Nas
provações, recorrer a Maria. Se a Cruz é às vezes pesada, é ela que nos
fortalece.
26 de
dezembro de 1855
Festa de
Santo Estêvão – Vigília de São João
Caríssimo filho e amigo em N.S.,
Você quis contribuir, como todos os nossos irmãos, a dar alguma consolação aos
pobres exilados, e me escreveu uma boa cartinha, que o divino Senhor e sua
Santíssima Mãe contarão certamente entre seus atos de caridade. Da minha parte,
agradeço-lhe muito também por isso, caro filho, e senti perfeitamente que todas
as suas palavras saíam do fundo de seu coração, por isso me foram muito doces e
cheias de encorajamento. Estou particularmente comovido pelo bom pensamento que
teve de uma pequena oferenda de cada dia para meu restabelecimento; é uma
atenção toda filial que meu coração de pai sentiu ternamente.
Dou graças à Santíssima Virgem, que continua vigiando tão visivelmente sobre
você e que desvia e amortece os movimentos que você não pode sempre dominar.
Nunca deixe de lado esta terna Mãe, e nunca será abandonado por ela. Em vão,
então, o inimigo da salvação sacudirá violentamente todas as suas faculdades
abaladas; firme e confiante no socorro divino, você redirá as palavras do
salmo: Nisi quia
Dominus erat in nobis... cum exsurgerent homines in nos, forte vivos
deglutissent nos228.
Fiquei sabendo com alegria que você pôde renovar seus votos no dia da
Apresentação: a Santíssima Virgem terá oferecido seu sacrifício com o seu e o
terá feito aceitar pelo Senhor. Assim os anos passam e, apesar de algumas
misérias que a indulgência do divino Mestre se digna de esquecer, sua vocação
se confirma, seus méritos aumentam e, acho também, sua alma se fortalece.
Bendito seja Deus por Maria, como por ela também você obteve tais favores.
Não se canse, caro filho, no seu caminho um pouco laborioso e rude. Seus
trabalhos são muitos, suas forças restritas, você encontra em sua natureza
dificuldades que, às vezes, lhe suscitam também outras para fora; tudo isso é
pesado a levar, mas é o lastro que impede o navio de soçobrar, é a cruz que
pesa e, no entanto, que ampara e vivifica.
Continue a rezar por nós, caríssimo amigo; do nosso lado, consideramos aqui
como nossa tarefa principal ajudá-lo por nossas aspirações e orações. Quando
arrasto penosamente meu corpo sofrido e enfraquecido, parece-me que estou
atrelado com você às suas obras e que puxo, como você, o fardo, todo ofegante e
cansado. Esse pensamento me consola e me reergue nos momentos mais difíceis.
Peço-lhe oferecer na oportunidade meu respeito ao Sr. Pároco de Grenelle, assim
como às Senhoritas Payen; recomendo-me bem às suas orações. Boa lembrança de
minha parte a Dona Georges; estou bem certo de que ela reza também por nós.
Abraço-o ternamente
nos Corações de Jesus e de Maria.
Seu amigo e Pai
[Le Prevost]
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