Depois do
falecimento do irmão Vince, o Sr. Le Prevost julga necessário recolher
informações para uma nota necrológica. Na vida das obras, não “fazer da noite o
dia e reciprocamente”. Esperança de ver realizar-se a união com o Sr. Halluin.
Negócio do padre Choyer d’Angers. Procura de uma vilegiatura próxima de
Vaugirard.
Hyères, 1o
de abril de 1856
Festa de
São José233
Caríssimo amigo e filho em N.S.,
Assino e mando-lhe imediatamente, como você me pede, a peça concernente a nosso
menino Gentil.
Li com um profundo interesse os poucos pormenores sobre o enterro de nosso bem
amado irmão Joseph, penso que tudo está assim segundo a vontade de Deus e,
embora eu sinta pesar por não ter nenhum vestígio sensível de sua
passagem entre nós, resigno-me ao que o Senhor parece ter disposto. Guardemos
ao menos carinhosamente sua lembrança, ele nos deu preciosos exemplos, que sua
recordação permaneça no meio de nós. Não deixe cair a idéia de recolher algumas
informações para uma pequena nota biográfica, faça com que se ocupem disso sem
demora. O turbilhão das ocupações leva tão depressa entre nós os rastos da
véspera, que age-se sabiamente não esperando para o dia seguinte. Agradeço aos
nossos bons irmãos Louis [Boursier], Ernest [Vasseur], Alphonse [Vasseur],
Edouard [Polvêche], Joseph Assier que me escreveram. Vou responder-lhes algumas
linhas o quanto antes, assim como ao nosso bom padre Hello. Faça com que ele
descanse um pouco; ele traz nas suas obras um ardor e um zelo que pedem, de vez
em quando, um pouco de calma. Senão, se desgastará em alguns anos; esforce-se
por conseguir que ele tome um pouco de descanso, o recomendo a você.
Você não me diz quando nossos irmãos desejam instalar-se em Nazareth. Pareceria-me
conveniente que o Sr. Paillé estivesse ali naquele momento para tudo começar
ordenadamente. Examinarei bem atentamente o regulamento, logo que você me tiver
mandado. Acho sempre que 9h30 seria bom para o fechamento da casa à noite; a
coisa é fora de dúvida no que concerne à comunidade; para as obras, você não
poderia submeter a questão aos Srs. Baudon e Decaux, expondo-lhes os motivos
pró e contra? Estou convicto de que nossos irmãos exageram as dificuldades, e
que, uma vez tomado o hábito, nada pareceria mais simples. Não é um abuso fazer
da noite o dia e reciprocamente? Não devemos tender a reformar o que está fora
da ordem em todas as coisas? Consulte, acredite-me, os Srs. Baudon e Decaux; se
a coisa fosse colocada por eles para todas as suas obras, teria bem mais
autoridade e consistência.
Bendigo ao bom São José, sob cujos auspícios chega-me a boa notícia da
autorização de nossa loteria. Que nosso irmão Maignen acompanhe agora vivamente
a execução, pois já é muito tarde; esforcem-se por consultar Dona de Vatry em
tudo e deixar-lhe muita latitude, procurem agir somente sob sua direção, porque
poderemos fazer muito menos do que ela. Não descuidemos, no entanto, dos meios
de que podemos dispor. Acho que é preciso pôr nos bilhetes, não Casa dos Órfãos
de Vaugirard, mas : Loteria em prol da Casa dos
Órfãos (colocada sob o patrocínio de Monsenhor o Arcebispo de Paris), em
Vaugirard, Caminho etc.; de outra forma, poder-se-ia pensar que se trata dos
órfãos da cidade de Vaugirard somente. Que nosso irmão Maignen se entenda, no
tocante a tudo isso, com Dona de Vatry e que se esforce para que os bilhetes
sejam bem dispostos. Acho que Dona de Vatry é ordenada e já tem uma experiência
adquirida dessas operações caritativas.
Recomendo todos os dias, com meu irmão Paillé, o negócio de Arras ao bom São
José e à Santa Família inteira. Ofereça meus sentimentos de respeitos e de
afeição ao Sr. Halluin. Tenho grande esperança de que o Senhor nos unirá a ele;
sua alma me parece ser da têmpera que convém à nossa família, sua obra é pobre
e dependente da Providência como as nossas; estamos no mesmo caminho, penso que
é a caridade do Senhor que nos aproxima uns dos outros.
Não ouvi falar do Sr. Flour. Veja se achar conveniente que o Sr. Dauchez,
ocasionalmente, acorde um pouco suas boas disposições, ou se é preferível
deixá-lo às suas próprias inspirações. Você não me fala mais do jovem
joalheiro. Veremos, para os irmãos Roussel e Carment, como nos organizar. Se
houver urgência, avise-me. Senão, com um pouco de paciência, o bom Mestre
nos dará logo talvez algum meio de sair dos apuros. Não tenho nada a dizer
sobre as novas disposições concernentes a Grenelle. Podem funcionar do jeito
que você indica; é preciso tomar as coisas como apraz à divina Sabedoria
determiná-las por nós.
Não deixe de agradecer
particularmente ao Sr. Pároco de Vaugirard e diga-lhe que suas bondades para
conosco são para mim uma bem doce consolação. Parece-me que, depois de minha
volta, poder-se-ia fazer uma pequena reunião de nossos amigos e benfeitores,
que substituiria a festa da São João.
Agradeça muito também essas damas des Oiseaux, elas são bem bondosas para
conosco. Oremos sobretudo muito por nossos benfeitores, a caridade na qual
vivemos deve inspirá-lo aos nossos corações. Você não me disse nada das
Damas do Templo. Não esquecerei diante de Deus do negócio da Sra. de
Montmorency. Lamento que você não tenha encontrado o Sr. Houdard: esse negócio
exigia ser tratado de viva voz; você não poderia pedir um apontamento para
comunicar-lhe o plano? Você suporia que ele o esteja evitando por querer?
Monsenhor d’Angers acaba de me mandar suas cartas pastorais, com uma carta toda
cheia de bondade, mas mais do que nunca insistente para o assunto do Sr.
Choyer; ele diz, esse bom bispo, que quer concluir essa obra e assentá-la bem
antes de morrer. Vou responder-lhe da melhor forma possível234.
Não faço questão de Cachan235, via nisso a vantagem da economia e
também a da grande proximidade; teria sido possível assim para mim ir
diariamente a Vaugirard como passeio que me é recomendado, e você mesmo bem facilmente
me teria tido ao alcance da mão. Se você achar que vale mais fazer de outro
jeito, procure nos arredores de Clamart e de Issy, não muito longe; quando
tiver achado, veremos que decisão devemos tomar.
Adeus, caríssimo amigo, abraço ternamente todos os meus filhos, grandes e
pequenos, e você que é o maior de todos. Se meu filho Maignen não tem tempo
para me escrever, que peça ao nosso bom padre Hello para me dizer o que acharia
útil me escrever.
Seu amigo e Pai em J.M.J.
Le Prevost
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