Em toda
comunidade, necessidade da regularidade de uma verdadeira vida de família.
Esperanças que o Sr. Le Prevost coloca na casa de Amiens. O Sr. Halluin não se
manifesta. A saúde do Sr. Le Prevost continua fraca. A caridade fraterna deve
reinar entre aqueles que se deram às obras de caridade.
Vernet-les-Bains,
5 de fevereiro de 1856
Caríssimo amigo e filho em N.S.,
É com justa
razão que você me supõe muitas vezes ocupado com nossa querida casa de Amiens;
meus pensamentos e minhas preces se voltam fielmente para ela e nada me escapa
do que pode interessá-la. Tomei, portanto, uma parte bem sincera nas lembranças
que trazia bem naturalmente de volta o aniversário da bênção de sua pequena
capela, e bendisse com você ao divino Senhor que se dignou tomar ali
definitivamente sua morada. Agradeci a Ele também pela bênção tão visível que
deu às suas obras e particularmente à pequena comunidade que, pouco a pouco,
vai se fundando, se constituindo e assentando-se numa vida regular. Essas
primeiras graças serão seguidas por muitas outras, podemos esperar, e nossa
casa de Amiens tornar-se-á o modelo das colônias que nossa querida família
parece chamada a espalhar nas províncias. Não esquecerei, da minha parte, que a
casa de Amiens é o filho primogênito da Casa-Mãe e isso será para mim uma razão
a mais para dedicar-lhe o mais terno e o mais paterno interesse.
Nosso caro
irmão, Sr. Allard, não frustrou nossas esperanças: ei-lo agora totalmente
dos nossos, e o bom Mestre só quis adiar um pouco nossa reunião para
no-la fazer desejar mais vivamente. Assegure-o de novo de que já o considerava
como um de meus filhos e que sua entrada entre nós é um motivo de verdadeira
alegria para mim. Os poucos instantes que passei com ele foram suficientes para
eu penetrar em seu coração e assegurar-me de que Deus havia posto nele a graça
de uma sincera vocação. Tenho a convicção de que é o próprio Senhor que o manda
para nossa pequena família e que ele é chamado a fazer nela muito bem.
Quanto me
alegro, caríssimo amigo, com as garantias que me dá a respeito da regularidade
de seus exercícios, dos cuidados que toma para constituir, no meio de vocês, um
interior e uma vida de família. Repreendiam um pouco a você em Vaugirard por
não sentir bastante a necessidade dessa vida de comunidade e por estar
preocupado demais exclusivamente com as obras. Mas eu era seu defensor,
assegurava que você cedia à necessidade, mas que, no fundo, você entendia como
nós a excelência e os méritos da vida religiosa e que não deixaria de levar,
pouco a pouco, sua casa a isso. Eis que está realizando minhas previsões.
Nossos irmãos de Amiens vão ter, como os de Vaugirard, esses exercícios
piedosos que fazem penetrar mais intimamente nas coisas de Deus e dão às almas
o alimento de que necessitam. Terão também esta intimidade da vida de família,
que é tão doce em religião e que paga os servos de Deus por todos os
sacrifícios que lhe fizeram; é o cêntuplo que o divino Mestre lhes prometeu,
mesmo neste mundo; toda Comunidade bem regular deve assegurá-lo a seus membros,
de outro jeito, a palavra de Jesus Cristo não teria seu cumprimento.
Se nosso
irmão Mainville não lhe é muito útil em Amiens, poderia devolvê-lo a
Vaugirard, onde ele teria mais facilmente emprego. Sua robusta
constituição exige uma grande atividade e uma vida de trabalho: acho que, de
outra forma, ele estaria fora de seu caminho e haveria sofrimento para ele em
todos os aspectos. Deixo-o juiz do que pode ser mais conveniente a esse
respeito.
Nosso irmão
Vince não está melhor, o médico não dá esperança alguma, nada há, então, que se
esperar se não for do lado de Deus. Continuemos a rezar para que esse caro
irmão entre plenamente nos desígnios do Senhor; ele está, até agora,
admiravelmente disposto.
O Sr.
Myionnet me falava em sua última carta do Sr. Halluin e me perguntava se havia
algo a fazer a respeito dele. O Sr. Halluin não me escreveu, não sei como estão
as coisas a seu respeito. Se você achasse que, enquanto se aguarda minha volta,
que acontecerá pelo fim de abril, o Sr. Myionnet devesse ir a Arras com você,
poderia se entender com o Sr. Myionnet; de outra forma, logo após minha
chegada, eu poderia, ao visitá-lo, acompanhá-lo para Arras. Mas até lá, seria
bom, em todo o caso, que o Sr. Halluin nos dê sinal de vida; suas obras, em
Amiens, lhe darão talvez alguma ocasião de lhe escrever.
Voltarei em
melhor estado do que na minha saída, mas, no entanto, não curado plenamente; se
meu peito houver de restabelecer-se completamente, será somente com muita
demora; ele continua fraco, quebrado, doído. Só posso falar com um extremo
cansaço, o médico do balneário duvida que eu tenha bastante força para passar o
próximo inverno em Paris. Iremos vivendo o dia de hoje sem nos preocupar
com o futuro; se tiver vigor suficiente para o verão, andaremos durante essa
estação e, quando voltar o inverno, faremos o que o Senhor nos ordenar.
Adeus,
caríssimo amigo, abrace todos os meus filhos de Amiens por mim; quando você me
escreve, que, cada um por sua vez, um deles me escreva algumas linhas: é
preciso estarmos bem unidos e nos amarmos muito, é a vontade do divino Senhor
que é, Ele mesmo, toda caridade e que, tendo-nos fundado para as obras de
caridade, quer que todos os nossos corações sejam repletos de um imenso e
ardente amor.
Sou, nele e
em
sua Santíssima Mãe, a Santíssima Virgem Maria,
Seu amigo e
Pai
Le Prevost
Apresente
minhas lembranças muito respeitosas aos Srs. padres Mangot e Cacheleux.
Acho que o
Sr. Cacheleux é sempre bondoso por você. Há muito tempo você não me fala dele.
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