Ao irmão
Vince, que está nas últimas (morrerá em 22 de março), o Sr. Le
Prevost dirige uma de suas mais lindas cartas. Encoraja-o a lembrar-se de que
Deus é um Pai que ama. Aquele que (como o irmão Vince) amou e serviu aqui em
baixo seus irmãos e os pobres, será acolhido no Céu pelo amor de Deus. “Nós que
vivemos no ar da caridade, o amor nos acolherá no último dia”.
Hyères, 5
de março de 1856
Caríssimo amigo e filho em N.S.,
Tinha pressa de chegar à nossa nova destinação, para responder à sua boa
cartinha, que muito nos consolou a meu irmão Paillé e a mim. Se alguma coisa,
com efeito, pode nos fazer encarar com menos pesar o pensamento de que Deus
talvez queira chamá-lo de volta para Si logo e tirá-lo à nossa afeição, é a
confiança de que Ele o fará para assegurar-lhe a felicidade e colocá-lo no Céu,
perto de nosso bem amado irmão Viollat, para que vocês protejam juntos seus
irmãos que ficaram na terra do exílio.
Você me pede, caríssimo filho, para perdoar-lhe
as penas que poderia ter causado à Comunidade e a mim, e as faltas ou falhas
que poderia ter cometido. Se há necessidade de algum perdão, caro amigo, para
algumas fragilidades ou imperfeições da pobre natureza, eu lhe dou, em nome de
todos e de todo o meu coração. Mas devo dizê-lo, caríssimo amigo, não me volta
à memória nada notável e que, alguma vez, me tenha dado algum pesar sério. Só
me lembro neste momento da sua afeição, de seus bons desejos e da sua terna
dedicação aos seus irmãos, às nossas obras e a mim mesmo, por indigno que eu
fosse. É com grande alegria que sinto em mim esta disposição, pois, se
eu, miserável pai, tão incapaz e tão insuficiente, acho em meu coração somente
terna indulgência e amor compassivo para você, o que farão portanto o Pai das
infinitas misericórdias, Maria, a mais perfeita das mães, Jesus, o mais
devotado dos amigos, José, seu protetor sempre fiel! Que confiança devemos
achar nesse pensamento e que doce esperança derrama em nosso coração. Oh, sim!
Esperemos, caríssimo amigo, pois Deus é nosso Pai, um Pai indulgente que acolhe
chorando de alegria o filho pródigo e que nunca afasta um coração que se
oferece com um pouco de abandono e de amor. Parece que nós, que vivemos no ar
da caridade, não temos lugar em nosso coração para o medo; temos procurado o
amor, o amor nos estende os braços e nos receberá no último dia.
Penso com doce alegria, caro filho, que, se você nos deixar, ninguém entre nós
irá mais cedo juntar-se a você do que eu, que vou ficar bem frágil e sujeito a
muitos acidentes. Até lá, aliás, não estaremos muito separados: as ternas
lembranças, a oração, a união constante de nossos corações nos manterão muito próximos
um do outro e nos farão viver ainda juntos. E, no entanto, caro filho, teria
sido tão doce para mim abraçá-lo mais uma vez; se essa consolação me fosse
recusada, se seu Pai São José o chamasse durante o mês que lhe é consagrado,
pense, caríssimo filho, que estou perto de você, que meu coração não o deixa, a
não ser para elevar-se para Deus e invocá-lo por você.
Conjuro-o de haurir nos tesouros de seu divino Coração suas mais ternas, suas
mais amorosas bênçãos e de derramá-las sobre você em plenitude.
Abraço-o ternamente em Jesus e Maria.
Seu amigo e Pai
Le Prevost
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