por medo de um mais longo atraso. Querem me purgar amanhã, o que não vai de
jeito nenhum com minha constituição: pode ser que isso me mantenha todo abalado
durante alguns dias.
Não desaprovo sua viagem projetada pelo irmão Caille. Você sabe, caro filho, o
quanto você é amado aqui; no entanto, como sei muito bem que você é bastante
forte para caminhar sem essa consolação, o convidaria a vir agora somente se
você antevê que não lhe será possível tomar parte em nosso retiro de outubro.
Então, os poucos dias que você passaria aqui presentemente teriam uma
finalidade espiritual; mas, para mim, só substituiriam imperfeitamente os
efeitos de um verdadeiro retiro feito com a comunidade. Veja, portanto, caro
amigo, o que seria melhor. De outra forma, essa viagem pareceria talvez,
aos que o rodeiam em Amiens um mimo exagerado de nosso bom irmão Caille e uma
pequena falta de coragem de sua parte.
Nosso bom irmão Lantiez não pôde ir fazer seu retiro em Amiens; teve medo das
visitas que seria forçado a fazer e a receber e que teriam atrapalhado sua paz
de retirante; ficará para alguma outra ocasião.
Vejo com alegria, caro bom amigo, você orientando seus esforços para a direção
certa. Sim, caro filho, mortifique sua vontade corajosamente: grandes graças de
Deus são ligadas para você a esse sacrifício; as resistências que sente são uma
tentação, é preciso vencê-las; não procure ter mais prudência e vistas sábias
do que nosso bom irmão Caille; conduziu bem, a bom término até agora obras
pesadas, difíceis, o Senhor abençoou constantemente seus trabalhos. Tenha
portanto confiança no Senhor, que está com ele e que o sustenta visivelmente.
Mesmo se não tivesse todas as qualidades tão preciosas de que está dotado em
experiência, caridade, paz constante, retidão de visão, você deveria ainda
inclinar sua vontade e seu juízo aos seus, porque o Senhor assim o determinou e
que Ele faz bem todas as coisas com sabedoria e amor. Repito, caro amigo, estou
todo feliz por vê-lo abundar nesse sentido: é evidentemente por um movimento
interior do Espírito Santo; você será bem fiel a isso e o Senhor o
recompensará.
Certamente, você terá suas duas lâmpadas, vou dá-las de todo o coração. Quanto
às estátuas, você pensou bem no aumento notável que o preço sofrerá pelo
empacotamento e o transporte? Tenho medo de não achar a nota exata de todas as
pequenas estátuas que você pedia; será bom você me mandá-la de novo, me
empenharei o mais possível para enviá-las.
Fique tranqüilo, caro filho, não senti necessidade alguma de comer na minha
viagem, suas pequenas provisões, então, não me fizeram falta.
Tinha resolvido pôr uma pequena carta aqui para o bom Sr. Giraud, para me
desculpar por não tê-lo visitado como queria; mas eu já estava passando mal ao
deixar Paris e não estava muito forte durante minha estada em Amiens: só fiz a
metade do que queria fazer. Diga isso ao nosso bom amigo, até que eu mesmo lhe
diga em algumas linhas; assegure seus bons jovens amigos de minhas lembranças
bem afetuosas, e os Srs. Mangot, Cacheleux e Decaix, etc. de meu sincero e
profundo respeito.
Caro pequeno Firmin, queria escrever-lhe uma carta particular, é para o próximo
correio; estou exausto, tendo a cabeça cheia de cataplasmas e o espírito não
muito lúcido. Assegure meu caro irmão Mainville de minha terna afeição. É nosso
último filho, há bem naturalmente um pouco de predileção por ele; todos os
nossos irmãos ficaram sabendo com alegria de sua admissão na Comunidade.
Adeus, caríssimos amigos, sobra-me o vigor suficiente para apertá-los
ternamente contra meu coração: reúno-os ali com delícias em união com os Corações
Sagrados de Jesus e de Maria.
Seu afeiçoado Pai e amigo em N.S.
Le Prevost
P.S. --- Devíamos ter Monsenhor de Tripoli218 para a confirmação de
nossas crianças, Monsenhor o Arcebispo de Paris nos fez a agradável surpresa de
vir em pessoa; quis ver toda a casa, inclusive a cozinha, nos fez uma pequena
exortação na sala de Comunidade, onde quis ver nossos irmãos reunidos; enfim,
nada podia igualar sua bondade que podemos dizer toda paterna; glória a Deus
que dispõe assim os corações.