O Sr. Le
Prevost aceita que o Sr. Maignen lhe envie livros para se distrair, mas reserva
o essencial de seu tempo para a oração. Informações para a organização de um
sermão de caridade e para solicitar benfeitoras.
Vernet-les-Bains,
16 de dezembro de 1855
2o
Domingo do Advento
Caríssimo filho em N.S.,
Queria responder ontem à sua carta, mas o irmão Myionnet ocupou todo o
meu tempo226, não pude reservar parte
dele para você. Não quero dizer que, na realidade, todas as minhas horas vagas
tenham sido usadas para lhe escrever, mas porque, após minhas refeições e nas
horas do dia em que sinto-me mais cansado, abstenho-me de escrever. Fiquem
tranqüilos então sobre esse ponto, você e todos os nossos irmãos; fora dos
casos de emergência, não escrevo de modo a cansar-me e minhas correspondências
com vocês são o meu mais doce descanso.
Deixarei ainda ao irmão Paillé hoje o cuidado de dar-lhe, em seu pequeno diário
que ele vai continuar estes dias, os pormenores que podem lhe interessar, sobre
o emprego de nossos dias. São, no que me diz respeito, muito monótonos nestes
últimos tempos, e sua idéia de me procurar alguma distração era bem
inspirada por esses pressentimentos que seu coração de filho amoroso e dedicado
sempre teve para comigo. Aceito sua proposta, de mandar-me alguns livros, se a
franquia pelo correio é pouco dispendiosa, o que será preciso dizer-me após sua
primeira remessa, para que eu julgue se é razoável fazer-me uma segunda.
Desejaria a Vie de dom
Barthélemy des Martyrs,
obra excelente que falta em nossa biblioteca e que se poderia comprar se for
barata; nosso amigo, Sr. Berthuot, lhe dirá isso. (Por essa ocasião, você
o assegurará de nossas afetuosas lembranças). Se você não pensou em colocar Les légandes intimes, de que você me fala, numa cesta
de vinho que o irmão Myionnet deve ter-me expedido estes dias, poderia
acrescentá-lo ao primeiro que lhe pedi em cima. Verei com você,
depois desta primeira remessa, o que poderíamos achar ainda. Posso consagrar
alguns momentos do dia a um pouco de leitura de diversão, sobretudo nos dias
frios em que não posso absolutamente sair, mas não quereria dar a isso muito
espaço no emprego de minhas horas. Creio que o Senhor me manda para o retiro
com várias finalidades e, em particular, para me reencontrar mais habitualmente
com Ele. Acharia então que procurar demais ocupar meu espírito fora dele não é
corresponder a seus desígnios; portanto, um pouco de distração honesta e
escolhida, mas não demais e tomada com discernimento.
Você sabe, caríssimo filho, com que fácil atrativo me entrego a conversar
com você, e como essa consolação me seria doce; mas você me fala de diversos
negócios sobre os quais espera algumas palavras de resposta. Começo por
aí; se sobrar um pouco de tempo, terei ainda um pouco de expansão com você.
O Sr. de Lambel me escreve que volta a Paris nos últimos dias de dezembro e que
ali estará totalmente à sua disposição; não seria melhor esperar a volta dele
para as visitas às Sras. De Monsaulmin e de la Bourdonnaie? Ele o
acompanharia e o apresentaria a elas. Para as Sras. De Brissac e de la Chatre, Dona de Gontaut
(prima delas), a pedido dela, o anunciaria e o recomendaria. Isso não passa de
um adiamento de oito dias; se, porém, por causa do pouco tempo que sobra, você
prefere ir sozinho, escreva-me logo. Escreva-me também se quer esperar o
Sr. de Lambel, porque lhe mandarei uma pequena carta para recomendar-lhe ainda
o negócio. Se você coloca seu sermão na Madelena uma quinta-feira de janeiro, o
que é bem próximo, escolha ao menos no fim de janeiro, pois, daqui até
lá, achar angariadoras, e que realizem em seguida sua tarefa, é muito para tão
pouco tempo. Você viu Dona Récamier? Se a apertar um pouco, você obterá, ela é
muito boa para nós; o Sr. Massé poderia, acho, ajudá-lo.
Para o sermão dos órfãos, você viu o Sr. e a Sra. de Monchy?
A senhorita Gauthier
pode também procurar talvez alguma pedidora.
Siga bem a irmã São Francisco e a irmã Emelie (acho), tia do pequeno Coulbeaux;
veja suas pedidoras quando puder.
Dona Restou é muito poderosa, obtém tudo através de São José. Dona
Bingham e suas duas filhas (Sra. d’Espreménil e X...); Dona Cauchy, 12 rua
Tournon, que me dava todos os anos ajuda, conselho e aberturas de todos os
tipos. Ela me tinha colocado em relação com a senhorita Lefebvre-Durufflé, 8 ou
10 rua Férou, que não tivera sucesso no ano passado, mas que está cheia de boa
vontade e que tem grandes relações. Ela me prometera não negligenciar nada este
ano. Dona Chomel, cais Voltaire, protetora de uma de nossas crianças; talvez
Dona de Gontaut, que fica muito impressionada com minha doença e organiza neste
momento uma novena em meu favor; vendo-a com o Sr. de Lambel, você a decidiria,
ela não sabe recusar nada. Enfim, as Sras. De Vatry e Hainguertot, através do
Sr. de Girardin.
Eis que o dia declina, não terei tempo para conversar com você sobre os
negócios de Nazareth hoje. Vou mandar-lhe estas poucas linhas para você ter
paciência, já que quer na hora uma carta minha, e amanhã, lhe dirigirei mais
algumas linhas. O Sr. Boutron consentiu em escrever ao Sr.. de Montaud, ou ele
pensa que mais vale esperar até o mês de janeiro para não pedir ao nosso
generoso amigo dois auxílios para um mesmo ano?
Adeus por hoje, caro filho; devo fazer um pouco de exercício espiritual antes
do almoço que vai logo chegar. Às 7 horas, as cartas partem; adeus, portanto;
continuo ainda apegado à vida quando penso que poderia revê-lo, você meu filho
primogênito, e todos esses bem-amados amigos que o cercam e cuja terna afeição
me toca tão profundamente. Mas deixemos agir o Senhor tão bom, tão sábio,
tão cheio de ternas misericórdias. Não tenha atenções exageradas, caro filho,
nem a seu respeito, nem sobre seus trabalhos, jogue tudo isto no seu Coração e
tenha confiança: nunca Ele o abandonou; você sentirá sua graça crescer com suas
necessidades e também com seus anos, pois, como no Céu o veremos sempre, sempre
mais, na terra ele já se mostra também sempre, sempre mais perto de nós.
Abraço-o ternamente em Jesus e Maria.
Seu amigo e Pai
Le Prevost
N.B. --- As cartas jogadas a tempo no correio em Paris
chegam a nós aqui um dia mais cedo que as cujo envio é feito de Vaugirard.
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