Exortação
a esperar na misericórdia divina. Espírito de abandono.
Vernet, 27
de janeiro de 1856
Caríssimo amigo e filho em N.S.,
Agradeço ao divino Senhor pelos sentimentos que coloca em seu coração, para
consolá-lo no meio de suas provações e sofrimentos; você esperou nele, Ele
continua sendo-lhe fiel e você sente sua doce bondade, que o sustenta e o
encoraja. Aí está o privilégio dos servos de Deus; poderiam, talvez, ter tido
no mundo algumas vantagens temporais ou comodidades maiores, mas teriam
encontrado nele no mesmo grau as consolações espirituais e as graças sem número
pelas quais o Senhor paga seus sacrifícios? Vocês gemerão, disse ele, esse bom
Mestre, e o mundo se regozijará, mas sua tristeza mudar-se-á em
alegria229. Você o experimenta agora, caríssimo filho, e na previsão de
que talvez ele quereria chamá-lo de volta a Si, você não experimenta por isso
nem inquietude, nem tristeza, longe disso, você volve com confiança seus
olhares para Ele, esperando em suas misericórdias, bem mais imensas do que suas
misérias, e na doce proteção de Maria e de José, que não saberiam abandoná-lo.
Permaneça nesses sentimentos, caríssimo filho, são de Deus com certeza, pois a
confiança e o amor são os dons de seu divino Espírito. Console-se também com
este pensamento: todos os seus irmãos elevam constantemente seus corações para
o alto, para implorarem para você a plenitude das graças celestes. Aqui, meu
irmão Paillé e eu unindo-nos aos nossos irmãos de Vaugirard e de Amiens, não
cessamos de rezar por você, pedindo, não que o Senhor o guarde para a nossa
afeição e o deixe colaborar em nossas obras, Ele bem sabe que tal é o desejo
todo natural de nossas almas, mas o que é melhor para você, que sua santíssima
e muito adorável vontade se cumpra.
Sinto algum pesar, caríssimo filho, por não estar perto de você para ajudar
nossos irmãos nos cuidados que têm a consolação de dar-lhe, mas meu coração
está com você e meu bom anjo, espero, lhe levará algo das ternas afeições que
fluem dele incessantemente por você. Encarrego-o, caríssimo amigo, de minhas
mais ardentes bênçãos e de meu abraço paterno. Possa ser para você o anúncio da
cura, se aprouver ao divino Jesus deixá-lo entre nós, e o beijo de paz e de
esperança se Ele quisesse atraí-lo a Si.
Seu todo afeiçoado amigo e Pai
Le Prevost
|