P.S. do Sr. Le Prevost
Incapacidade de fazer
um trabalho sobre um livro.
2 de dezembro
de 1855, Vernet.
Meu caríssimo irmão,
Meu querido Superior está sobrecarregado pela correspondência, ela é
incessante; ele teme não poder responder-lhe daqui a vários dias. Encarrega-me,
portanto, de fazê-lo e de transcrever-lhe todas as suas idéias e sentimentos.
Nosso bom Pai, embora sofrendo muito, toma uma grande parte em seus
sofrimentos; falamos muitas vezes de você, esperamos muito que você retomará
pouco a pouco a saúde e que Deus, que nada faz a não ser para o bem de seus
eleitos, tornará para seu maior proveito espiritual todas essas provações que
lhe parecem tão amargas neste momento, que, no entanto, estão misturadas de
consolações sensíveis, mas que mais tarde lhe parecerão como os meios para chegar
à aquisição das virtudes que lhe são necessárias. Você já o sente assim,
continue a encarar dessa maneira seus sofrimentos e acabará encontrando neles
mais consolação do que amargura.
Nosso bom Pai encarrega-me de agradecê-lo por todos os bons sentimentos
que encontra para com ele no meio de suas fraquezas e seus
aborrecimentos. Ele pensa que, se conseguir recuperar a saúde, o deverá em
grande parte às orações que você faz por ele, em meio a seus sofrimentos.
Quanto a nós, não passamos um dia sem rezar por você de todo o nosso coração;
você é nosso irmão, sofremos em você e com você, quereríamos partilhar seus
sofrimentos para aliviá-los. Como a união em Deus é suave e como fortalece!
Não posso responder-lhe nada neste momento relativamente ao livrinho de
São José. Nosso bom Pai está atualmente incapaz disso, experimenta grandes
prostrações, grandes cansaços nervosos, que somente lhe permitem fazer o
indispensável. Seu descanso deveria ser completo, e, no entanto, não o é. Ele está
ocupado várias horas durante o dia em fazer correspondência e isso o cansa
muito. Imagine nosso bom Pai, escrevendo durante 4 e 5 horas cada dia e com as
prostrações que você lhe conhece; diga-me se isso não está acima de suas
forças. Fora da correspondência, nosso bom Pai não faz nada e não sente forças
para fazer qualquer coisa que seja. Eu, que o vejo em seu trabalho penoso,
sinto que sua incapacidade é real. Nosso bom Pai não tem gosto para leitura
alguma que exija um mínimo de aplicação; tomou muitas vezes o volume de São
José para agradar a você, mas foi-lhe difícil percorrer algumas páginas.
Diante dessa incapacidade, o Sr. Le Prevost não quer encarregar o Sr. Planchat
de um trabalho que seria bem demorado e do qual não sabe em que momento poderia
tirar proveito. O que deve satisfazer a você é que o Sr. Le Prevost deseja
fazer esse pequeno trabalho e que, logo que se sentir bastante força e saúde
para empreendê-lo com folga, irá colocar mãos à obra. Mas deixemos o tempo a
seu corpo e a seus órgãos para se refazerem, e tenhamos paciência.
Receba, meu bem caro irmão, a expressão de nossos sentimentos afetuosos.
Seu devotado irmão em N.S.
Paillé
Caríssimo amigo, não perco de vista seu livrinho, mas ainda não chegou o
momento para mim de empreender um tal trabalho. Amo-o ternamente, rezo
por você, tenho plena confiança de que você vai recuperar suas forças para
trabalhar de novo nas obras do Senhor. Que esse divino Mestre o bendiga e o
coloque bem junto ao seu coração.
Seu amigo e Pai
Le Prevost
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