O Sr. Le
Prevost fica triste por não poder ajudar seu jovem irmão. Aviso sobre a obra de
Nazareth. Papel do Sr. Maignen junto aos Confrades. Recomendação de bem ordenar
suas atividades.
Vernet-les-Bains,
5 de fevereiro de 1856
Caríssimo filho e amigo em N.S.,
Aguardava para lhe responder a segunda parte de sua carta (sem data) que você
me anunciava para o dia seguinte; mas, já que ela não chega, vou tratar dos
poucos pontos de que você fala nesta primeira remessa. Tive uma impressão um
pouco penosa; pareceu-me que essa carta levava o sinal da precipitação e o
indício do cansaço que lhe causam as ocupações multiplicadas em demasia, que
você tem a obrigação de enfrentar de uma vez. Gemi diante de Deus por vê-lo
carregado de um fardo tão pesado para seus jovens ombros, e lamentei muito
vivamente não poder ajudá-lo mais eficazmente; mas o Senhor sabe em que
incapacidade estou. Espero que Ele veja também suas necessidades e que Ele não
lhe recusará seu apoio. Quanto a crer que você esteja cessando voluntariamente,
como diz, caro filho, de merecer essa indispensável ajuda, não fazendo bom uso
dos instantes tão curtos da estação de caridade, dissipando sua atenção e suas
forças em conversas vazias, não posso acreditar Seria faltar à sua posição,
comprometer nossas obras e nossa querida Comunidade. Tenho certeza de que a
gravidade desse pensamento o ampara e que o medo sobretudo de servir mal ao
divino Senhor lhe é um contínuo estimulante. Você teria medo também, caríssimo
amigo, de me afligir profundamente demais e de entristecer para mim o
pensamento da volta. Então, não insisto, caro filho, sobre essa parte de sua
carta, seria-me penoso demais pensar que ela contém outra coisa que não seja o
escrúpulo de uma alma dedicada, que sempre teme não fazer o suficiente.
A vista dos aumentos sempre crescendo das despesas de Nazareth me apertou
também um pouco o coração, mas como você, me levantei pela esperança das
bondades do Senhor; Ele aumenta nossos encargos, para que nossa confiança nele
cresça e lhe dê um mérito também mais extenso. Cuidemos somente, caro filho, de
corresponder por todos os nossos esforços aos desígnios do divino Mestre; Ele
fará sua parte, mas com a condição de fazermos a nossa, na fé, na oração, na
cooperação fiel de nossa vigilância e de nossa dedicação.
Parece-me, quanto à comissão de revisão das contas proposta pelo Sr. Leblanc,
que seria preciso tentar impedir uma solução desvantajosa para nós, sem, porém,
quebrar abertamente com o arquiteto. O Sr. Leblanc não poderia ler ao Sr.
Cabaret minha carta e ver o que ele pensa de minha proposta? Ainda que a
rejeitasse, seria sempre uma comunicação e um aviso. Você poderia também pedir,
em meu nome, ao Sr. Lequeux para fazer-lhe todas as recomendações possíveis,
assegurando nosso Confrade de que não somente eu, mas todos os que acompanharam
um pouco de perto o assunto, acharam o Sr. Cabaret muito mole para apoiar
nossos interesses e não bastante cuidadoso para prevenir os aumentos de
despesa. Essas medidas bastariam talvez, sem prejuízo da contra-verificação dos
acertos feitos pelo Sr. Cabaret. Temos que recear também a não-aceitação dos
acertos pelos empreiteiros e processos tão dispendiosos quanto penosos a
seguir. Veja com nosso bom Confrade, o Sr. Leblanc, se é possível tomar esse
meio termo, e aja com ele da melhor forma.
Parece-me, caro filho, que você perdeu de vista o conteúdo de minhas últimas
cartas, pois eu prevenia precisamente a proposta que você me faz, de designar
uma comissão que tratasse de regulamentar tudo o que diz respeito à casa dos
idosos. Ela poderia cuidar também dos interesses da Santa Família e da Caixa
dos aluguéis; já existe para tanto um núcleo formado: os Srs. Guillemin, de
Monchy, Boutron, Leblanc, de Verneuil, Desains, etc. (não sei se, para o que
diz respeito aos idosos, se poderia fazer intervir os Srs. de Lambel, de
Kergorlay, etc., seria a examinar, conforme as circunstâncias o permitissem;
isso parece pouco fácil a ajustar). Acho que você tem que cuidar particular e oficialmente
com o Sr. Hello somente do patronato, do qual você é titular. Quanto
ao resto, é útil que você intervenha, mas, na medida do possível, oficiosamente,
esforçando-se para que nossos Confrades tomem a defesa de suas obras e
cuidem de sustentá-las. Não sei se poderemos mais tarde dar-lhes um irmão
que os ajude, atualmente não é praticável, mas se fosse, esse irmão deveria ser
somente o agente e não o diretor dessas obras. Provisoriamente, o Sr. Boutron
cuida da Caixa dos aluguéis. Já há muito tempo, me contentava em acompanhar do
olhar sua direção; o Sr. Leblanc dirige a Santa Família; que ele tenha a
bondade de falar muitas vezes sobre isso com o Sr. Guillemin. Não poderia
também ele reunir, de vez em quando, os que o ajudam nessa obra para trocar
idéias sobre os meios de sustentá-la e ampliá-la? Quanto aos recursos da Santa
Família, o fundo principal consiste sobretudo nas alocações anuais das quatro Conferências:
Saint Sulpice, les Carmes, Stanislas e Saint Germain des Prés. Elas dão de
costume esse auxílio na época de seu sermão. Nosso querido Confrade, Sr.
