Os
negócios preocupantes de que lhe fala o Sr. Maignen não lhe permitem
escrever-lhe como ele (o Sr. Le Prevost) gostaria. Providências a efetuar para
a vida da obra.
Vernet-les-Bains, 21 de janeiro de 1856
Caríssimo filho em
N.S.,
Lamento muito que minhas cartas o tenham, de certo modo, entristecido, em vez
de consolá-lo e de encorajá-lo, como meu coração queria fazê-lo. Estou
convencido de que, relendo-as e refletindo um pouco sobre as circunstâncias nas
quais foram escritas, você mudará plenamente de sentimento. Você me escrevia de
costume às pressas para negócios urgentes, com pedido para responder pelo
primeiro correio. Esses negócios pesados, preocupantes, se jogavam em primeiro
lugar em meu espírito quando havia de responder-lhe, e era só quase pelo fim,
uma vez descarregado do fardo que faziam pesar sobre mim, que eu encontrava
algumas palavras de ternura e um pouco de efusão. Mas essas palavras, se você
as tivesse pesado um pouco, falavam bastante para satisfazer sua afeição. Há
algumas que foram escritas com lágrimas nos olhos; fique tranqüilo, caro filho,
amo-o ternamente. O sério de nossa vida, as dificuldades de nossa situação podem
muitas vezes dar um pouco de austeridade aos meus relacionamentos com você, mas
o coração não perde nada. Quase todas as minhas preocupações aqui, minhas
orações mais costumeiras, minhas providências para fora só foram para você. Há
apenas alguns dias, na hora, talvez, em que você me escrevia as linhas um pouco
exageradamente inquietas de sua carta, confessava ao nosso irmão Paillé, numa
conversa íntima, que, se, apesar das obrigações da vida comum, me restasse
algum sentimento de preferência por um de meus filhos, era para você. Tenho
certeza, caro filho, que você deplora um pouco esta explicação e que a julga
comprida demais, mas, se o tranqüiliza para o presente e para o futuro, não me
arrependerei por tê-la dado.
Mando-lhe as cartas que você me pediu; precisará pô-las em envelope; aquela em
cujo papel se encontra um cachorrinho é para a Sra. de la Bourdonnaie.
Não posso responder a todos os pontos de sua carta hoje, o farei amanhã. Mas,
mais uma vez, caro filho, quando lhe escrevo para meus negócios, não se
surpreenda que eu seja conciso, breve até. Correspondências tão cumpridas são
muitas vezes difíceis, algumas vezes impossíveis para mim; estou longe de ser
forte, você viu em que estado de enfraquecimento estava outrora em São João de
Deus, onde você me visitava tão fielmente. Estou mais fraco ainda hoje, pois
sou mais velho, e meu peito, que então estava intato, é agora um velho
instrumento gasto e sem dúvida irreparável. Mas não quero demorar para
dizer-lhe que você vai contra minha vontade ao velar tão tardiamente como você
fez para me escrever; acredito que Deus não pede isso, ele fará o que não
estiver feito e que ficará fora do limite de nossos meios e de nossas forças.
Reconheço, porém, que, para sua grande loteria com Dona de Vatry, é preciso de
prontidão, um negócio de tanta proporção não se completa sem vários meses e o
inverno avança. Mas, mesmo assim, não abuse de suas forças: Deus fará, repito,
o que não tivermos conseguido fazer. Acho que será sábio ser bem discreto sobre esse negócio, até que seja autorizado e
bem montado; faço-lhe, caro filho, esta recomendação sem ter tempo de
explicar-lhe as razões; isso não o impedirá, tenho certeza, de levá-la em
conta.
O Sr. padre Taillandier me tinha escrito que o Comitê das Obras ia conceder um
auxílio para Nazareth; você não me fala mais disso; diga alguma coisa sobre
isso ao Sr. de Lambel, etc. e dê impulso ao assunto, se for o caso.
Parece-me que o Sr. Decaux, melhor do que ninguém, poderia convidar o Sr.
Baudon a fazer algum donativo para Nazareth; será que o projeto de enterro do
pai dele não lhe forneceu alguma ocasião? Acho que o projeto das conselheiras a
20f é bom,
mas não deixará de exigir muitas providências por causa do número que
precisaria reunir, mas uma vez adquiridas essas adesões, fariam um círculo de
proteção para a obra.
É tanto mais desejável (para a casa de Vaugirard, misturo um pouco demais todos
esses negócios) que o negócio da loteria se decida que é urgente, se ela não
acontecer, promover o sermão. Acho que a Sra. de Gontaut estará bem disposta
para uma coisa ou para outra. Sempre nos apoiou muito até agora; não se deveria
perder, este ano, sua colaboração.
Adeus, caro filho, o resto fica para amanhã, se eu puder. Abraço-o ternamente
em Jesus e Maria.
Seu velho amigo e Pai
Le Prevost
Abrace todos os nossos irmãos, não canse demais meu bom padre Hello.
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