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Jean-Léon Le Prevost
Cartas

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  • Cartas 301 - 400 (1855 - 1856)
    • 335 - ao Sr. Maignen
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335 - ao Sr. Maignen

Relacionamentos oficiais com o Arcebispado de Paris. Estátua de Nossa Senhora da Salete. Contas detalhadas de Nazareth

 

Vernet-les Bains, 17 de dezembro de 1855

 

            Caro filho em N.S.,

 

            Sou fiel à minha palavra e venho conversar mais um pouco com você.

 

Antes de passar aos negócios de Nazareth, peço-lhe para me dizer em sua próxima carta se foi dada alguma seqüência às perguntas que me fizera o Sr. Vigário Geral Darboy; a nota que eu lhe tinha mandado sobre nossa Comunidade e suas obras lhe foi entregue? Foi  modificada e reescrita antes de entregá-la? Se foi recopiada, acho que não seria mal conservar a minuta que contém uma exposição simples dos fatos de nossa pequena fundação. Enfim, Monsenhor publicou o relatório que devia fazer e para o qual essa nota nos foi pedida?

 

            A carta do Sr. Darboy me pareceu ser um passo a mais rumo a um reconhecimento formal de nossa pequena Comunidade. É preciso, de vez em quando, quando possível, ver o Sr. Dedouc. Deverão, parece-me, fazer-lhe uma visita (duas ou três pessoas ao menos) no Dia do ano bom, e solicitar nessa ocasião uma pequena visita da parte dele.

 

            Desejaria que você me desse algum pequeno pormenor sobre o grupo de Nossa Senhora da Salete dado pelo Sr. Choyer. Quais as suas proporções? Ele tem mérito como piedade, sentimentos, arte? A chegada tão oportuna dessa piedosa imagem me parece um encorajamento bem direto da Santíssima Virgem que desejamos honrar e fazer honrar por todos227.

 

            Hoje, vou como de costume: tusso pouco, com a condição de estar numa atmosfera igual e temperada, mais ou menos como um peixe numa redoma, mas meu estômago vai miseravelmente. Aí está o que torna meus dias, e de costume minhas noites, bastante penosas; penso que o vinho mandado de Vaugirard me fará melhorar um pouco nesse particular.

 

            Você me explica de maneira muito demasiadamente sumária como estabelece sua situação financeira para Nazareth; por isso, não entendi absolutamente nada disso. Você me diz:

 

Os empréstimos e as construções uma vez acabadas não ultrapassarão ao máximo          127.000                                                                                                          

            O rendimento, em recursos assegurados, é de                                                     7.500

            Os juros dos empréstimos e dívidas contraídas não ultrapassarão                         6.200

            Não me acho de acordo com você sobre nenhum desses pontos; eis o que vejo:

            Importâncias de que se deve pagar os juros:

Empréstimos 

Srs. de Fontette

2.000

   115, rua St Dominique

Taillandier

5.000

 

de Kergorlay

5.000

     22, rua St Dominique

Agnel

10.000

 

Boutron

2.500

 

de Lambel

500

 

Bresson

1.000

 

de Monchy

5.000

 

Guillemin

4.000

 

 

-------

 

 

35.000

 

 

Aquisição

(ao Sr. Guillemin ou Terray)

65.000

Sr. Pároco de lAbbaye-aux-Bois

6.000

 

Empréstimo a fazer presentemente

 para obras

(Sr. Pároco de lAbbaye-aux-Bois,

por fora)

 

6.000

      Você diz que continuarão sendo devidos aos empreiteiros,

      a serem pagos em 2 anos (mas pagando os juros segundo condições do mercado):

 

40.000

 

 

      Conjunto

152.000

 

Eis aí, portanto, um capital de  152.000f,

 

cujos juros é preciso constantemente pagar, fora dos 6.000f do Sr. Pároco Hamelin que, penso eu, poderiam ser pagos somente em parte este ano e se tirar dos fundos das esmolas e sermões. Se não me engano, precisaria acrescentá-los ainda aos 152.000f  acima.

