Dívidas a
pagar. Fazer pagar as pensões atrasadas dos órfãos. Não se deixar esmagar pelos
cuidados: Deus está conosco. O Sr. Le Prevost inquieta-se com a saúde de
seus irmãos.
Le Vernet,
2 de dezembro de 1855
Caríssimo amigo e filho em N.S.,
Você me fala de tantos negócios juntos, que terei muita pena em responder a
todos, e sobretudo que me será bem difícil acrescentar ainda alguns pormenores
de afeição para nossos irmãos e nossos amigos, mas, em todo o caso, vou começar
e farei para hoje o que puder, abreviando aliás e sendo sucinto, o mais
possível.
Para os 5.000f
da Sra. Tarbé, vou escrever a seu agente de negócios para pedir que haja
adiamento até minha volta, que suponho até agora dever realizar-se. Mas isso só
nos dará um prazo de alguns meses, será preciso aproveitá-lo para procurar
outros meios. Pagaram os juros desses 5.000f? Você tem, no meu pequeno livro, as
épocas de pagamento; procure fazer esses pagamentos na hora exata. Temos
também, para o mês de julho próximo, que prever o pagamento dos 5.000f restantes devidos ao
Sr. Bellebille; os juros são pagos até o mês de abril próximo.
Para o Sr. Laroze, você terá que pagar imediatamente os 4.000f fora do ato, mas,
para outros pagamentos, fazem-se, de costume, somente no fim de 4 meses, por
causa da desobrigação das hipotecas; convém pensar que o Sr. Paillé estará de
volta para esse momento; ele, aliás, só deve receber seus 6.000f no mês de abril próximo.
Acho que será bom não propalar essa aquisição, muita gente adotaria o parecer
do Sr. Lambert. Você não esquecerá que, para as inscrições romanas dadas pelo
Sr. Houdart (cujo endereço você tem, rua Bonaparte, 82), você conserva a
obrigação de pagar-lhe a renda para o semestre, cujo vencimento cai neste mês e
para o ano que vem, quer dizer em junho e em dezembro 1856.
Será bom, por outro lado, não dispor dos 1.100f devidos à minha irmã, pois ela acaba de
me escrever que adquiriu definitivamente sua casa. Portanto, vai lhe escrever
logo, sem dúvida, para pedir-lhe de volta esse dinheiro. Procure receber logo
(em casa de Rothschild) o semestre que vai vencer dessas duas inscrições;
corta-se somente o pedacinho que se refere ao semestre vencido, cuidando para
não cortar dois em lugar de um.
Acho que você pode muito bem, nas circunstâncias tão rudes em que estamos,
aplicar para com os pais e protetores das crianças as poucas medidas que você
indica. Faça-o somente com mansidão e delicadeza; pouco a pouco se tomará o uso
e isso será uma vantagem real obtida; o Sr. Roussel poderia ver o Sr. padre
Dupré, protetor do pequeno Baccon, o qual tinha um atrasado de 5 ou 6 meses no
momento em que os Amigos da Infância se encarregaram definitivamente
dessa criança. A irmã Grand deve um mês para Brugier. São devidos 12f pela irmã protetora de
Ambruster por sua roupa de primeira comunhão.
A Senhorita Boucher deve de novo 110f para seu irmão, etc, etc.
Acho que não podemos recusar ao Sr. Caille, que nos é tão devotado, a ajuda do
Sr. Mainville; seria, aliás, imolar o irmão Marcaire, que fica com um fardo
pesadíssimo e um isolamento absoluto. Precisaria dizer ao irmão Mainville
que será logo chamado de volta, espera-se, e que isso é um auxílio
temporário que ele vai dar em Amiens; talvez o Sr. Caille possa mandar-nos
algum outro irmão, ou a Providência virá ao nosso auxílio para Vaugirard.
Ela velará também sobre os irmãos que estão em Amiens tão pouco amparados. Estamos
em suas mãos. Ela não nos abandonará.
Para o Sr. Mullois, o Sr. Maignen não tem outra incumbência a não ser vê-lo,
incitá-lo instantemente e entregar-lhe uma nota como lembrança. Se o irmão
Maignen pedisse ao Sr. Mullois para Nazareth, você deveria agir de seu lado em
favor de nossos órfãos junto ao Sr. Bray, protetor de Mélier. Monsenhor o
Bispo, esmoler-mor do Imperador, é, acho, tio do Sr. Bray.
Para o pedido ao Ministro do Interior, que os Srs. Maignen e Hello o façam em
nome deles, como representantes da obra de Nazareth, particularmente para o
alojamento dos pobres, e que o façam apoiar da melhor forma possível; não vejo
outra saída a seguir.
Você faria bem, de seu lado, com o Sr. Lantiez, dirigindo também um
pedido ao Interior. É o momento de apresentá-lo; o Sr. Cochin o apoiaria,
espero, como faz habitualmente, assim como o Sr. Prefeito de Vaugirard.
Aconselho ao nosso irmão Maignen, em todos os seus relacionamentos com nossos
Confrades relativamente a Nazareth, agir vivamente, mas sem ares de solicitude
e de desânimo. As pessoas são pouco dispostas, a não ser por uma virtude e uma
caridade bem raras, a tomar a peito negócios que lhes são apresentados como
estando em situação deplorável. Os nossos, aliás, são graves, mas não ficam
abandonados à nossa fraqueza: Deus está conosco, nunca esqueçamos disso. Com
esta segurança, o que importa o peso dos encargos? Ele os suportará por nós,
pagará por nós; então, tenhamos confiança, chegaremos a um final feliz; qui seminant in lacrimis, in exultatione
metent222 [os
que semeiam entre lágrimas, colherão na alegria]. Vou esforçar-me por escrever
mais uma pequena folha para nossos irmãos.
Nosso padre Beaussier me escreve que acha o irmão Hello cansado, que as vivas
cores de suas faces parecem-lhe um sinal da fraqueza de seu peito. Insiste
vivamente para que ele se poupe e pede, em particular, que abstenha-se de seu
jejum costumeiro da sexta-feira; sou totalmente do mesmo parecer, convido você
a entender-se a esse respeito com nosso querido padre Hello; digo-lhe uma
palavra a esse respeito em minha pequena carta anexa, avisando-o de que, sem
dúvida, você lhe pedirá esse sacrifício. Nosso padre Beaussier e eu temos
sacrifícios bem mais duros a aceitar.
Veja que nossos bons padres tenham roupas quentes; cada um tem em sua pequena
bolsa uma reserva suficiente para essa providência.
[Le Prevost]
Vou escrever diretamente em relação à renda do Sr. Proust paga pelo Sr. de
Flers; informe-o, se o encontrar, e não cuide disso de outra forma.
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