O Sr. Le
Prevost comunga nos sofrimentos de seu irmão doente. Sofrer por amor do Cristo
é mais meritório do que fazer obras santas e caridosas. Abandonar-se ao Senhor:
"nada pedir, nada recusar” (São Francisco de Sales)
[Vernet, 15
de dezembro de 1855]
Caro amigo e filho em N.S.,
Meu irmão Paillé escreveu-lhe duas vezes em meu nome, mas eu não deixava de me
reservar a satisfação de fazer-lhe, pessoalmente, algumas linhas, para
responder à sua pequena epístola e agradecê-lo pelas orações que dirige por mim
ao Senhor. Tenho certeza de que Ele as aceita, pois seu ouvido está perto do
que é fraco e que sofre; feliz dele, e em demasia, se, em sua provação
sabe aproveitar um tão precioso privilégio. Nosso bom padre
Beaussier, você e eu, estamos nesse estado seleto; nós três, oferecemos ao
Senhor como que um ramalhete de mirra: procuremos apresentá-lo de bom coração
para que seja agradável a seus olhos.
Rezar, comungar, fazer obras santas e caridosas é perfeito, mas sofrer com
amor, em união com o divino Salvador, é mais perfeito e mais meritório ainda.
Nosso padre Beaussier está plenamente nestas piedosas e generosas disposições;
imitemos seu exemplo, caro amigo, e, nós três serviremos utilmente nossa
pequena família, pelo exemplo e pela bênção que sobre ela atrairemos.
Meu irmão Paillé já
lhe disse que eu estava ainda fraco demais para ocupar-me em nada de
continuado, mas tenho a peito, com ternura, a glória de São José, nosso Pai, e,
se estiver mais tarde menos incapaz, procurarei, por mim mesmo ou de outra
forma, os meios de responder a seu desejo.
Vejo e sinto por minha própria experiência que seu maior tormento é estar
constantemente oscilante entre uma melhora momentânea e recaídas sem fim, de
tal modo que entre o restabelecimento ou o agravamento do mal, entre a vida e a
morte, você fica incerto, não sabendo o que o Senhor quer de você. Sim, essa
incerteza é bem crucificante, este despojamento tão absoluto na disposição de
nossa existência é duro para a natureza, mas parece-me que é o sacrifício mais
completo que possamos fazer a Deus e que Ele não saberia pedir mais nada à sua
criatura. Coragem então, meu caro José, abandonemo-nos nas mãos do Senhor
e cheguemos, se possível, como nosso bom amigo São Francisco de Sales a nada
pedir nem nada recusar.
Penso muitas vezes, com meu irmão Paillé, que o ar e o sol desta região fariam
muito bem ao nosso padre Beaussier e a você. Se vocês pudessem vir,
amparando-se um ao outro, não seria talvez impossível; mas acho que nosso Padre
é fraco demais e que você também está pouco demais seguro de si; deixemos então
agir o divino Mestre e confiemo-nos aos ternos cuidados de sua Providência.
Abraço-o com ternura em Jesus, Maria e José.
Le Prevost
Ofereça meu respeito aos nossos bons amigos Sr. e Sra Restou e Tulasne.
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