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de sua partida para Hyères, nos Alpes Marítimos. Alguns confrades de Prades
vieram visitá-lo. Providências para Nazareth, “que se tornou um pouco a obra
comum”. Ele lhe recomenda o Sr. Maignen, sobrecarregado de trabalho.
Vernet, 25
de fevereiro de 1856
Caríssimo amigo e irmão em N.S.,
Ia escrever-lhe quando me chegou sua cara epístola. Primeiro, porque não tinha
recebido diretamente notícias suas há muito tempo e, em segundo lugar, para
avisá-lo de que, em conseqüência do aviso do médico que me deu aqui seus
cuidados, nós deixamos o Vernet para irmos a Hyères. É amanhã, sem
dúvida, que sairemos. Os meses de março e de abril são aqui muito instáveis,
chuvosos, muitas vezes até nevosos. Acham que mais vale para meu peito ainda
tão frágil evitar as variações freqüentes demais da temperatura; vamos, então,
como as andorinhas, proteger-nos contra o frio e buscar um clima mais suave.
Estou um pouco chateado por tomar cuidados tão ternos de minha pessoa, mas,
quando se está uma vez nas mãos dos médicos, não se é mais muito dono de si.
Aquele que me governa aqui parece encantado por ter quase completamente parado
minha tosse: olha isso como uma cura maravilhosa. Deus sabe, no entanto,
que pobre instrumento ainda é meu peito; o mínimo frio, o menor sopro um pouco
vivo, uma conversa de alguns minutos, são uma causa de sofrimento e de
esgotamento. Fiz, porém, a experiência de minhas forças estes dias a serviço de
nossa querida Sociedade de São Vicente de Paulo. Nossos Confrades de Prades,
informados de que eu estava aqui em tratamento, vieram com seu Presidente me
fazer uma visita fraterna. Acolhi-os da melhor forma possível e dei-lhes alguns
pormenores sobre o estado das obras de Paris, sobre o Conselho Geral,
etc. Mas, no fim do colóquio, não muito demorado, porém, encontrei-me tão
esgotado que nossos Confrades, vendo-me quase sem sopro, tiveram que se
retirar. Essa visita não será, porém, espero, sem algum resultado; decidimos
nossos Confrades a fazer alguns esforços para criar algumas Conferências que
façam irradiar a sua; prometeram sondar o terreno em Vinça, em Ille e em Olette. Meu irmão
Paillé fez expressamente duas viagens para esta última localidade para preparar
os espíritos: o Pároco está muito bem disposto, há bons elementos, mas são
divididos, será a tarefa da caridade uni-los.
Fiquei profundamente tocado ao ficar sabendo das
marcas de interesse que o Conselho Geral, o de Paris e nossas Conferências,
deram à nossa obra de Nazareth. Estou todo feliz pelo fato de a Sociedade
confirmar e aumentar seus direitos sobre essa casa: teria sido em demasia a de
nossa pequena Comunidade, se tivéssemos exclusivamente trabalhado à sua
fundação; mas, na situação atual, ela tornou-se um pouco a obra comum: todo o
mundo lhe trouxe sua pedra e seu concurso de caridade. Assim se realizavam os
grandes empreendimentos nos bons tempos da fé, mas estamos ainda bem pouco fortes
para realizarmos obras ousadas. Não sei se, apesar de minha confiança bastante
robusta, eu teria ousado começar esta com a previsão das proporções que
tomou; mas qualquer que seja, acho-a sinceramente de Deus e abençoada por
Ele, e repito muitas vezes para me firmar a palavra do cântico: In te Domine
speravi, non confundar in aeternum.
Agradeço-lhe muito, caríssimo amigo, os seus testemunhos de boa vontade para a
organização dos serviços caritativos de Nazareth. Escrevi, estes últimos tempos,
ao Sr. Boutron em relação aos aluguéis dos idosos; ele tem, acho eu, o projeto
de reunir uma Comissão composta de um membro de cada uma das 4 Conferências,
para pensar nas medidas que dizem respeito à instalação e a todas as decisões
de ordem e de admissão. Ficar-lhe-ei infinitamente grato por apoiar e dirigir
nossos Confrades em todos esses cuidados, como em todas as medidas que
concernem à obra no seu conjunto; é uma coisa a constituir, é importante que
seja bem colocada e solidamente fundada.
Recomendo-lhe também
sempre meus bons irmãos, que seu coração tão afetuoso já adotou como seus.
Estou particularmente preocupado por nosso caro irmão Maignen, que carreguei
até esmagá-lo e que seu ardor dedicado põe em perigo de esgotar-se. Vele um
pouco sobre ele paternalmente, ajude-o com todos os seus meios e
impeça-o, se puder, de ultrapassar no trabalho a medida de suas forças.
Sinto-me todo consolado por poder tratar com você como em família dessas coisas
tão íntimas para mim, e bendigo ao Senhor que pôs entre nós tais laços de
caridade que meus interesses mais caros são igualmente preciosos para você.
Adeus, caríssimo amigo, seja o intérprete de meu devotamento e de minha
gratidão junto ao Sr. Baudon, ofereça também minhas respeitosas lembranças aos
nossos Confrades do Conselho Geral. Aperte afetuosamente a mão de nosso bom
amigo, Sr. Frion, e encarregue-o de meus sentimentos de respeito para sua
querida família.
Continuo sendo bem cordialmente seu nos Corações sagrados de Jesus e de Maria.
Seu amigo e irmão
Le Prevost
P.S. --- Espero sempre voltar pelo fim de abril, a não ser que a estação esteja
ruim demais em Paris e me obrigue a adiar um pouco minha chegada. Reze um pouco
por mim, que reza fielmente por você.
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