Leblanc, poderia acompanhar essas cobranças em tempo útil. Para tudo isso,
lembre, aconselhe suavemente, exorte, mas, na medida do possível, não assuma
mais cargos do que lhe é possível carregar; quanto mais nossos Confrades
tomarem parte nas obras, melhor será; elas são feitas para sua santificação
tanto e mais que para o bem que elas podem produzir além disso.
Parece-me que, se uma Comissão se organizasse bem para a administração e a
conduta da casa dos idosos, os ajudaria a criar recursos e, bem informada da
situação, tomaria sobre si decidir se todos os quartos devem ou não ser cedidos
gratuitamente. Parece-me que, reservando ao menos um andar para as pessoas que
gostariam de hospedar pobres ali às suas custas, não se tiraria da obra nada do
seu caráter caritativo e se aliviaria um pouco o peso das Conferências. Você
abandonou, então, o pensamento de ceder alguns quartos a cada uma das Santas
Famílias da margem esquerda, você não me fala mais nisso?
Os recursos da casa de Nazareth consistiam em algumas subscrições, coletas das
reuniões, coleta em
Nosso Senhora das Vitórias e uma outra coleta anual concedida
regularmente pelo Sr. Pároco de Saint Sulpice. O sermão formal que se deve
fazer na Madalena não permitiria um segundo sermão em Saint Sulpice, mas
não impediria de jeito nenhum uma coleta num domingo um pouco escolhido. A
coleta fazia-se o dia todo, isso dava 500f. O Sr. Boutron, com a irmã Louise e com o
consentimento do Sr. Pároco, achava as encarregadas da coleta que são quase
todas designadas para essas coletas por seu turno. Veja com o Sr. Boutron se
não se pode, como de costume, gozar desse privilégio. O Sr. Pároco, na sua
entrada na paróquia, me havia dado uma palavra formal, seria bem lamentável
perder-lhe o benefício. Dessa forma, se completaria, como fizemos até agora
todos os anos, os 2.000f
que custavam os aluguéis de Nazareth.
Parece-me, portanto, em resumo, que, para fazer andar direitinho as obras que,
independentemente do patronato, são ligadas à casa de Nazareth, seria preciso
que nossos Confrades formassem duas Comissões, uma para a administração e
conduta da casa dos idosos, a outra para a Santa Família com a Caixa, a
Biblioteca, etc. Você e nosso bom padre Hello poderiam, cada um por sua vez,
assistir às reuniões dessas comissões e ajudá-las oficiosa e caridosamente,
tanto quanto pudessem; assim é que as coisas se apresentam a mim.
Não sinto pesar pela extensão destas cartas que, no entanto, me cansam um pouco
às vezes. Mas parece-me, caro filho, que você as lê às pressas e não tira
talvez grande proveito delas, para ajudar a si mesmo. Não estranho, compreendo
como a multiplicidade de suas providências lhe deixa pouco tempo para combinar
seus movimentos. Recomendo-lhe, todavia, fazer tudo o que puder para bem
dirigir e ordenar sua atividade: você a tornará mais eficaz e menos cansativa.
Você não me fala do sermão de Nazareth, isso me inquieta um pouco, o tempo nos
alcança e esse recurso é bem importante para nós. Dona de la Bourdonnaie me
escreveu uma carta bem boa, mas só promete sua esmola pessoal.
Quando a loteria da casa de Vaugirard estiver bem segura, (e o tempo nos
alcança também por ali; 3 meses para uma loteria considerável, são bem
pouco)poder-se-ia fazer passar para Nazareth algumas das encarregadas de coleta
que eram esperadas para os órfãos. A Sra. Restou não conseguiu nada da Sra.
Demadre e de outros lados? Você vai achar, caro filho, que sou bem impaciente;
bem sei, por mim mesmo, que as coisas vão mais rápido pelo pensamento do que
pela ação. Não quero, portanto incitá-lo além de suas forças; resumo somente
com você a multidão de nossas obrigações, para que, juntos, supliquemos bem
ardentemente a Deus e à Santa Virgem para nos assistirem.
Adeus, caríssimo filho, estou ainda bem fraco e bem pouco seguro do futuro;
receio secundá-lo bem menos do que meu coração o quereria quando estiver de
volta; tome, portanto, no coração do divino Senhor muitas potências de zelo, de
firmeza e de santo ardor, a fim de suprir em bom filho a tudo o que seu Pai
velho e débil não puder fazer. Abraço-o bem paternalmente, quer dizer com muita
ternura.
Seu amigo e Pai
Le Prevost
Quando suas cartas contêm mais de duas folhas, coloque dois selos; fui obrigado
a pagar 40 centavos por sua última carta; as franquias insuficientes são
consideradas como nulas.
As subscrições iniciadas na casa do Sr. de Lambel vão bem, mas se esse negócio
não for um pouco alimentado e acompanhado pelo Sr. de Lambel ou algum outro que
tome a coisa a peito, produzirá pouco efeito.
Aproveite todas as ocasiões para dar-me notícias do irmão Vince; não me dão
notícias dele suficientes vezes.
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