            Ora, os juros anuais de 152.000f seriam de                                                                   7.600

Não encontro, como você, para pagá-los, 7.500f, mas somente:

    Patronato

2.000

    Sermão em St-Sulpice ou outro lugar

2.000

            Locação de um andar

1.200

            Coleta em N.D. des Victoires, na Santa Família,

            alguns dons e suscrições

 

1.000

            Forno e biblioteca ao máximo

400

 

6.600

 

 

            Acredito encontrar a causa das diferenças de nossos algarismos no fato de que, talvez, você não contou que seriam pagos os juros das importâncias continuando devidas aos empreiteiros e pagáveis no espaço de dois anos; as condições de seus ajustes trazem isso.

 

            Não entendo bem também o que você me diz: Pode-se pedir antecipado, no 1o de janeiro, 1.000f ao patronato para o 1o semestre. O patronato não terá nada a pagar para a casa da rua Stanislas, enquanto tiver a da rua do Regard; ora, você não me disse até agora que esta devesse ser entregue ou alugada para o 1o de janeiro. Há, com efeito, alguma medida tomada nesse sentido? Ficaria sabendo com prazer.

 

            O empréstimo no Crédito Predial seria um meio de simplificar nossos negócios, mas o Sr. Guillemin não consentirá, com certeza. Você lhe falou nisso? Acho ter a certeza de que ele vai opor-se a isso. É preciso, então, limitar-se a resolver a situação presente; mas, antes de tudo, temos  uma visualização bem nítida dela? É difícil que seja assim enquanto as contas não forem acertadas; só se pode agir, quase, por aproximação. Procure, caro filho, reunir para tanto, com o Sr. Leblanc e o Sr. Cabaret, elementos tão exatos como se pode, para nos fazer uma base a partir da qual você poderá andar.

 

            Você tem razão de desconfiar da moleza do Sr. Cabaret, que, em toda circunstância, temos encontrado bem pouco firme por nossos interesses. Peça ao Sr. Lequeux para fazer-lhe recomendações para o saldo de suas contas, e não o deixem ignorar que suas verificações serão submetidas a exame.

 

            Estabelecida nossa situação presente, tão exatamente como for possível, acho como você que a melhor decisão a tomar seria de partir para um empréstimo, seja de 6 ou 8.000f, se se pagasse somente em parte o Sr. Pároco Hamelin, seja de 10 ou 12.000f, se o pagarmos. (Coloco esses números aproximadamente).

 

            Para realizar esse empréstimo, não sei quais meios poderíamos ter; talvez você tenha alguns em vista, não se deve desprezar nenhum. Pressinto este que, talvez, teria êxito: poder-se-ia, parece-me, após a volta do Sr. de Lambel, provocar, na casa do Sr. Guillemin, uma reunião das pessoas que se interessam pela obra, a saber: todos aqueles que inscrevi acima como já tendo ajudado a obra, acrescentando os Srs. Marquês de St Seine, (rua Vaugirard, em frente das irmãs), Leblanc e outros que você acreditaria dispostos a prestar algum apoio. Nessa assembléia, você faria ressaltar bem nitidamente a boa situação da obra que tem uma linda capela, casa, terreno de um valor de: 220.000f ao menos:

 

                        Terreno (a 40f, o que é pouco)

136.000

                        Prédio (pelo menos)

84.000

 

 

 

220.000

 

e que, em última análise, tem neste momento, todas as dívidas das construções incluídas, somente um passivo de cerca de 140.000f. Você mostraria que, através da pequena importância a pedir emprestada, todo o negócio estaria presentemente nítido e simplificado e deixaria a obra na sua livre ação. Pediria então se todos os membros reunidos não podem juntos tomar sobre si emprestar cada um alguma parte dessa importância. Consulte os Srs. Myionnet e Lantiez sobre esse meio; talvez ele fosse deixar bem patente uma situação na realidade bem carregada e teria, sob esse aspecto, algum inconveniente; examine, e sobretudo peça as luzes e o auxílio de cima.

 

            Não perco a esperança de que o Sr. Baudon possa dar-nos um pouco de ajuda; o Sr. Decaux me aconselha de lhe escrever, vou fazer isso. Mas o Sr. Baudon nos pedirá para submeter-lhe uma proposta nítida e precisa. Creio que deveríamos limitar-nos a solicitar alguns dons de sua parte e da parte de sua roda e de seus dependentes, e a rogar-lhe que favoreça e facilite nosso empréstimo. Se você se decidir por uma assembléia e que ele quiser virfaria muito por sua presença, mas ele o quereria? O Sr. Cochin consentiria também em vir à assembléia? É coisa duvidosa. Os Srs Desains, Delaire e outros, o Sr. Boutron não poderia sondá-los?

 

            Acho que respondi a todas as suas perguntas, caro filho; estou longe de ter, por isso, resolvido as dificuldades de uma situação evidentemente pesada e bastante embaraçosa. Mas nossa esperança está em Deus, que permitiu que a tomássemos em nossos ombros e se comprometeu, tenho confiança, em suportá-la conosco. Volvamo-nos portanto para Ele, peçamos-Lhe, por Maria e José, luz, assistência, e o socorro divino chegará na hora certa, assim como sempre nos foi dado pelo passado.

 

            É com a mesma confiança que devemos encarar os outros pagamentos que ficam para ser efetuados no espaço de dois anos. Teríamos, aliás, como último recurso, sem dúvida, propor ao Sr. Guillemin que assuma a responsabilidade da propriedade, fora da quitação, por ele, dos pagamentos a serem  feitos e com a condição de no-la ceder de novo quando pudéssemos retomar mais facilmente posse dela.  Hoje, esta proposta lhe daria medo, porque já adiantou muito dinheiro, mas mais tarde  não teria a mesma resistência.  É uma simples previsão que devemos, em todo o caso, guardar em nós, sem expô-la para fora neste momento. Esta carta incluindo algumas informações úteis, você fará bem em guardá-la. Se errei em alguns pontos, você poderia assinalá-los para mim e, após retificação feita, teria uma vista do conjunto do negócio.

 

            Adeus, meu caríssimo filho, não é sem um pouco de pesar que vejo-o tão pesadamente carregado, mas o bom Mestre quis assim. Na idade de jovem, você teve que suprir seu pai natural para a ajuda à família, e eis que, uma vez homem, você tem que suprir seu Pai espiritual; seus primeiros trabalhos lhe valeram sua vocação, os outros lhe obterão o Céu.

 

                        Seu amigo e Pai

 

                                               Le Prevost

 

            P.S. Se você se decidisse a fazer uma assembléia, não seria possível propor a esses Srs. reduzir a 4 ou ao menos a 41/2 a taxa de juros pelas importâncias que emprestaram? Já os Srs. Boutron, Taillandier, Bresson tomaram a iniciativa para 41/2. Nesse caso, se você conseguisse que o Sr. Boutron, ou um outro fizesse a proposta, seria melhor. Talvez igualmente fosse preciso então não convocar o Sr. Agnel, que não se poderia talvez incluir nesta medida.

 

            Você previu, nas prestações a pagar, o Sr. Lecoeur, o Sr. Restou, o serralheiro que recebeu, acho, somente 500f (não incluídos 200f pagos a um primeiro serralheiro chamado Palecique), enfim o pintor?

            Que tenciona fazer para a festa de São João? Siga nisso suas inspirações, o Sr. Myionnet não me falou disso.

 





227 A proteção da Virgem reconciliadora se tinha revelado poderosa nesse ano 1855, já que a cura de dois órfãos foi obtida pela invocação à Nossa Senhora da Salete, a de L. Gentil, em fevereiro, a de A. Leclerc em maio. Para lhe testemunhar a gratidão de toda a comunidade, a idéia veio ao Sr. LP. de lhe elevar um modesto santuário, mas os recursos faltavam. Entrementes, o Sr. LP. fica sabendo, no mês de junho, que o campo, contíguo à capela e ao orfanato de Vaugirard está a ponto de ser vendido. Dirigiu-se então à Virgem Maria nestes termos: “Minha boa Mãe, estais vendo como seria deplorável para nós termos nesse campo algum vizinho desagradável; se quiserdes que o compre, daí-me um sinal ajudando-me um pouco; prometo-vos construir ali um pequeno santuário sob o vocábulo de Nossa Senhora da Salete”. (Vie de M. Myionnet p.246). Foi iniciada uma novena e os socorros chegaram! Foi no dia 11 de dezembro, menos de um mês após a saída do Sr. LP. para o Sul, que foi comprado o terreno do Sr. Laroze. Foibatizado” o campo de Nossa Senhora da Salete e servirá de fundação ao futuro santuário de Nossa Senhora da Salete.





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